A CONSELHEIRA TEM BOAS PERCEPÇÕES COMO O SEU LÍDER MÁRIO SOARES E ALMEIDA SANTOS:
Já era claro que associada ao 25 de Abril havia a descolonização?
Aquilo que me chegava é que as pessoas percebiam, pelo menos essa era a minha percepção, que toda a gente queria abalar, depor as armas, fazer uma festa e ir--se embora. Depois havia a percepção de que seria um banho de sangue com as pessoas europeias que lá viviam. Ia ser um braço-de-ferro muito forte e haveria uma transição muitíssimo delicada, como aliás se verificou.
Vivi estes momentos com uma intensidade e uma alegria enorme e muitas pessoas em Moçambique partilhavam esse sentimento. Dava--me muito com um arquitecto e a mulher que diziam "nós jamais sairemos daqui porque queremos construir um mundo novo".
E saíram?
Passados oito meses tiveram de sair e vieram muito mal e sem nada. Quando eu vim, antes do 28 de Setembro - acho que ainda vim em Agosto, já andava na rua no 28 de Setembro e apanharam-me e revistaram-me o carro nas barricadas. Mas quando vim, muitas vivendas a caminho do Macuti [zona de praia na Beira] estavam apedrejadas e tive a percepção de que os ventos da história eram superiores ao perdão dos homens.
Identificava-se com o PS?
Sim, tendi a identificar-me com a esquerda do Partido Socialista. Era aí que eu me revia. Inicialmente, como muita gente, não via partido para mim, mas queria muito votar.
Como fez essa aprendizagem? Ia a todos os comícios? Lia os programas? Como foi essa vivência?
Andei nos comícios, às vezes nem sabia que partido era, via um agrupamento de gente e ia. E fui criando as minhas simpatias. Percebia quem eram os militares de quem gostava...
Melo Antunes?
Sim, e do Vítor Alves, na altura gostava muito dele. Quando via o Vasco Lourenço, aparecia-me....
Como um homem de bronze [designação que Vasco Lourenço tem no romance].
Nessa altura não percebia que ele ia ser de bronze, não gostava da linguagem dele, nem da forma com que ele se dirigia às pessoas, mas gostava do sítio em que ele se colocava no espectro político. Queria aquilo que o Vasco Lourenço desejava, queria que as pessoas fossem às urnas e votassem. Sentia uma imensa alegria de saber que poderia decidir livremente. E queria progresso e paz. Achava romântica a figura do Otelo, mas a verdade é que não acreditava nas ideias dele. Esta casa em que moro tinha sido ocupada por pessoas de extrema-esquerda que chegaram e ocuparam tudo e aquilo e ele metia-me impressão. E tinha muitos relatos daquilo que acontecia em Cuba e a União Soviética e não gostava disso.
ALGUÉM QUE VÁ AGORA PERGUNTAR-LHE PELA NOSSA COLONIZAÇÃO AFRICANA SALVADORA NUMA DE DAR A OUTRA FACE E SÓ PENSAR NOS "DESCONTOS ENRIQUECEDORES"...
PS
AS MINHAS PERCEPÇÕES NÃO COINCIDEM COM AS DELA.A MALTA DEU O GOLPE PORQUE A POLÍTICA DIRIGIA ERA MUITO MAL E COMO HOJE NAS COSTAS DO PESSOAL TRABALHADOR.A "INTERPRETAÇÃO" FOI TODA DO MÁRIO QUE COM MEIA DÚZIA DE MILITARES CONVERTIDOS TOMOU CONTA DAS ENTREGAS.COMO AGORA NOS INUNDAM DE INVASORES A QUEM POR MOTIVOS ÓBVIOS NADA NOS LIGAM.UNS CHICOS ESPERTOS A ENRIQUECER NÃO PODEM COMPROMETER O FUTURO DE TODO UM POVO NUMA DO TUDO E DO SEU CONTRÁRIO E JÁ A ENTRAR NUMA DITADURA DE PALAVREADO PARA CONTER A REVOLTA À TRAIÇÃO QUE ANDAM A COMETER
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