Monday, March 24, 2008

NA KOVA DA MOURA?NAS BARBAS DOS MOÍNHOS?

Guerra no tráfico de droga era orquestrada na Cova da Moura



U m grupo de 12 indivíduos, quase todos com origem na Cova da Moura, Amadora, vai ser julgado no Tribunal da Boa Hora, em Lisboa, por suposto envolvimento numa série de crimes que vão desde o "carjacking" ao homicídio, passando pelo rapto e assaltos, caracterizados por um nível de violência raramente visto no nosso país. E tudo em apenas seis meses.

O contexto em que o grupo actuava era também incomum e raramente investigado pelas autoridades policiais - a luta entre grupos no submundo do tráfico de droga, cujos resultados normalmente não chegam às estatísticas oficiais - até porque os lesados não se queixam.

O gangue nasceu e cresceu em torno de um jovem que, à data dos factos, tinha apenas 19 anos, Fábio, por alcunha "Batsinas", mas com carisma e capacidade de organização. "É inteligente, frio e violento", comentou ao JN um investigador da Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB), da PJ, que ajudou a neutralizar o grupo.

"Batsinas" nem sequer era originário da Cova da Moura, mas foi ali que veio a encontrar os outros elementos do gangue, quase todos mais velhos, com idades entre os 25 e os 29 anos, mas aos quais conseguiu impor-se. Como imagem de marca usava uma moderna pistola Walther P99, de calibre 9 milímetros.

Morto e queimado

A Cova da Moura funcionava como ponto de chegada e de partida de todas as operações, que incidiram um pouco por toda a região da Grande Lisboa, margem Sul do Tejo e mesmo no Ribatejo. Mas havia ligações estreitas a zonas como o Bairro do Pica Pau Amarelo. As investigações da DCCB e a acusação do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa dão conta de uma repartição de tarefas, com um núcleo duro de cinco elementos, associado a outros elementos disponíveis para trabalhos menores.

Os alvos eram supostos traficantes, a quem o grupo extorquia largas somas de dinheiros na sequência dos raptos, confiante em que não haveria queixas à polícia. Se as coisas corriam mal, a morte era o destino previsto. Foi assim que pereceu Silvino Moreira dos Santos.

Morava no Bairro das Lagoas, em Santa Marta do Pinhal, Corroios, com a mulher, Eugénia Santos. Foi há dois anos, mas ainda hoje o caso aterroriza e muitas vezes o silêncio é a única resposta, como quando o JN ontem entrou no problemático bairro. Mas há ainda quem aceite falar. "Quando chega a noite ela fecha tudo" contou ao JN um vizinho de Eugénia, Berdier Formas, de 74 anos. O marido saiu na noite de 1 de Junho de 2006, mas Eugénia só o voltou a ver já carbonizado. Tinha sido assassinado três dias antes, com um tiro de caçadeira no pescoço, na Mata do Cassapo, na Charneca da Caparica. O corpo foi incinerado para dificultar a identificação.

Os raptores, que pediam um resgate de 15 mil euros, descobriram que Eugénia tinha comunicado o desaparecimentoà PJ e ditaram o fim da vítima, que esteve em cativeiro, numa pecuária abandonada em Algueirão.

Uma outra vítima, Joaquim Garcia, teve mais sorte. Foi apanhado na madrugada de dia 2 de Maio, junto à discoteca Ondeando, na Costa de Caparica, dentro do seu carro, um Audi TT. Foi levado para uma cave no Bairro do Pica Pau Amarelo, em Almada. À sua companheira foram exigidos 100 mil euros, a ser entregues no espaço de 20 minutos. Um saco com o dinheiro foi largado junto ao centro comercial Forum Almada. Joaquim Garcia salvou-se, mas com marcas de tortura, inclusive queimaduras.

ORA VEJAM BEM SE O NOSSO MUNDO "PLURAL" NÃO FICA MUITO MAIS ANIMADO...

MAS UM DIA DESTES VOLTAMOS A SER CONVIDADOS PARA UM PASSEIO TURISTICO NA KOVA, QUE TEM UMA DELEGAÇÃO ESPECIAL DO SEF...

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