Friday, June 24, 2016

OS AZEVEDOS TÊM CÁ CADA COLABORADOR...SERÁ POR ISSO QUE AS ACÇÕES DA SONAE ANDAM A TREMER?



Elsa Lechner

elsalechner@ces.uc.pt
elsalechner@yahoo.com

Doutorada em Antropologia Social pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (2003) é, desde 2014, Investigadora Principal no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Foi Fulbright Visiting Scholar nas Universidades de Rutgers e Brown, EUA (2014/15) com um projeto de pesquisa biográfica entre portugueses de New Jersey. Co-coordenadora do Núcleo das Humanidades, Migrações, e Estudos para a Paz do CES e membro do CC do CES 2010-2014. Foi bolseira de pós-doutoramento da FCT no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e no ISCTE. A sua pesquisa incide sobre processos identitários em contextos migratórios, relações interculturais, pesquisa biográfica, sofrimento e resiliência dos migrantes, Migrações Clandestinas e ética de inclusão/participação. É investigadora convidada dos grupos EXPERICE (Paris 8/13), e GRAFHO (UNEB/Salvador da Bahia). Membro do Conselho de Administração da Associação Internacional de Pesquisa Biográfica e do conselho de Redacção da Revista Internacional "Le Sujet dans la Cité". Autora de vários livros e artigos nacionais e estrangeiros sobre pesquisa Biografica no estudo das migrações.

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o nosso querido "público" adora merdas destas:

Uma necropolítica internacional das migrações?
ELSA LECHNER 24/06/2016 - 08:55
É legítimo constatar que não são os números de óbitos de pessoas em busca de uma vida segura, digna, ou de pura sobrevivência (e de quem as defende) que parecem interessar a quem tem poder de decisão.

O número de mortes de migrantes em fuga de guerras, seca e seus impactos alimentares, miséria, perseguições, não cessa de aumentar, acompanhando a tendência geral de aumento das migrações forçadas no mundo. A Organização Mundial das Migrações aponta no presente para a existência de 64 milhões de refugiados que viajam sem qualquer condição de segurança física e legal.

Neste quadro, o Mar Mediterrâneo tem sido o cenário mais visível de fugas inseguras e de mortes há muito em ocorrência na travessia para a Europa mas agora transmitidas em repetidas imagens catastróficas veiculadas pelos meios de comunicação de massa. Em finais do mês de Maio quinhentos e cinquenta migrantes sucumbiram de uma só vez num naufrágio ocorrido ao largo da costa Líbia, sendo que no mês anterior outro soçobro da mesma dimensão aconteceu com dois barcos vindos da Líbia e do Egipto rumo à Europa: cerca de quinhentos migrantes oriundos sobretudo da Somália, da Eritreia e do Sudão afogaram-se na sequência de um transbordo forçado pelos traficantes entre as respectivas embarcações. A primavera de 2015 já havia assistido ao que foi considerado o mais mortífero afundamento de migrantes, com a morte de 800 pessoas em fuga para a Europa. As estatísticas oficiais estimam que nos últimos doze meses morreram mais de cinco mil migrantes em fuga no mundo, e só nos cinco primeiros meses do ano de 2016 já morreram ao largo do Mediterrâneo duas mil quatrocentas e quarenta e três pessoas.

Na rota da Líbia reactivada recentemente e após o fechamento da rota dos Balcãs, as vítimas são novamente migrantes impedidos de viajar em segurança, pagando avultadas somas de dinheiro por um lugar num barco de borracha ou de madeira sem condições. Estas embarcações são apenas atestadas com combustível suficiente para chegar às águas territoriais europeias onde navios da Marinha de guerra e da guarda costeira ou barcos humanitários os monitorizam. Os navios fazem parte de operações navais da EU contra o contrabando e para controlo das fronteiras resgatando milhares de pessoas em perigo no mar. Mas não evitam os muitos milhares de mortes continuamente registadas, nem o negócio da morte que dizem querer evitar.

Sobreviventes destes naufrágios relatam coerções exercidas pelos proprietários das frágeis embarcações sobre quem resiste ou contesta tal precariedade e sobrelotação. Partem de noite, sob ameaça, golpes e disparos dos contrabandistas ao quererem desistir quando descobrem o mau estado dos barcos onde deverão realizar a travessia. Mesmo quando são resgatados, encontram-se em condição física muito precária, por desidratação, hipotermia, ou asfixia com o fumo dos motores, e no horizonte de um futuro completamente incerto e imprevisível, sendo que muitos destes viajantes são crianças e famílias.

No caso dos migrantes subsaarianos, o risco e a violência acompanham-nos há muito desde a cruel travessia do deserto e espera em campos de retenção no norte de África onde permanecem longos anos com as suas vidas não reconhecidas, em suspenso. Quem parte do Egipto (10% das chegadas) tem mais milhas marítimas ainda a percorrer até à Europa e os traficantes planeiam transferências no mar como a que originou o mortífero naufrágio de 16 de Maio último. Os tripulantes são obrigados a mudar para barcos já sobrelotados com o duplo intuito de os contrabandistas salvarem a sua pele e as suas embarcações dos resgates que os incriminariam, deixando os migrantes ao cuidado das operações navais. Estes são dados oficiais do conhecimento público que geram enorme indignação perante a persistência dos factos e aumento destes números de mortes.

Com efeito, o avolumar de corpos mortos no cemitério líquido que é o Mediterrâneo, tal como os incontáveis óbitos no deserto ou as campas sem nome em Kato Tritos ou Mytilene na Grécia, não parecem conduzir hoje, tal como há um ano atrás, a qualquer medida política europeia ou internacional de prevenção ou apoio a estas viagens empreendidas por pessoas em fuga que não são migrantes económicos. Antes se observa a continuação e o acentuar das causas das suas fugas, associadas a uma precária política de gestão das mortes daí decorrentes, explorada por traficantes, contrabandistas e oportunistas de ocasião em terra, como por exemplo os vendedores de coletes de salvação falsos relembrados pelo artista Ai Weiwei na sua instalação-protesto em Berlim. As seis colunas da Konzerthaus cobertas com coletes de náufragos chegados mortos e a lutar pela vida pelo Mar Egeu, mostraram ao mundo no início deste ano, para quem quis ver, o carácter monumental deste drama (gala Cinema for Peace), evidenciando nessa instalação temporária a contradição das políticas europeias (e internacionais) das migrações: a UE foi Prémio Nobel da Paz há poucos anos e parece conviver tranquilamente com o drama e tragédia de milhares e milhões de vidas em fuga da e para a morte… Que paz é esta? Que mérito é esse?

ESTA QUERIDA DO BOAVENTURA SOUSA SANTOS E AFINS(PARECE QUE CÁ HAVIA POUCOS E IMPORTARAM-NA) DEVE QUERER AGORA SALVAMENTO NO SARA.QUE OS IMIGRANTES NÃO MOLHEM O PÉ E NÃO APANHEM SOL A MAIS...
ALGUM DIA VIRAM ESTAS MERDAS A EXIGIR "RECIPROCIDADES" PARA OS BRANCOS INVESTIREM E RECUPERAREM O QUE LHES ROUBARAM EM ÁFRICA?NÃO?PORRA...
A NOSSA IDENTIDADE NACIONAL ESTÁ AMEAÇADA PELOS INTERNACIONALISTAS.OU LHES FAZEM A FOLHA OU ELES VOS FAZEM A VOSSA...

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