Africa.cont ainda não saiu do papel e já custou 570 mil euros
07.01.2011 - 16:36 Por José António Cerejo
Concebido por Fernandes Dias, em Novembro de 2007, na sequência de um convite de António Costa, como "um centro multidisciplinar e interdisciplinar para o conhecimento de África e das suas diásporas nos seus desenvolvimentos contemporâneos", o projecto foi inicialmente proposto para o Pavilhão de Portugal. Esta localização acabou por ser preterida, ficando apenas para o Pavilhão de Portugal o papel de acolher o jantar em que o Governo, representado por José Sócrates e três ministros, e a Câmara de Lisboa apresentaram o Africa.cont, em Dezembro de 2008.
O evento - que custou 17 mil euros ao gabinete do primeiro-ministro - foi marcado pela definição do Africa.cont como uma "prioridade nacional", palavras de Sócrates, e pelo anúncio oficial de que a sua sede seria instalada no Palácio Pombal (onde funciona o Instituto de Conservação e Restauro José de Figueiredo) e num conjunto de edifícios a erguer ou recuperar nos terrenos municipais contíguos, entre a Rua das Janelas Verdes e a Av. 24 de Julho. O complexo seria projectado pelo arquitecto anglo-tanzaniano David Adjaye e incluiria o aproveitamento dos edifícios degradados das Tercenas do Marquês, que serviam de armazéns ao Palácio Pombal.
Apesar de o projecto estar parado e terem sido feitos numerosos cortes na programação anual proposta por Fernandes Dias, a câmara já gastou com ele, desde o fim de 2008, mais de 570 mil euros. Deste valor, que poderá ser superior e que o PÚBLICO apurou pelo cruzamento de documentos de despesa facultados pelo município com os dados constantes da base de dados dos ajustes directos (www.base.gov.pt), a maior parte foi gasta com espectáculos e exposições. E cerca de 70 mil euros foram despendidos em viagens de convidados do projecto e do seu coordenador.Promover o que não existe
Segundo a documentação disponibilizada, Fernandes Dias fez oito viagens ao estrangeiro (quatro a Espanha, duas a Inglaterra, uma ao Brasil e outra à Costa do Marfim) em serviço do projecto, pagas pela câmara, além de duas em que foi convidado de outras entidades (Itália e Argélia). Em algumas destas viagens, justificadas com as necessidades de divulgação internacional do Africa.cont e com os preparativos da programação anual, foi abonado com despesas de representação, tal como previsto na lei.
"Muitas vezes sinto o desconforto de andar a promover uma coisa que não existe e que não sei se alguma vez existirá", confessou Fernandes Dias ao PÚBLICO, garantindo que não tem nenhum prazer em viajar e que para ele "férias é ficar em casa". O que vale, frisou, é que o presidente da câmara lhe diz sempre para continuar, "porque o projecto é para avançar". "Se não fosse isso eu pensava duas vezes."
O SOBADO DE LISBOA PERDEU FORÇA POR CAUSA DA "DÍVIDA" OU POR NÃO "EMPRESTAREM MAIS"?
VEJAM LÁ SE ARRANJAM UNS TROCOS PARA FAZER UMA ESTÁTUA AO MALANGATANA...
UM POVO QUE SE DEIXOU COLONIZAR...
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