INSTITUIÇÕES QUE ALEGADAMENTE SÃO APARTIDÁRIAS PROFUNDAMENTE DIVIDIDAS E SUCESSIVAMENTE GOVERNADAS SEGUNDO OS INTERESSES DE QUEM "ESCOLHE" OS RESPECTIVOS CHEFES.A NAÇÃO PORTUGUESA DEIXOU DE TER "INTERESSE NACIONAL" PORQUE A MAIORIA É INTERNACIONALISTA, DONDE O BEM DOS OUTROS POR VEZES TEM PRIORIDADE SOBRE O BEM DOS PORTUGUESES INDÍGENAS DE SEMPRE.INVENTAM CAUSAS A SEGUIR UMAS ÀS OUTRAS SEGUNDO A TÁCTICA ESTALINISTA DE CAMINHO PARA O SOCIALISMO ÀS FATIAS FINHINHAS.AINDA PARA AGRAVAR TEMOS A MAÇONARIA.NESTE AMBIENTE QUEM FALAR NOS SEUS POSTOS DE TRABALHO , NO BAR, AO ALMOÇO ESTÁ A SER ESPIADO E OBJECTO DE BUFARIA QUE TANTA CARREIRA DE PESSOAL DECENTE DECEPOU.SEM SE SABER PORQUÊ...
NA ALEGADA DITADURA QUE TANTO É DENEGRIDA NÃO HAVIA NADA COMPARADO COM ISSO.NADA.E HAVIA O MÉRITO.MÉRITO QUE DEVERIA FAZER CORAR DE VERGONHA ALGUNS DEPUTADOS DA NAÇÃO
EIS UM PORTUGUÊS DOS SETE COSTADOS QUE DEVE TER MORRIDO AMARGURADO.AINDA HÁ UNS ANOS DORMI NO QUARTO ONDE ELE FOI ATACADO E LÁ ESTAVA O BURACO DA BALA...
HENRIQUE CALAPEZ SILVA MARTINS
A verdade do assalto ao quartel de Beja 50 anos depois
Quando lhe bateram à porta do quarto no posto de comando do quartel de Beja, às 2h15 da madrugada do primeiro dia do ano de 1962, o major Calapez vestiu o capote e empunhou a sua pistola ‘Savage’ pronta a disparar. Nas vésperas, o coronel Stadlin Baptista, 1.º comandante do Regimento de Infantaria 3 na capital do Baixo Alentejo, passara-lhe o comando da unidade (para gozar licença) e tinha recebido informação, via telefone, do ministro do Exército, de que estaria a ser preparado um assalto ao quartel.
alerta até de madrugada da noite da passagem do ano, na ausência de movimentações, o 2.º comandante do regimento recolheu ao quarto no primeiro andar do quartel, mas não sem antes dar instruções precisas: passe-se o que se passar, comuniquem por telefone e em caso algum venham ao meu quarto sem prévia autorização ou ordem expressa.
por isso, quando ouviu aquelas três pancadas na porta do quarto e as movimentações do lado de fora, o major calapez pôs-se em guarda: estava em marcha o assalto ao quartel de beja.
a intentona foi planeada por humberto delgado, que entrou clandestinamente em portugal no dia 30 de dezembro de 1961, dormiu na pensão s. jorge, em lisboa, e viajou no dia seguinte para beja, na companhia de adolfo ayala.
o general sem medo ficou sempre na retaguarda das operações, nunca chegou a ir sequer perto do quartel – decidiu que só o faria depois de assegurado o sucesso do golpe com que pretendia iniciar o derrube do regime (a operação designava-se ‘caixa de fósforos’ e consistia em tomar o quartel e, com suas viaturas e material de guerra, fazer sair três colunas para proceder à sublevação das populações de beja, évora e algarve, montando um governo revolucionário nas serras do algarve sob a presidência de humberto delgado).
o golpe juntava uma brigada mista de militares (incluindo oficiais das forças armadas, entre os quais jaime carvalho da silva, pedroso marques, francisco pestana, brissos de carvalho, hipólito dos santos e filipe oliveira), comandados pelo capitão varela gomes, e civis (cerca de oitenta, entre os quais edmundo pedro, urbano tavares rodrigues, fernando piteira santos ou joaquim barradas de carvalho), sob a liderança de manuel serra – tendo estes vestido uniformes militares (edmundo pedro conta que foi a única vez que envergou farda, com divisas de capitão).
mal entreabriu a porta do quarto, mesmo já de sobreaviso (confirmara as suspeitas quando do exterior lhe responderam que era «o sargento da guarda» – que nunca abandona o posto), calapez foi ferido no tórax por um tiro disparado do exterior pelo grupo liderado por varela gomes que tinha a missão de prender o comandante do quartel: um ‘disparo acidental’, na versão dos revoltosos.
calapez ripostou quase em simultâneo. varela gomes ficou gravemente ferido no basso. a troca de tiros entre o major no interior do quarto e o grupo que o pretendia prender (entre os quais os tenentes filipe oliveira e hipólito dos santos) no exterior acabou com estes a baterem em retirada, carregando o capitão ferido (ainda com um segundo tiro) para o carro que o conduziria de imediato ao hospital da cidade.
calapez, já quase sem munições, aproveitou a oportunidade para comunicar por telefone (do quarto) para o exterior, pedindo o auxílio da gnr e da psp. e, após alguns encontros imediatos com assaltantes (que conta com pormenor ao longo de um manuscrito de 26 páginas em que descreve todos os acontecimentos), conseguiu chegar a uma arrecadação onde sabia estarem guardadas as pistolas-metralhadoras ‘vigneron’ chegadas há dias.
às escuras, para não ser descoberto pelos revoltosos que ouvia percorrerem os corredores à sua caça, armou e carregou uma metralhadora e saiu com quatro carregadores.
acabou por alcançar um átrio lateral do quartel, elevado, junto à capela, de onde controlava a porta de armas e avistava o acesso à cidade.
conquistou posição e confirmou o que já suspeitava: que os seus homens aquartelados tinham ficado presos nas casernas e o quartel estava tomado pelo grupo de assaltantes, militares e civis com uniformes do exército, mas vários com sapatilhas. o grupo contara com a conivência de três oficiais no interior do quartel, que abriram as portas, anularam os sentinelas e trancaram as casernas.
calapez foi eliminando vários revoltosos enquanto esperava pela chegada de reforços. que tardavam. tanto que o major, temendo ficar a descoberto com o nascer do dia, foi buscá-los a beja, já com o capitão camilo delgado. e ele próprio organizou o cerco ao quartel e o ataque final.
o balanço das vítimas mortais do assalto ao quartel de beja nunca foi divulgado. mas foram muitos mais do que os publicamente conhecidos.
nos jornais da época regista-se sobretudo o falhanço da intentona e a morte do subsecretário de estado do exército, coronel jaime filipe da fonseca, atingido a tiro quando saía do carro junto ao quartel – nunca se esclareceu o porquê da sua presença.
o golpe falhou. pela primeira vez, oficiais do exército foram entregues à pide. os que conseguiram fugir (incluindo edmundo pedro, manuel serra e eugénio oliveira) acabariam por ser apanhados. foram julgados e condenados. humberto delgado não. mal a coisa começou a dar para o torto, deixou beja – diz-se que saiu de portugal, disfarçado, no comboio ‘foguete’ – começou aí a missão de rosa casaco, que terminou como se sabe.
henrique calapez silva martins nasceu em silves no dia 6 de março de 1918. completou os estudos na escola do exército e foi o primeiro oficial português a desembarcar em timor depois do armistício, em 1945, integrado na força internacional que devolveu a portugal a soberania sobre o território ocupado pelas tropas japonesas. deixou timor, onde içou a bandeira portuguesa, em 1946, para cumprir missão em moçambique (1948-49). esteve depois em tomar (onde foi colega de armas de varela gomes, com quem, aliás, jogava ténis) e em abrantes, antes de ser colocado (em 1950) no regimento de infantaria 3 em beja, onde passou a 2.º comandante em 1960. durante a guerra colonial, comandou o batalhão de caçadores 505, no catete, angola (1963-65), e cumpriu missões em cabo verde (comandante militar da ilha, 1967-69) e na guiné (presidente do supremo tribunal militar, 1969-70).
regressou a beja em 1970, para comandar o drm até 1973, ano em que foi eleito deputado à assembleia nacional. nos arquivos digitais do parlamento não há registo de intervenções, mas na cronologia do site abril de novo é-lhe atribuída em janeiro de 1974 a defesa da «necessidade premente da actualização do sistema penal a todos os actos de subversão e de terrorismo praticados no país».
no dia 11 de março de 1975, o coronel calapez é preso na sua residência em beja. recusa cumprir a ordem do primeiro mandado de captura por não estar assinada por um graduado superior. ao segundo mandado, assinado por rosa coutinho, o ‘almirante vermelho’, apresenta-se no quartel de beja, de onde é transferido primeiro para pinheiro de cruz e depois para a prisão de caxias.
silvério é o nome do seu carcereiro. um silvense de origens humildes e cuja mãe, desde que enviuvou e ficou a seu cargo com numerosa prole, o pai do coronel calapez ajudara.
henrique martins, o pai, foi um emérito republicano, maçon e filantropo, amigo e correligionário de afonso costa, que liderou o partido democrático no algarve durante a 1.ª república. no estado novo, liderou a oposição a salazar na região e resistiu sempre à perseguição do regime ao jornal de que era proprietário e director – a voz do sul, cuja linha editorial crítica lhe valeu o veto dos anunciantes e a permanente censura.
curiosamente, henrique calapez foi delegado da comissão de censura em beja (como consta da sua ficha parlamentar: foi também comandante distrital da legião portuguesa de beja, adjunto da defesa civil no território do distrito, director do centro de milícia da lp bejense e adjunto da delegação provincial do baixo alentejo da legião portuguesa).
silvério tornou menos difíceis os meses de reclusão do coronel em caxias. e permitiu, por exemplo, que a família assistisse à troca de alianças e de votos nas bodas de prata de henrique calapez com delfina neves, a sua companheira em mais de 50 anos de casamento, que esteve com ele sempre, mesmo durante a guerra colonial, e com quem teve cinco filhos, sete netos e uma bisneta.
calapez sempre reservou público e honroso silêncio sobre a sua versão dos acontecimentos em que, sozinho, logrou frustrar o assalto ao quartel de beja. apesar do falhanço, amílcar cabral referir-se-lhe-ia como «mais uma vitória do povo português» (meses antes ocorrera o assalto ao santa maria).
em 1987, por ocasião da presidência aberta ‘alentejo verde’, mário soares, à chegada a beja, diria: «se não fosse um tal de major calapez, o 25 de abril teria sido 15 anos antes».
o coronel, na reserva, pegou na medalha que lhe fora atribuída por proposta do governo e devolveu-a ao então primeiro-ministro, cavaco silva, explicando em carta, em súmula, que prescindia dela – até porque tinha muitas outras (de comportamento exemplar, grau de ouro, comendador da ordem de avis, cinco de campanha por timor, moçambique, angola, cabo verde e guiné, duas da legião portuguesa, duas de mérito militar e duas de valor militar).
henrique calapez silva martins faleceu no sábado. teve honras militares, mas só familiares e amigos acompanharam a sua última viagem.
TENHAM VERGONHA
AS CENTRAIS DE PROPAGANDA NEGRA ANDAM MUITO ACTIVAS.A MAIS PORTENTOSA MÁQUINA DE PROPAGANDA QUE SAI MUITO CARA AOS CONTRIBUINTES...
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