2008-03-08 - 00:30:00
Almada: Vítima faleceu numa mesquita
Religião motiva homicídio
Mohammed, pai de Izzaz Hassan, vai trasladar o corpo do filho para o Paquistão
Desentendimentos de índole religiosa entre praticantes das duas mesquitas do Laranjeiro, Almada, terão estado na origem do homicídio de Izzaz Hassan, um jovem paquistanês de 21 anos que, anteontem à noite, foi morto à facada por um compatriota, de 40.
O autor do crime também ficou ferido no conflito, necessitando de internamento hospitalar. Ao que o CM apurou, terá tido ontem alta, devendo em breve ser presente a um juiz.
Após ter sido esfaqueado, Izzaz Hassan, um muçulmano sunita, procurou socorro na mesquita onde habitualmente rezava, situada no Largo Mouzinho da Silveira.
Apesar de não quererem ligar o homicídio de quinta-feira à noite com quaisquer dificuldades de convivência com outros cultos, os líderes religiosos da comunidade reconhecem que o autor do crime, Hakter Butt (seguidor do culto wahabita do Islamismo e que é professado na mesquita aberta a 50 metros da primeira), era intolerante. “Ele era extremista. Achava que nós abríamos muito a porta da mesquita a estranhos, chegando a dizer que previa que todos os muçulmanos que aqui rezam iriam parar ao Inferno”, referiu um crente da mesquita sunita.
Izzaz era uma das várias pessoas que tinham um relacionamento difícil com Hakter, ao ponto de os dois nem sequer trocarem palavra há já algum tempo. Apesar de residir há vários anos em Portugal, Hakter ainda tem a família (mulher e dois filhos) no Paquistão, gerindo sozinho uma loja de condimentos para cozinha asiática.
Mohamed Hassan, pai de Izzaz, contou ao CM que a morte violenta do filho começou a desenhar-se quando este, “sem quaisquer intenções negativas”, passou em frente à loja Asian Food, propriedade de Hakter Butt. “Foi logo insultado, provocado e ameaçado”, esclareceu o pai da jovem vítima.
A troca de agressões entre os dois homens não tardou, ocorrendo no interior e exterior do estabelecimento comercial. Numa das várias vezes em que entrou na sua própria loja, Hakter pegou numa faca que, habitualmente, costumava usar no serviço.
Foi esta a arma usada para consumar o homicídio de Izzaz Hassan. “Um dos golpes foi desferido no tórax e atingiu-o entre o pulmão e o fígado. A arma foi apreendida”, disse ao CM fonte policial.
Ferido, o jovem fugiu para a mesquita sunita, onde viria a falecer. Hakter Butt, que não sofreu quaisquer golpes de arma branca, recebeu tratamento hospitalar sob detenção da Polícia Judiciária de Setúbal.
INEM NEGA ATRASO NO SOCORRO
Família e amigos de Izzaz Hassan acusam o INEM de ter demorado muito a responder ao pedido de socorro emitido após o conflito que acabou por vitimar o jovem paquistanês. Frequentadores da mesquita do Laranjeiro disseram ao CM que Izzaz só não morreu logo após se ter refugiado no templo “porque foram as pessoas que lá estavam que lhe prestaram os primeiros socorros”. “Fizemos a chamada às 21h00 e eles demoraram 40 minutos a chegar”, recordaram. Fonte do INEM negou esta acusação, afirmando que o pedido de auxílio foi feito pelas 21h08. “Foi enviada uma ambulância dos Bombeiros de Cacilhas e a VMER do Hospital de Santa Maria”, esclareceu o informador. Pelo caminho, os paramédicos encontraram o autor do homicídio, Hakter Butt, que estava perto de uma escola, ferido sem gravidade. Por Izzaz Hassan é que os técnicos de socorro já nada puderam fazer. O óbito do jovem foi declarado pelas 21h30.
DISCURSO DIRECTO
"O ISLAMISMO NÃO É A GUERRA" Ali Ashrafi, mulana da mesquita sunita do Laranjeiro
Correio da Manhã – Pensa que esta foi uma morte ‘religiosa’?
Ali Ashrafi – Não. O Islamismo não é guerra. Foi uma agressão sem motivo, que não tem a ver com problemas de coabitação entre as duas mesquitas do Laranjeiro.
– Como se relacionam com os wahabitas?
Cada um professa o Islamismo da forma que melhor o faz sentir. Nunca tivemos problemas com ninguém.
– Qual é a vossa tendência islâmica?
– Somos muçulmanos sunitas, de tendência sufi. Procuramos renunciar aos bens materiais.
SAIBA MAIS
- 40mil pessoas, de diversas nacionalidades, professam a religião islâmica em Portugal. Os números constam do site na internet da Comunidade Islâmica de Lisboa (CIL).
- 8 é o número total de mesquitas que, segundo a CIL, estão espalhadas por todo o território nacional. Existem ainda 32 outros locais de culto, no Continente e Madeira.
CULTOS
A maioria dos muçulmanos em Portugal professam os cultos sunita e xiita. O número de tendências que existem no nosso país é, no entanto, difícil de apurar. As nacionalidades predominantes no seio da comunidade islâmica portuguesa são a paquistanesa, indiana e bangladeshi.
COMUNIDADE
O xeque David Munir é o líder espiritual da Comunidade Islâmica de Lisboa (CIL), a maior do País. A direcção da CIL é presidida por Abdool Magid Karim Vakil.
A SHARIA NO SEU MELHOR.NÃO SEI QUANTOS PAQUISTANESES CÁ ANDAM( E NÃO DEVERIAM ANDAR)MAS PARECE SER ESTE O 6º HOMICIDIO, 5 DOS QUAIS AO QUE OUVI HÁ UNS TEMPOS SEM SEREM RESOLVIDOS PELA NOSSA JUSTIÇA.DEPOIS DIZEM-NOS PARA NÃO NOS PREOCUPARMOS...
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