Skinheads recrutam e atacam no Bairro Alto e Cais Sodré
A PJ apreendeu diverso material aos skinheads que deteve, na semana passada, entre o qual armas, soqueiras e bastões | PEDRO ROCHA / GLOBAL
A maioria dos detidos na operação da Polícia Judiciária são novos recrutas que querem um lugar na organização
Bairro Alto e Cais do Sodré voltam a estar identificados pelas autoridades como zonas de ação e recrutamento dos skinheads portugueses. Os casos de agressões violentas e tentativa de homicídio, contra comunistas, negros, muçulmanos e homossexuais, investigados no âmbito da recente operação da PJ, foram na sua esmagadora maioria nesta área. A mesma onde o cabo-verdiano Alcino Monteiro foi espancado e assassinado, em 1995, por alguns dos mesmos cabeças rapadas agora detidos.
Mais de metade dos suspeitos que foram alvo das buscas e depois detidos pelos inspetores da Unidade Nacional de Contraterrorismo (UNCT) da Judiciária eram novos recrutas - hangarounds e prospects (ver glossário aqui) - da fação mais perigosa da organização, os Portugal Hammerskins (PHS). Observados pelos líderes e membros já efetivos dos PHS, atacaram pessoas cuja orientação religiosa, sexual, política e raça são os alvos do seu ódio e demonstraram determinação em integrar aquela organização de inspiração neonazi.
A participação destes candidatos a operacionais dos PHS chegou a ser referida pelo próprio diretor da UNCT, Luís Neves, em declarações aos jornalistas quando foi apresentado o material apreendido na operação. "O grupo não é grande, mas tem um conjunto de novos elementos", afirmou. "Alguns dos crimes que estão em causa neste processo são, para alguns dos membros do grupo, ritos de iniciação, de demonstração de coragem, de apego à causa - sobretudo à discriminação racial - de jovens que procuram ganhar a confiança da estrutura criminosa. Uma prática, aliás, que já conhecemos do passado."
Os prospects e os hangarounds tinham a avaliá-los alguns dos veteranos dos PHS que a PJ tem no radar há vários anos e faziam parte do núcleo duro do ex-líder Mário Machado (a cumprir pena de prisão por diversos crimes, entre os quais de discriminação racial, roubos, sequestros e agressões graves). A detenção de Machado - que já tinha sido condenado no processo de Alcino Monteiro - em 2007, naquela que foi a maior operação de sempre da PJ contra os skinheads (que resultou em 36 condenações), levou a um recuo na atividade do grupo, a uma reestruturação interna e a um acerto de estratégias.
Mas desde o final de 2014, talvez impulsionados pela onda de discurso xenófobo e racista da extrema-direita europeia, contra os imigrantes e refugiados, que começaram de novo a surgir sinais do seu renascimento.
Crimes de ódio: "As vítimas têm muito medo de denunciar"
Em setembro de 2015, quando o Ministério Público já tinha consigo alguns inquéritos e agressões muito graves, cujos suspeitos eram grupos de skinheads, o caso das agressões contra os militantes comunistas, na Rua das Portas de Santo Antão, mostrou que estavam ativos e com o mesmo ódio de sempre. O alarme público causado e a gravidade das lesões infligidas pelos suspeitos skinheads, entre os quais um guarda prisional, levaram as autoridades a dar prioridade à investigação.
Os PHS tinham, entretanto, ganho um novo líder, um dos condenados pelo homicídio do Bairro Alto há 20 anos, recrutado mais jovens e até criado um novo quartel-general, uma skinhouse, na mesma região da que tinha sido desmantelada pela polícia, em 2007, em Loures. Esta sede, na propriedade de outro dos "veteranos", detido e condenado também pela morte de Alcino, bem como por outros crimes de agressão, sequestro e roubo, foi alvo de buscas na operação da semana passada e ali terá sido apreendido um verdadeiro arsenal dos PHS, de propaganda neonazi. Batizada de Club38 (o número tem um significado nesta cultura, como se mostra no glossário), a skinhouse era um espaço que servia para os neonazis conviverem, beberem, reunirem-se, organizarem comícios e concertos fora da vigilância da polícia.
Em 2007 a banda mais ativa era a Ódio, cujas letras xenófobas e racistas foram transcritas para o acórdão do tribunal e serviram para sustentar os crimes de discriminação racial na condenação. Desta vez a PJ recolheu elementos sobre uma nova banda, que herdou e começou a divulgar as velhas músicas, a BiBo (Blood in Blood out). O vocalista é o proprietário da skinhouse, bateria, guitarra e baixo estão nas mãos de dois prospects e de um outro "veterano", membro efetivo dos PHS, que também já tinha sido condenado em 2007.
Houve 40 mandados de busca domiciliária na operação da passada semana e 17 detidos, que saíram em liberdade, mas obrigados a apresentações todas as semanas na esquadra da PSP. Apesar dos antecedentes de alguns dos arguidos, os investigadores garantem que não ficaram surpreendidos não ter havido nenhuma prisão preventiva.
Skinheads recrutam e atacam no Bairro Alto e Cais Sodré
"O primeiro objetivo desta operação era interromper a atividade criminosa, o que foi conseguido de imediato. O segundo era recolher o máximo de material de prova para consolidar os indícios dos crimes praticados, o que também foi conseguido. O terceiro, igualmente importante, era a prevenção", explicou ao DN fonte próxima da investigação. O aviso está dado aos neonazis portugueses.
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