Margem Sul: Unidade de Elite da PJ evita homicídio e caça os seis raptores
‘Mula’ torturada por vir do Brasil sem droga
Convidado a ir buscar cocaína ao Brasil, João (nome fictício) aceitou. Já de volta à Baixa da Banheira, na Moita, fingiu aos traficantes que precisava apenas de tempo, tomando um laxante, para expelir o produto, no valor de dezenas de milhares de euros. Só que não trazia droga no estômago – e era uma questão de horas até ser descoberto.
João foi torturado quase até à morte, numa mata em Sintra, depois de raptado pelos seis homens agora detidos pela PJ. Acabou essa madrugada, em Outubro do ano passado, fechado numa casa na praceta Ferreira de Castro, no Vale da Amoreira, depois das torturas. Sobreviveu devido à acção da Unidade Nacional de Contra-Terrorismo da PJ, que passara toda a noite a negociar a sua libertação através de um amigo da vítima, colocado a falar ao telemóvel com os raptores - prometendo pagar-lhes um resgate no valor da droga desaparecida.
Estas negociações permitiram à vítima aproveitar uma distracção e fugir da casa - os investigadores reuniram agora provas para deter seis raptores, que hoje serão presentes a tribunal.
Para trás fica o pesadelo do falso correio de cocaína - no dia em que aterrou na Portela sem droga. Escondeu-se em casa de uma amiga, na Moita, mas a porta foi arrombada horas depois. João foi levado de carro para a zona de Sintra, à noite, despido e amarrado de mãos e pés, antes de ser barbaramente agredido por seis homens, à pedrada na cabeça. Foi obrigado a fazer dois ou três telefonemas a pedir dezenas de milhares de euros emprestados a amigos para pagar aos traficantes, compensando-os do prejuízo - e conseguiu assim ganhar tempo.
No meio dos telefonemas, a Polícia Judiciária entrou em campo e, quando a vítima foi levada para a última morada, no Vale da Amoreira, os investigadores já controlavam as negociações, por interposta pessoa. João escapou quando os seis raptores saíram de casa a pensar que iam receber o dinheiro.
VÍTIMAS VIGIADAS POR CÃES PITBULL
Mais uma vez com o tráfico de droga em pano de fundo, depois de uma ‘banhada' entre traficantes - roubo de droga ou dinheiro da mesma - houve pessoas raptadas, torturadas em celas criadas para o efeito e guardadas por cães pitbull, nos bairros da Quinta da Princesa e do Jamaica, no Seixal, o que levou à detenção de 13 pessoas, em Dezembro de 2008, pela mesma Unidade Nacional de Contra-Terrorismo. Considerados pela PJ como "extremamente perigosos", actuavam com "frieza de ânimo" e exerciam a violência em todo o tipo de crimes, muitos deles efectuados ainda em 2006. No entanto, uma operação policial, a que foi dado o nome de ‘Cárcere Privado', deitou por terra aquela organização criminosa.
Na altura foram apreendidos droga, viaturas, armas de fogo, telemóveis e diversa documentação falsa.
GUERRA LEVA A DEZ TENTATIVAS DE HOMICÍDIO
A mesma Unidade Nacional de Contra-Terrorismo da PJ travou e deteve 11 pessoas associadas ao tráfico de droga no último dia 15 de Março, por terem levado um clima de terror ao Seixal, na disputa entre dois grupos pelo controlo do negócio ilegal no concelho. Entre os 20 e os 30 anos, os detidos estavam instalados no bairro do Jamaica e na Quinta da Cucena. A guerra era declarada, entre 2009 e 2010, tendo a Polícia Judiciária registado pelo menos dez tentativas de homicídio entre elementos dos dois gangs rivais, além da participação em dezenas de roubos violentos. Foram caçados numa operação.
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