Comissão Europeia dá dois milhões para estudar a pós-memória colonial
20/2/2015, 16:03
Duas investigadoras do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra foram premiadas com bolsas de investigação: uma estuda dados de ADN, outra a história recente da Europa.
O Conselho Europeu de Investigação (ERC) atribuiu duas bolsas Consolidator no valor de quase dois milhões de euros cada a duas investigadoras portuguesas do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
“É um privilégio criar uma equipa que envolve tanto cientistas sociais [sociologia, psicologia, etc.] como geneticistas forenses”, diz ao Observador uma das contempladas, Helena Machado, que estuda as questões sociais da utilização de dados genéticos. “[Este tipo de investigação] tem sido feito sobretudo por investigadores individuais. Esta é uma boa oportunidade de consolidar uma área [de investigação] bastante fragmentada em toda a Europa.”
O prémio agora atribuído pelo ERC, para estudar a herança colonial nas sociedades europeias, traz a Margarida Calafate Ribeiro, a outra premiada, mais tranquilidade. “Os investigadores passam 60% do tempo à procura de financiamento e apenas 40% realmente dedicados à investigação que desenvolvem.” Com este prémio poderá formar uma equipa estável, realizar um trabalho de campo de qualidade e fazer divulgação do trabalho realizado, tanto no meio académico como para o público em geral, sem se preocupar com o financiamento.
Dedicando-se às questões do colonialismo e à influência que esse período ainda tem na Europa contemporânea, Margarida Ribeiro propõe-se perceber de que forma as memórias dos pais afetam os “filhos do Império” – filhos de retornados, de ex-combatentes e de emigrantes que viveram o colonialismo na primeira pessoa. O conceito de “pós-memória” pretende analisar como é condicionada a identidade de quem não vivem numa colónia, mas ouviu a história de vida dos pais.
“Os europeus são historicamente responsáveis pelo multiculturalismo”, diz a investigadora, que espera conseguir “sensibilizar os stakeholders, tanto da esfera política como académica, para a questão colonial – uma questão não resolvida”. Margarida Ribeiro refere que as pessoas que vieram das colónias assim como os filhos continuam a estar numa posição de subalternos, o que, entre outros problemas, traz dificuldades de integração.
O estudo será conduzido em três países que tiveram colónias em África – Portugal, França e Bélgica – e contará com memórias privadas, através das entrevistas aos “filhos do Império”, e memórias públicas, como as expressões artísticas e literárias, as comemorações e os debates relacionados com o tema.
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