Por outro lado, muitas das violações dos direitos humanos então cometidas implicam directamente figuras prestigiadas da cultura angolana – como os escritores Pepetela e Manuel Rui – que aceitaram integrar a chamada “comissão das lágrimas”, um comité que fazia a triagem dos depoimentos dos elementos dos sectores intelectuais do MPLA para depois decidir quem deveria ser sujeito a novos interrogatórios por militares ou agentes da segurança do Estado.
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o escritor angolano Artur Pestana Pepetela venceu, recentemente, o prémio literário DstvAngola/Camões, com o seu mais recente romance "Sua Excelência, de Corpo Presente".
O júri presidido por Irene Guerra Marques distinguiu no texto de Pepetela "não apenas pela sua actualidade", como a forma como "mantém jovem e lúcida a ironia, a crítica sociocultural e uma criatividade intensa, que acompanha os avanços e recuos da realidade angolana e até mesmo africana, no que diz respeito à realidade que vivemos ao Sul do Saara".
Esta é a segunda distinção do romance, que recebeu em Fevereiro o Prémio Literário Correntes d'Escritas. O prémio literário dstangola/Camões é uma iniciativa do Dstv Group em parceria com o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, que visa distinguir, anualmente e de forma alternada, livros editados em poesia e prosa de artistas nascidos em Angola.
O galardão, no valor de 15 mil euros, será entregue em Luanda, em data ainda por confirmar. O romance é uma crítica mordaz ao abuso de poder e aos sistemas de governo totalitários disfarçados de democracias, escrito com um sentido de humor inteligente, e em que qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Pepetela nasceu em Benguela, em 1941.
Licenciou-se em Sociologia, em Argel, durante o exílio, foi guerrilheiro do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), político e governante. Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, conhecido pelo pseudónimo de Pepetela, nasceu em Benguela a 29 de Outubro de1941. É na sua cidade natal que faz o ensino primário, partindo depois para o Lubango, onde vai prosseguir os estudos.
Em 1958 vai para Lisboa, entrando para o Instituto Superior Técnico que frequenta até 1960 quando ingressa no curso de engenharia. Uma vez mais a mudança, desta vez para frequentar o curso de Letras, apenas durante um ano, pois ainda em 1961 Pepetela faz a opção política que viria a mudar o rumo da sua vida e a marcar toda a sua obra, tornando-o um narrador de uma história de Angola que conhece, porque a viveu.
Pepetela tornou-se militante do MPLA em 1963. Quando abandona a vida política, opta pela carreira de docente na Faculdade de Arquitectura de Luanda, onde dá aulas de sociologia.
Prémio Camões 1997, tem publicados entre, outros, os livros “As Aventuras de Ngunga” (1973), “Muana Puo” (1978), “Mayombe” (1980), “O Cão e os Caluandas” (1985), “Yaka” (1985), “Lueji” (1989), “Geração da Utopia” (1992), “O Desejo de Kianda” (1995), “Parábola do Cágado Velho” (1997), “A Gloriosa Família” (1997), “A Montanha da Água Lilás” (2000) e “Jaime Bunda, Agente Secreto” (2001).
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