Saturday, February 20, 2016

EU A JULGAR QUE O MAMADOU BA TINHA VOLTADO PARA A GUINÉ CONAKRI...

Queixas de racismo e discriminação em manuais escolares
JOANA GORJÃO HENRIQUES 20/02/2016 - 07:47
Pais queixam-se de lenga-lengas que falam do “preto da Guiné” ensinadas a meninos do 2.º ciclo. E de poemas de autora premiada, vistos como racistas. Autora nega. Plano Nacional de Leitura vai analisar o caso. Ministério da Educação não respondeu directamente às queixas.

Na terça-feira, Matilde, sete anos, estava em casa a fazer os trabalhos de casa, a ler em voz alta um poema que seria estudado na escola no dia seguinte. Parou numa linha: “H é a Helena, é preta, diz que é morena”. Ela, negra, sentiu-se ofendida e discriminada racialmente, conta a mãe, Nina Vigon Manso. “Isto é feio. Isto não se diz. Isto ofende”, disse Matilde à mãe, segundo contou ao PÚBLICO Nina Vigon Manso.

Automaticamente, Matilde pensou em outros colegas de turma da escola, em Lisboa, não brancos: que também eles se sentiriam ofendidos. Depois conversou com a mãe sobre o que fazer quando lhe pedissem para ler em voz alta o poema: saltar aquela linha? Falar baixinho?

No dia seguinte, Nina Vigon Manso, cientista social, falou com a professora. O poema acabou por não ser lido até agora, segundo Matilde. Na altura, Matilde também parou noutra frase: “E é a Eva, olha o rabo que ela leva”.

O poema, Abecedário sem juízo, é de Luísa Ducla Soares, uma autora de cerca de 140 obras para crianças várias vezes premiadas, incluindo o Grande Prémio Calouste Gulbenkian pelo conjunto da sua obra em 1996. É um excerto do livro A Gata Tareca e outros poemas levados da breca, primeira edição de 1990, pela Teorema, e mais recentemente pela Porto Editora. Está incluído no manual escolar O Mundo da Carochinha – Português 2.º ano, de Carlos Letra e Miguel Borges, editado pela Gailivro. É recomendado pelo Plano Nacional de Leitura (PNL).

Autora premiada diz que é humor
Nina Vigon Manso, 40 anos, começou por fazer um post no Facebook, indignada com o que se passou. Esta não foi a única queixa de racismo em manuais escolares portugueses feita esta semana.

Noutro post do Facebook, Ana Vaz, 36 anos, a viver em Cabo Verde, contou que a filha estudava pelo Livro de Fichas - Alfa - Português - 2.º Ano, de Eva Lima, Nuno Barrigão, Nuno Pedroso, Vítor da Rocha, edição Porto Editora (2015), quando se confrontou com o seguinte exercício: “Lê as seguintes lengalengas. Coloca os Acentos nas palavras onde faltam/ Truz Truz/Quem é?/É o preto da Guine.../ O que tráz/ Café.” O livro é usado em Portugal.

Ana Vaz, que trabalha na área da comunicação institucional ligada ao desenvolvimento, enviou uma queixa à Provedoria de Justiça em Portugal pelo “conteúdo de carácter discriminatório e racista” do exercício. Na queixa, expressa a “indignação, enquanto encarregados de educação, com este tipo de referências num material didáctico, pelas implicações que este tipo de conteúdos têm na formação pessoal das crianças”. É “guineense de nascença, portuguesa de nacionalidade adquirida e cabo-verdiana também por descendência”, diz ao PÚBLICO.

Outra situação de discriminação étnica denunciada por um dos membros do SOS Racismo, Mamadou Ba, foi um livro da Porto Editora com a letra de uma canção de José Cid e do Quarteto 1111, A Lenda del Rei Dom Sebastião: “Ciganos vindos de longe/Falcatos desconhecidos/ Tentando iludir o povo/ Afirmaram serem eles/ El Rei D. Sebastião/E que voltava de novo”.

Nina Vigon Manso recebeu depois mais uma queixa sobre Poemas da Mentira e da Verdade, também de Luísa Ducla Soares, uma variação do poema que a filha estudava, onde se pode ler: “X é o Xavier, usa roupa de mulher/ C é a Camila com corpinho de gorila/ G é o Gonçalo, já hoje levou um estalo/ I é a Inês, a dar beijos num chinês.” O livro é recomendado pelo PNL para o 3º ano.

Agora exige que os textos sejam retirados das salas de aulas. “Não são leituras recomendáveis para crianças. Vivemos em pleno séc. XXI. Racismo não deve ser tolerado nem transmitido através de manuais escolares. Nem crimes como bullying, homofobia, body shaming e outros. As escolas são espaços de formação pessoal e cívica, promoção e protecção de projectos de vida, criação de princípios e valores baseados em igualdade e inclusão total.”

Ao PÚBLICO, Luísa Ducla Soares, 76 anos, recusa qualquer intenção discriminatória no poema e diz-se "perplexa" com as acusações: “Não tem conteúdo racista. Também podia dizer ‘é loira, diz que é ruiva’. Sempre me bati, ao longo da minha vida, contra o racismo.” Justifica: “Em vários dos meus livros apresento mensagens claras sobre causas que defendo mas noutros gosto de brincar com as palavras, com o nonsense, de cultivar o humor que consegue trazer para a leitura muitas crianças que de outra forma a ela não aderiam. O texto citado é um Alfabeto sem juízo que , como o nome indica, é uma brincadeira com o alfabeto que fiz após várias crianças me terem dito que detestavam o alfabeto e se recusavam a decorá-lo. Rindo com ele, sem mensagens nem preconceitos, elas aderem a este texto e fazem, elas próprias, alfabetos fantasiosos, alguns cheios de graça e imaginação. Nunca alguém me disse que tais alfabetos tivessem dado lugar a bullying". E refere que até escreveu uma história onde uma menina negra assume o orgulho de o ser no poema Negra e outro poema que se chama Meninos de Todas as Cores. "Toda a vida lutei pela liberdade, pelos direitos humanos, sou sócia fundadora do Instituto de Apoio à Criança, publiquei livros para os mais novos contra o racismo e diariamente nas escolas faço o elogio da diferença".

MAS AFINAL NÃO.ANDA A REUNIR A SUA TRIBO LÁ EM ODIVELAS E CLARO POR NOSSA CONTA...

PS

VÃO VER QUE AGORA EM NOME DO COMBATE AO RACISMO AINDA VÃO INCLUIR NOS PROGRAMAS OS NOMES DOS RIOS E DOS CAMINHOS DE FERRO DA ÁFRICA TODA...PARA "AFRICANIZAR" OS DITOS...

PS1

ATENÇÃO AOS CIENTISTAS SOCIAIS ALUNOS DO BOAVENTURA SOUSA SANTOS E AFINS...

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