Wednesday, June 27, 2007

OS PRETOS DO NORTE

Norte perde 20 mil empregos em 6 meses
fernando oliveira

Região Norte foi a única do país a perder empregos nos três primeiros meses do ano


Alexandra Figueira

Não é só o desemprego que continua acima do resto de Portugal, tendo já atingido uma taxa de 9,5%. Na região Norte, também o número de postos de trabalho tem diminuído, ao longo dos últimos meses. Desde Outubro de 2006 até Março deste ano (últimos dados conhecidos), tinham já desaparecido 20 600 postos de trabalho. E a tendência é para piorar o Norte foi a única região do país a perder empregos, nos primeiros três meses deste ano, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

A rapidez com que a economia estava a criar empregos tem abrandado em todo o país, mas continua positiva. Já no Norte, não só se registou esse abrandamento como se começou a perder postos de trabalho, a partir de Outubro.

A construção civil e a forte crise que continua a atravessar é a maior responsável por este desaparecimento de empregos. A própria Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Regional Norte (CCDRN), no seu relatório de conjuntura, adianta que, no primeiro trimestre do ano, o licenciamento de obras no Norte "evidencia uma tendência negativa das intenções de investimento", sentida com "particular intensidade no segmento da habitação", onde trabalha a maior parte das micro e pequenas empresas do sector, as mais atingidas pela crise.

A educação, contudo, surge logo em segundo lugar. A reforma nos concursos de colocação de professores feita pelo Ministério da Educação, este ano, é uma das justificações para esta evolução, adiantou ao JN a directora-regional da Educação do Norte (DREN), Margarida Moreira. Logo à partida porque o ministério começou a "rentabilizar os horários lectivos existentes". Quando antes se contratavam novas pessoas para completar horários, em vez de os entregar a professores dos quadros da Função Pública, agora os serviços procuram preencher ao máximo todo o tempo lectivo dos professores efectivos, sustentou.

Uma segunda explicação, adiantou a directora-geral, é o facto de os novos concursos implicarem colocações por três anos, o que aumenta a estabilidade do corpo docente.

Turismo de vento em popa

É uma área de actividade em forte expansão, no Norte, e os resultados estão à vista. A cada trimestre, as empresas têm aumentado os proveitos oriundos do turismo e a um ritmo cada vez maior, atingindo os 13% no primeiro trimestre do ano, apesar de o número de hóspedes recebidos e de dormidas se ter mantido praticamente inalterado na média dos três meses.

Em Março, contudo, a evolução foi bastante diferente tanto as dormidas quanto os hóspedes dispararam mais de 20%, quando comparado com o mesmo mês do ano passado (ou seja, eliminando das contas efeitos sazonais). Indica a CCDRN que, no Norte, a "taxa de ocupação-cama mantém-se em níveis historicamente elevados".


Têxtil e calçado recuperam

As vendas das empresas dos sectores mais tradicionais do Norte - têxtil, vestuário e calçado - estão a recuperar e a evolução recente dos números deixa o presidente da associação, Paulo Nunes de Almeida, optimista. "Já nos fizeram o velório muitas vezes", disse ao JN, mas, "apesar de estarmos conscientes da concorrência feroz, estamos vivos". Dizem os dados do INE compilados pela CCDRN que, no primeiro trimestre do ano, comparado com o último de 2006, o volume de negócios do têxtil subiu 2,3% (puxado pelas exportações), do vestuário aumentou 5,8% (com o mercado interno a procurar cada vez mais roupa portuguesa) e do calçado disparou 6% (graças quer ao mercado interno quer ao externo). Nunes de Almeida recorda que estão a regressar a Portugal marcas que tinham ido procurar fabrico mais barato, na China, a partir da liberalização em 2005. O aumento das vendas ainda não teve, contudo, reflexo no emprego do sector, que continua a perder postos de trabalho. "E ainda deve perder mais", afiançou Nunes de Almeida. "Os países do Leste europeu e do Norte de África continuam a despertar o interesse de empresas de capital estrangeiro" e as portuguesas "procuram aumentar a produtividade, reduzindo o número de postos de trabalho".

ACHO BEM QUE EMIGREM E "REMETAM" PORQUE EXISTEM CADA VEZ MAIS "PORTUGUESES RECENTES" A PRECISAR DE CASA SOCIAL E RENDIMENTO MÍNIMO...

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