Europa e Islão
"Conquistar a Europa é uma ideia banalizada no mundo islâmico"
por Gonçalo Venâncio, Publicado em 11 de Março de 2010 | Actualizado há 13 horas
.Alexandre del Valle em entrevista ao i no dia em que apresentou o seu novo livro: "A Islamização da Europa"
"A Europa tem medo e decide unilateralmente que não quer inimigos", diz Alexandre del Valle Toby Melville/reuters 1/1 + fotogalería .É aprendiz de artes marciais e tem sempre em mente o lema do seu mestre: "Se queres atacar, prepara-te para ser atacado." Filho de pai siciliano, que viveu na Tunísia, e de mãe espanhola, que viveu na Argélia, viu a família ser expulsa do Magrebe na década de 60 do século passado. Alexandre del Valle não guarda ressentimentos nem ódios, mas o episódio levou-o a aprofundar os estudos sobre o mundo muçulmano e o islão. Fundador da Direita Livre - corrente política no partido UMP muito influente junto do presidente francês Nicolas Sarkozy -, é jornalista e um dos mais reputados académicos italo-franceses. Polémico e controverso, Alexandre del Valle fala em discurso directo sobre os principais temas do seu novo livro "A Islamização da Europa".
O Islão revanchista "Ainda jovem, vivi toda a revolução do Magrebe. Intrigava--me que tivessem sido expulsos não apenas os antigos colonizadores mas todos os não muçulmanos, dos ciganos aos judeus. Esta revolução identitária esteve na origem do nascimento do islamismo radical. Mais tarde, numa viagem pela Sicília e pelo Sul de Espanha, entrevistei árabes que me diziam: "Temos de conquistar o Sul da Europa porque faz parte do mundo muçulmano." E era gente simpática, moderada, não eram terroristas. Isto mostrou-me uma coisa que viria a confirmar nas minhas viagens pelo mundo árabe e muçulmano: a conquista da Europa é uma ideia totalmente banalizada. Há uma ideologia de conquista, de neo-imperialismo legitimado pelo pós-colonialismo. Nas entrevistas que fiz com muçulmanos, dizem abertamente que Deus lhes deu a oportunidade de civilizar a Europa. E, por uma conjugação de factores, este é o momento para a ofensiva."
A decadência europeia "A civilização europeia, à semelhança da Igreja Católica, está a morrer porque sofre do vírus da culpabilização, esse vírus potente de que Sun Tzu (estratego militar chinês) já falava. A Europa sente ódio por si mesma. A Europa tem medo, está velha e decide unilateralmente que não quer ter inimigos. É um continente hedonista e relativista. Em sentido contrário, o islão é vigoroso e não oferece dúvidas - o segredo do crescimento de uma religião é mesmo esse: oferecer certezas e não dúvidas. Esta fragilidade psicológica europeia, aliada à dependência económica e energética de antigos países colonizados, ajudam à formulação da Eurábia. A Eurábia é esse futuro que resulta do convite constante à islamização. Que ninguém tenha dúvidas: não há nada que tente mais a agressividade islâmica que a nossa debilidade."
A eurábia e os seus aliados "Mais que a culpabilização, há outros elemento que facilitam a penetração do islão. É uma aliança improvável - porque um muçulmano odeia um ateu e um marxista abomina um islamita -, mas a esquerda e o islão têm o mesmo objectivo: destruir as sociedades judaico- -cristãs. Quando todos os partidos de esquerda catalogam outras lideranças políticas como fascistas ou nazis sempre que se fala de imigração, estão a dar uma ajuda incalculável à penetração do islão na Europa. A imigração não controlada e a lei do reagrupamento familiar - que permite uma colonização das sociedades livres, como a Holanda ou a Bélgica - actuam no mesmo sentido."
Suíça: Relógios, chocolate e confronto "Ao proibir a construção de minaretes na constituição, a Suíça foi um agente de aceleração histórica. A Suíça é a prova de que a Europa tem de enfrentar organizações islâmicas muito bem preparadas do ponto de vista psicológico. Estas usam a estratégia da escalada: radicalizam uma reivindicação para forçar a sociedade a aceitar uma outra reivindicação anterior."
Holanda entre dois males A comunidade islâmica na Holanda tem estado debaixo de fogo desde o assassinato de Pim Fortuyn - líder populista de direita - e do realizador Theo van Gogh. A direita anti-imigração de Geert Wilders (que compara o Alcorão com o Mein Kampf) cavalga a onda e o partido pode ser uma das três forças mais votadas nas legislativas antecipadas. A esquerda holandesa apressa-se a denunciar a direita "fascista". "Há aqui uma confusão semântica grave: uma coisa são os movimentos populistas anti-imigração e outra os partidos fascistas. A extrema-direita não é uma ameaça por agora, mas é obvio que ela vive do medo e do descontentamento que muita imigração tem gerado. Mas se continuamos a chamar fascista a uma ideia democrática de controlo pela imigração, um dia é bem possível que uma ideia verdadeiramente fascista surja com a cobertura democrática."
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