Tema da Semana
Perigo na Linha de Sintra
As portas do comboio abrem à 01h33 na estação do Cacém. As saídas assemelham-se a um labirinto e os passageiros seguem apressados. As paredes metem medo. Multiplicam-se os avisos e ameaças: "Cuidado, estamos na área".
Nem de propósito. Na escuridão, um rapaz e uma rapariga sentem um vulto que não os perde de vista. Obrigados a correr, escapam por um triz a um assalto, graças a um taxista que lhes surge como um herói. Estava com as portas trancadas. Ficou assustado com a correria, mas abriu-as. As vítimas em fuga, assustadas, quase em pânico, não revelavam ser mais do que comum par de amigos, iguais a tantos outros. Não ostentavam nada, sequer, que chamasse a atenção. Eram os dois repórteres do CM, que assim se juntavam às centenas de pessoas atacadas anualmente na Linha de Sintra.
A viagem do último comboio começa no Rossio à 01h08. Hora morta. Ao fim de meia dúzia de viagens, as caras já são nossas conhecidas. Mas não há lugar a sorrisos, apenas conversas são de circunstância. À passagem pelas estações mais complicadas - Amadora, Monte Abraão, Cacém, Rio de Mouro e Mercês - o silêncio corta e o olhar inclina-se para o chão. O medo é constante.
Desde as estações da Damaia até ao Cacém sente-se a tensão. São quinze minutos medonhos. Grupos de quatro ou cinco, na maioria rapazes, sentam-se junto às portas. Pés em cima dos bancos, braços cruzados, chapéu na cabeça. Roupa escura, que mal se vê à noite. Falam alto. Fingem estar a dormir à passagem dos revisores. Ninguém os acorda e polícias mal se vêem. Resta a esperança de andarem por ali à paisana.
Do Rossio a Sintra não são mais de quarenta minutos. Parecem horas. As raparigas não viajam sozinhas. Os pais saem de casa, à noite, para as ir buscar a Lisboa e proteger na viagem. Brincos, anéis e carteiras estão escondidos. Crianças nem vê-las. Os telemóveis imaginam-se dentro dos bolsos. Nas plataformas, os rostos do costume viram desconhecidos. Não é nada com eles. Assobiam para o lado quando pressentem o perigo. As estações, com pouca luz e cheiro nauseabundo, esvaziam-se em segundos.
De madrugada, as portas estão abertas para evitar problemas. A maior parte dos grupos anda sem bilhete e a CP sabe que, se não facilitar a saída, os obstáculos são destruídos a pontapé. A polícia tem os grupos identificados, mas reconhece a aflição dos passageiros. Nem os taxistas param muito tempo nas estações. Na Reboleira não os vimos. Restou-nos pegar no telemóvel e quinze minutos de espera na rua.
É 01h20 e o segurança já fechou as portas. "Tem mesmo de ser", responde-nos. Ficámos na rua deserta.
"CRIME DE OPORTUNIDADE"
n Na Linha de Sintra toda a gente tem uma história para contar. Já foram vítimas de um assalto ou assistiram a ele. Os avisos para a presença de câmaras de videovigilância de nada servem. Os comboios seguem despidos de gente, o que facilita a acção criminosa. Os roubos dão-se na estação ou dentro das carruagens.
A PSP diz que tem os grupos identificados. "São grupos de quatro ou cinco rapazes que se associam. Mas acreditamos que não têm os assaltos marcados, ou seja, vêem uma pessoa com um objecto de valor e atacam. É o que chamamos o crime de oportunidade", admite o comissário Ribeiro, comandante da Divisão Policial de Segurança a Transportes. "É óbvio que sabemos que as pessoas ficam aflitas, é normal, mas temos lutado contra isso. Temos os indivíduos identificados. Quando os apanhamos verifica--se que já têm vários crimes cometidos. Em duas semanas, por exemplo, os assaltantes podem fazer quinze roubos".
Segundo dados da PSP, no ano passado 215 pessoas fizeram queixa de roubo por esticão. Outras 43 foram agredidas com violência. Mas os números ficam muito aquém da realidade.
Os revisores, por seu turno, dizem que são os "bombos da festa". Luís Bravo, presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante, entende que eram necessários mais polícias nos comboios, sobretudo no início do Verão. "Os polícias que estão nos comboios não chegam. Muitas vezes são os revisores que protegem os passageiros dos assaltantes e depois tornam-se vítimas", lamenta.
"DESORDEIROS PODEM CRIAR O CAOS"
Correio da Manhã - Como deve ser a intervenção da polícia em áreas como a Linha de Sintra, onde são conhecidos problemas de insegurança?
Rui Pereira - A segurança nos transportes é importantíssima e a Linha de Sintra é muito sensível. É necessário assegurar o policiamento de proximidade nas estações e nos comboios.
- No caso do último comboio desta linha, que é já de madrugada, acha que é necessário um maior reforço?
- Os comboios mais tardios podem, sem dúvida, exigir maior atenção. Para isso, a Divisão de Transportes da PSP pode ser reforçada com as Equipas de Intervenção Rápida.
- Como lidar com os grupos que emergem todos os anos em bairros próximos da Linha de Sintra?
- Basta um pequeno número de desordeiros para criar o caos. Nos casos mais graves é necessário recorrer ao Corpo de Intervenção da Polícia. As informações sobre os grupos delinquentes são decisivas para a prevenção e segurança.
QUANTO TEM CUSTADO AO CONTRIBUINTE ESTE "SALVAR DO PLANETA"?MAS REPAREM BEM TIVERAM O CUIDADO DE "LIMPAR DOS PAPÉIS" TUDO QUE OS IDENTIFICASSE.PARA SERMOS TODOS IGUAIS, TODOS DIFERENTES.MAS UNS "CAÇADORES E OUTROS CAÇADOS"...
OS LIMPA PRATOS DO ANTIGAMENTE É QUE A SABEM TODA.COMO SABEM ESTAMOS TODOS RICOS...
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