Sunday, September 2, 2007

COMUNISTAS E FARC

Yo nací para morir; ¡no me importa que me maten por decir la verdad!", añade. "Estoy harto de que me humillen, de que me digan a qué hora puedo andar o no andar por mis caminos".

Y cuenta historias de cómo las FARC -la guerrilla más antigua del país- les amenazan. Son denuncias que se repiten: reclutan a los jóvenes, los obligan a disparar contra su propia familia, los utilizan como escudo en los combates, amenazan con descargar sobre ellos "las balas que queden tras acabar con el ejército".

Los civiles deben ser mudos, ciegos y sordos. En Llorente, por ejemplo, el mayor centro de cultivo, acopio y procesamiento de coca de Nariño, arriba -selva adentro- mandan las FARC; en el pueblo, los duros, como llaman a los narcotraficantes. Muchos han llegado a la conclusión de que cultivar la coca "es trabajar como mulas de carga para los armados".




A HISTÓRIA BREVE DE UMA INFÂMIA



Ferreira Fernandes
jornalista
ferreira.fernandes@dn.pt

Em 1989, estive na Colômbia. Em Agosto, o candidato presidencial liberal Luís Carlos Galán fora assassinado. Eleitoralmente, a Colômbia é bicéfala: Partido Liberal e Partido Conservador, este mais à direita que aquele, mas navegando em águas que se confundem. Foi assim desde sempre e com a violência que podemos ler em Cem Anos de Solidão. Entre as décadas de 1940-50, a violência foi tanta que esse período na História da Colômbia se chama assim: La Violencia.

A seguir, voltou a alternância liberal-conservadora. Mas tinha acontecido uma revolução. Nos anos 60, os agricultores do rio Madgalena enriqueceram com a marijuana, que exportavam para os ianques. As avionetas governamentais, com desfoliantes, acabaram-lhes com a mama. Mas já lhes tinha acontecido o que Marx definiu como acumulação primitiva de capital. Os campesinos mais espertos não voltaram às bananas. Tornaram-se químicos. Em laboratórios da floresta, com as folhas de coca, vindas do Peru, faziam uma pasta ainda mais estimada pelos mesmos clientes. Os liberais e os conservadores disputavam o palácio presidencial, mas os senhores mais poderosos da Colômbia eram os dos cartéis de Medellín e de Cali.

Galán tinha sido abatido por ter dito que extraditaria os narcotraficantes para as prisões americanas, como pedia Washington. Quando cheguei ao Hotel Tenquendama, em Bogotá, além das boas-vindas, deram-me fita-cola para pôr nos vidros, por causa das explosões. As pessoas que eu entrevistava tinham o cuidado em não ficar de costas viradas para a porta. Eu era revistado para falar com uma actriz (que tinha dois guarda-costas).

O candidato comunista, Bernardo Jaramillo, surpreendeu-me: foi o único dos meus entrevistados a abrir, ele próprio, a porta de casa. Ele, como Galán, queria romper com o novo ciclo de violência. O seu slogan era "venga esa mano país", era a mão estendida. Os paramilitares, da extrema-direita, não gostavam dele. E os conservadores do seu partido, ligados à guerrilha das FARC, e que se reciclavam na coca, também não gostavam dele, chamavam-lhe "perestroiko". Dois meses depois do nosso encontro, um garoto de 12 anos, que não fora revistado no aeroporto de Bogotá, abateu-o.

Ingrid Betancourt vivia por essa altura em Paris. A morte de Galán fê-la regressar. Fez um partido a que chamou Oxigénio - pertencia à família política de Galán e de Jaramillo, dos que insistiam na sobrevivência da Colômbia. Dialogar em vez de matar. Em 2002, ela foi a uma aldeia ocupada pelas FARC. Foi sequestrada por estas. Continua sequestrada, cinco anos depois. Na semana passada, um chefe das FARC chamou-lhe "prisioneira política". Na próxima semana, representantes das FARC vão estar na Festa do Avante!. Quem for à Festa do Avante! sem a foto de Ingrid Betancourt ao peito entra sem mão estendida, mas com dedo no gatilho.


É BOM QUE OS JORNALISTAS ESCREVAM COM LIBERDADE, SEM A CENSURA DOS SEUS CONTROLEIROS.É TEMPO DE VEREM A QUE CONDUZIU O MISERÁVEL SEGUIDISMO DOS TAIS "INTÉRPRETES" DO QUE É BOM PARA O POVO PORTUGUÊS...

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