Máfia de Leste assaltou 239 casas em Portugal
Organização criminosa causou prejuízo de 6,4 milhões,de Norte a Sul. Usaram crianças e identidades falsas
00h30m
NUNO MIGUEL MAIA E NUNO SILVA
A passagem por Portugal de uma organização internacional de assaltantes de casas provocou um "rombo" de 6,4 milhões de euros em bens furtados. Foram acusados 21 elementos, provenientes de países da antiga Jugoslávia, que terão efectuado 239 investidas.
Os oito homens e 13 mulheres terão integrado uma rede que protagonizou, entre Outubro de 2008 e Março de 2009, uma das maiores vagas de assaltos a casas de que há memória em Portugal. Com ramificações a Espanha, Itália e França, onde foram cometidos crimes semelhantes, chegava a utilizar crianças como operacionais, incumbindo-lhes a tarefa de se introduzirem nas residências e de procurarem todo o ouro, jóias e dinheiro.
A acusação, deduzida pelo Ministério Público (MP) do Porto, no âmbito de um megaprocesso liderado pela Divisão de Investigação Criminal da PSP do Porto, sublinha a organização do grupo. Os seus membros tinham funções bem definidas, numa "estrutura em pirâmide", ao nível de escolha dos locais a assaltar, selecção e troca dos executantes dos crimes, apoio logístico, fornecimento de identificações falsas, concretização dos assaltos e escoamento, para o estrangeiro, do material obtido.
Os assaltantes - por norma as mulheres e os menores - actuavam durante o período diurno, aproveitando a ausência dos moradores. Na maior parte dos casos, tocavam às campainhas das residências (apartamentos ou moradias) e, na falta de resposta, recorriam a cartões ou outras estruturas em plástico para franquearem as portas. Este método era a imagem de marca, mas também houve situações em que os intrusos utilizaram ferramentas, como chaves de fendas ou chave-inglesa nos arrombamentos.
Durante a estadia no nosso país, os suspeitos foram montando vários "quartéis-generais" (na Póvoa de Varzim, Costa da Caparica, Espinho e Algarve, entre outras zonas) de onde se movimentavam, depois, para os diversos pontos do território, em auto-caravanas e viaturas de gama alta, que pagavam em dinheiro vivo.
MP pede mais preventivas
A identificação dos arguidos, que ou não tinham documentos ou apresentavam-nos falsos, revelou-se uma das tarefas mais complexas. Mesmo o apuramento através das impressões digitais levou a casos de indivíduos com registos de pelo menos 20 nomes diferentes, em vários países europeus.
Houve também situações de suspeitos que alegaram ser menores de idade, para escapar às detenções, obrigando à realização de exames periciais. Tudo aponta para que sejam todos naturais de países da antiga Jugoslávia, sobretudo Croácia, Sérvia ou Macedónica.
Seis dos acusados estão em prisão preventiva. No despacho da acusação, o MP pede a mesma medida de coacção para os restantes arguidos, que após interrogatório judicial, foram colocados em liberdade. A procuradora alerta para o perigo de continuação da actividade criminosa e para o facto de tratar-se de pessoas sem paradeiro fixo, deambulando pela Europa.
O MP ressalva que a acusação, com quase mil páginas, se reporta a uma "ínfima parte" dos crimes que terão sido praticados pela organização. Ficaram de fora, por exemplo, os casos registados na área da GNR, devido à "(ainda) inexistente articulação dos sistemas de informação e registo", conforme refere o documento.
Associação criminosa; furto qualificado nas formas consumada (218 crimes) e tentada (17); furto simples (quatro); falsificação de documentos (43) e falsas declarações (15) são os principais crimes imputados.
O SOS É UMA ORGANIZAÇÃO EM CRESCIMENTO ALIMENTADA PELOS NOSSOS IMPOSTOS.É PARA GARANTIR QUE O SAQUE CONTINUE EM BOA ORDEM, ISTO É SEM OPOSIÇÃO...
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