Especialistas apresentaram ontem dados de 2012 e avisam que população mais velha
pode não estar muito sensibilizada e é preciso reforçar o diagnóstico precoce
A mediana de idade das pessoas diagnosticadas com VIH/sida está a aumentar, um
indicador sobre a epidemia no país que os investigadores admitem ter causado surpresa
nos dados de 2012. A maior incidência de diagnósticos parece estar a avançar da população
jovem para a meia-idade, tendo-se situado no ano passado nos 41 anos quando se tem
em conta apenas os casos associados a relações heterossexuais, que perfazem a maioria.
Para Helena Cortes Martins, a responsável pelo núcleo de vigilância do VIH no Instituto
Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, isto deve ser um motivo de alerta, pois poderá
indicar uma transmissão de infecção mais tardia e que as camadas mais velhas "não estão
cientes da importância de serem testadas para o VIH", disse, citada pela agência Lusa.
Em 2012 foram recebidas notificações correspondentes a um total de 1551 novos casos
de infeção VIH, dos quais 776 referiam diagnóstico nesse ano e outros vêm reforçar os
registos dos anos anteriores. Este número reflecte uma quebra face a 2011, que só se
consegue perceber melhor à medida que os dados vão sendo reforçados nos anos
seguintes - continua a existir um desfasamento temporal entre o ano de diagnóstico e o
registo dos casos. Ainda assim, em 2011 tinham sido sinalizados 1962 casos de infecção,
dos quais 986 referentes a casos detectados nesse ano.
Além desta análise relativa à idade, o relatório anual do INSA sobre esta matéria,
apresentado ontem, destaca este ano a proveniência dos casos. Dos 776 novos casos,
41,1% dizem respeito a pessoas que residem no distrito de Lisboa e quase três em cada
dez a pessoas que nasceram fora do país, segundo o INSA um grupo no qual têm vindo a
aumentar as notificações. Naturais de países da África subsariana e da América Latina são
as nacionalidades mais frequentes.
A análise dos casos mais recentes permite perceber como se tem vindo a alterar a circulação
do vírus no país. A via sexual é o modo de infecção dominante, sendo que os casos
heterossexuais são cada vez mais expressivos à medida que reduz o peso dos casos
relacionados com consumo de drogas.
Mais de seis em cada dez novas infecções foram contraídas em relações heterossexuais
(63,1%), cerca de duas em cada dez em relações sexuais entre homens (24,1%) e só um
caso em dez está relacionado com o uso de drogas injectáveis. Em termos históricos, mais
de um terço das 42 mil infecções registadas no país estão ligadas ao uso de drogas,
enquanto a transmissão heterossexual pesa 40% no total dos casos acumulados. O INSA
destaca que tem havido um decréscimo lento no número de casos, uma vez que a
elevada redução dos casos associados ao consmo de drogas é contrariada pelo aumento
dos casos de infecção heterossexual mas também entre homens que têm sexo com homens.
DIAGNÓSTICO PRECOCE Outro apelo, face à dinâmica de infecção com VIH/sida, é para
um diagnóstico mais precoce. Dos 776 casos de VIH diagnosticados em 2012, 33,8% eram
casos de sida, portanto, em que a infecção não tinha sido detectada na fase assintomática.
No ano passado, a percentagem era inferior, rondando os 30%. A DGS prometeu para
o segundo semestre deste ano testes rápidos ao VIH em todos os centros de saúde,
tendo orçamento para 40 mil testes.
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