África do Sul
Líder juvenil com potencial para incendiar de vez a nação arco-íris
por PATRÍCIA VIEGASOntem
Jacob Zuma diz que ele será o futuro líder do país e os seus detractores descrevem-no como demagogo. Julius Malema, líder da juventude do ANC, de 29 anos, é um dos políticos sul-africanos mais controversos e influentes
Julius Malema é um nome a fixar por quem quiser perceber o que vai acontecer nos próximos anos na África do Sul. O dirigente da liga da juventude do Congresso Nacional Africano só tem 29 anos mas é já uma das figuras mais influentes e controversas na vida política do país. O actual Chefe do Estado sul-africano chegou a apresentá-lo como o futuro líder da Nação Arco-Íris, mas os seus detractores acusam-no de não passar de um demagogo, que gosta de fomentar as tensões raciais entre brancos e negros, que parece um menino birrento mimado por Jacob Zuma. E a verdade é que ele muito tem feito para alimentar esta imagem de dirigente incendiário, principalmente junto dos mais jovens. A sua última proeza aconteceu na quinta-feira, em Joanesburgo, quando expulsou de uma conferência de imprensa na sede do ANC o correspondente da BBC.
Jonah Fisher perguntou-lhe sobre a luxuosa mansão em que ele vive em Sandton,quando o jovem líder começou a criticar a oposição zimbabweana, num balanço da sua visita ao país vizinho no passado fim-de-semana. Malema não gostou da interpelação e insultou o jornalista chamando-lhe canalha e espião infiltrado. "Vou mandar a segurança expulsá-lo porque você não sabe comportar-se. Isto não é uma redacção, é uma casa revolucionária e, por isso, não venha para aqui com tendências brancas", declarou, enquanto o jornalista respondia que isso era "lixo". Ele não se ficou e ripostou: "Lixo é o que está debaixo dessas calças."
Este não é o primeiro incidente entre a imprensa e Malema, que já foi alvo de queixas por parte dos jornalistas de política sul-africanos por andar a dizer que eles recebiam subornos e dormiam com políticos para ter notícias.
É assim, no meio de polémica, que tem feito caminho na política, desde que há dois anos foi eleito líder da liga da juventude do ANC. Não sem antes ser alvo de acusações de fraude durante as eleições. Nascido em Seshego, no Limpopo, Malema, de cultura Pedi, foi criado por uma mãe solteira. Ainda criança, dedicava-se a arrancar cartazes do Partido Nacional que tinham sido colados à porta das esquadras de polícia. Aos 14 anos, começou a receber treino militar, para combater o regime racista que vigorava na altura e que ficou conhecido por apartheid. Nunca foi grande aluno e terá levado muito tempo a acabar o secundário.
O nível de enriquecimento que tem vindo a ostentar nos últimos anos levanta muitas suspeitas, havendo mesmo quem o acuse de fugir aos impostos e de não declarar para quantas empresas é que trabalha actualmente. Além da mansão milionária em Sandton, é criticado pelos carros de luxo, como o Mercedes Benz C63 AMG que tem sido visto a conduzir. Ele defende-se culpando o racismo branco que há no país: "Isto não é nada comparado com o que os miúdos brancos costumam conduzir aos domingos."
O líder juvenil que disse estar pronto a dar a vida e a pegar em armas para que Jacob Zuma fosse eleito como líder do ANC, porque só ele poderia pôr pão na mesa dos pobres, tornou-se subitamente um defensor da nacionalização das minas na África do Sul. Muito recentemente o Sunday Times descodificou a posição: Malema integrava um consórcio de exploração de ferrocromo, ASA Metals, na província natal do Limpopo. E depois de ser removido do mesmo começou a defender a nacionalização das minas e a atacar figuras como o presidente da De Beers, Nick Oppenheimer.
O potencial incendiário do líder da liga da juventude do ANC tem--se feito notar mais ultimamente por causa da promoção que tem feito da canção Ayesaba Amagwala (Os cobardes têm medo), mesmo contra o veredicto do Supremo Tribunal de Joanesburgo. Este proíbe uma parte da canção que diz "morte ao bóer", ou seja, morte ao fazendeiro branco. Ontem, na conferência de imprensa, Malema disse que iria passar a cantar a música sem aquela parte, mas que fora da África do Sul cantaria o tema na íntegra. Foi o que fez, aliás, durante a sua estada no Zimbabwe.
Esta música, do tempo do apartheid, foi associada por extremistas brancos à morte do líder do partido Movimento de Resistência Africânder, Eugene Terre'Blanche, às mãos de dois fazendeiros negros. Isto apesar de a versão oficial dizer que se tratou de uma vingança pelo facto de o fazendeiro se recusar a pagar salários. As ameaças de vingança feitas pelos seus (poucos) seguidores, a dois meses do Mundial de Futebol, fizeram temer o pior: um novo conflito racial na Nação Arco-Íris.
Este foi o nome dado ao país por Nelson Mandela, histórico líder do ANC e da luta contra o apartheid, quando saiu da prisão depois de lá passar 27 anos. A ideia visava um Estado sul-africano em que brancos e negros vivessem em paz e em igualdade. Sem lugar para vinganças, por tudo o que foi feito no tempo do regime segregacionista. Mas Malema, a manter este tipo de comportamento, tem potencial para fazer explodir o barril de pólvora que o legado de Mandela conseguiu, até agora, manter selado.
OS CANALHAS DAS DUPLAS INTERPRETAÇÕES OU SEJA INDIGENAÇÃO BOA FORA E MISTURA ÓPTIMA CÁ DENTRO AINDA QUE SEJA POR CONTA DO CONTRIBUINTE E SEM LIMITES, POR DESNECESSÁRIA,DESTRUIRAM NUMA DÚZIA DE ANOS UM PAÍS COESO SOCIAL E CULTURALEMNTE.QUE ERA A NOSSA ÚNICA RIQUEZA...
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