tomates
3 Outubro, 2010 – 20:30
O Estado Social está, por todo o lado, a desfazer-se. O que se passa agora em Portugal não é muito distinto do que ocorre em Espanha, na Grécia, em França, ou na Itália. Com a diferença de que nalguns destes países a força das suas economias e uma certa contenção no disparate lhes permite aguentar um pouco melhor o impacto da modificação dos paradigmas políticos dos últimos anos. Portugal, pobre pela natureza e fraco pela História, já não tem economia, mas apenas finanças públicas. A história política das últimas décadas reduz-se a quanto o estado tem que vir buscar à vida privada para aguentar as sucessivas asneiras dos seus governos e governantes: as nacionalizações, as empresas públicas, os rendimentos mínimos, o crescimento absurdo do funcionalismo público, as limitações paranóicas à iniciativa privada e uma integração comunitária feita de qualquer modo apenas para sacar alguma massa dos fundos comunitários para disfarçar o estado do país e as estatísticas.
Alguns brincalhões atiram com a responsabilidade do que nos está a acontecer para as costas, sempre largas, do «mercado sem regras» e da crise internacional. Como se esta última fosse responsável pelas asneiras dos nossos governos e pela delapidação da riqueza nacional, e como se fosse admissível a ideia de que existe mercado a sério num país que rouba e delapida mais de metade do rendimento nacional em impostos de destino mais do que discutível.
O problema reside, como é mais do que óbvio, no modelo político e social que escolhemos na Constituição de 76 e em que nenhum governo português, de então para cá, decidiu tocar. Um estado que supostamente oferecia tudo a todos – educação, emprego, saúde, subsídios a eito, segurança social – gerou uma sociedade passiva e improdutiva, e, no desespero da sua própria incapacidade, destruiu a economia e as empresas para tentar assegurar uma ficção: a de que as pessoas não têm que ser responsáveis pelas suas próprias vidas.
Hoje, para inverter caminho, mudar o paradigma e terminar com a loucura das últimas décadas não bastam discursos floridos dos políticos e intenções reformistas brandas. Perante o que nos está a suceder – a implosão do modelo social da III República e o desnorteio total dos governantes – é necessário mais alguma coisa que está a faltar quer no governo quer nas oposições.
Por rui a. | Na categoria Geral | Comentários (1)
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