Morreu Silvino Silvério Marques. Morreu 39 anos depois de ter sido nomeado Governador-Geral de Angola. Em boa verdade ele fora escolhido para ser Governador-Geral de Moçambique mas manobras várias de bastidores levaram a que Angola fosse o seu destino. Assim a 11 de Junho no Palácio de Belém, Spínola dá-lhe posse como Governador-Geral de Angola. A sala estava cheia. Estão presentes o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Costa Gomes; Almeida Santos, Ministro da Coordenação Interterritorial; representantes da Coordenadora do MFA; Adelino da Palma Carlos primeiro-ministro…
Spínola discursa e garante: “Poderão pois estar tranquilos os africanos que se mantiveram neutros, porque não lhes será negado, por essa razão, o direito de optar. Poderão estar tranquilos os africanos que se nos confiaram e ao nosso lado combateram, tendo já feito a sua opção. E poderão estar tranquilos os europeus que chamam à África a sua terra e ali se sentem cidadãos como quaisquer outros; não os abandonaremos na cobarde procura do fácil e na demagógica busca da popularidade. Poderão também estar tranquilos quantos vêm lutando pelo direito à autodeterminação, pois que a sua vontade será respeitada pela vontade das maiorias. A todos garantiremos que nessa hora grande serão chamados, sem excepção, a dar o seu voto. Essa hora já não vem longe, mas até lá teremos de percorrer aceleradamente o caminho que devíamos ter percorrido nos últimos 50 anos. Assim nos entendam e nos ajudem o mundo, e os portugueses de sã consciência e recta intenção.”
Almeida Santos outro dos oradores não só reitera o que Spínola afirmara momentos antes como alerta para o caracter provisório, logo limitado, do governo que Silvério Marques vai chefiar: “as grandes mutações político-militares, essas, segundo o programa do Movimento das Forças Armadas – lei constitucional do País – compete à Nação primeiro, e a cada território ultramarino depois, debatê-las e defini-las.”. Por fim desenvolve o mote que dias antes lançara em Benguela: “A vontade dos povos tem de ser um dogma para todos nós. Seja qual for essa vontade”
A 11 de Junho o Exército português controlava militarmente todo o território angolano. Mas desde Maio circulava em Angola um abaixo-assinado subscrito por oficiais, sargentos e praças que por essa pública e notória via afirmavam a sua recusa de entrar em combate. E também é verdade que à suspensão anunciada pelo Comando Militar de Angola, no final de Maio, das operações militares ofensivas e ao apelo das autoridades portuguesas para que as guerrilhas independentistas angolanas aceitassem um cessar-fogo tanto a UNITA, como a FNLA e o MPLA tinham respondido atacando ou seja, como é dos manuais mais elementares das guerrilhas, aproveitaram o cessar-fogo anunciado de forma unilateral para reactivarem a sua actividade, pretendendo desse modo ganhar força e protagonismo nas futuras negociações sobre o destino daquele território.
Por outro lado Silvino Silvério Marques ignorava que dias antes, em Luanda, o general Costa Gomes assinara um despacho que retirara ao Governador-geral de Angola competência sobre a PSP e a Organização Provincial de Voluntários de Defesa Civil. Ou seja os poderes de Silvino Silvério Marques tinham sido diminuídos sem que ele o soubesse e consequentemente diminuída estava também a sua capacidade para garantir a tranquilidade aos angolanos. E muito menos sabia da destravada política de diplomacia paralela levada a cabo pelos dirigentes portugueses: a 2 de Maio, Mário Soares que não era ainda ministro dos Negócios Estrangeiros partira a pedido de Spínola para as capitais europeias em busca do apoio internacional de que Lisboa precisava. Em Bruxelas, resolve encontrar-se por sua “exclusiva iniciativa” com Agostinho Neto. Nesse encontro terá garantido a Agostinho Neto questões de princípio: “Que iria haver contactos e negociações entre nós para chegarmos rapidamente ao cessar-fogo e, depois, à paz.” Já o líder africano terá procurado obter “informações, precisões sobre pontos para ele obscuros, quem era quem no MFA” . A atitude cautelosa de Agostinho Neto é tão mais justificada e sensata quanto, nesse encontro, ele terá constatado que Mário Soares ignorava que no dia seguinte ele, Agostinho Neto, iria encontrar-se em Genebra com um enviado de Spínola, Nunes Barata. Segundo Nunes Barata o embaixador português em Copenhaga teria feito saber que Agostinho Neto desejava encontrar-se com um delegado da Junta de Salvação Nacional. Na sequência desta informação, o general Spínola envia Nunes Barata ao encontro de Agostinho Neto. Nunes Barata viaja sozinho. Leva uma proposta da JSN ou pelo menos de Spínola: “reunir todos os movimentos de libertação, nos Açores, a que se guiria uma consulta, a realização de eleições, etc…” A reacção de Agostinho Neto a esta proposta “não foi contrária” embora o sim à cimeira tenha ficado condicionado a uma reunião que o MPLA iria fazer em Brazaville. Nunca veio obviamente resposta alguma. Porquê? Segundo Nunes Barata porque “Possivelmente, o bureau político [do MPLA] não aceitou as conversações. É provável que tenha havido contactos, por parte de forças políticas portuguesas, que se movimentaram para evitar a conferência.” No seu livro “País sem rumo” Spínola identifica estas “forças políticas portuguesas” como “elementos pró-comunistas do MFA”.
O resto foi o que se sabe. Entretanto os jornalistas corriam eufóricos a dar conta de tanta clarividência e pioneirismo na descolonização e claro destacavam que a administração dos TLP se sentira obrigada a reiterar publicamente que durante as horas de serviço “As telefonistas não foram proibidas de cozinhar para os fusileiros”. Em boa verdade a os revolucionários precisavam de ser alimentados e aquilo a que se chamou descolonização precisava de folclore. Silvino Silvério Marques exerceu o cargo de Governador-Geral de Angola por pouco mais que um mês. Nem ele nem o Governador-Geral de Moçambique, Henrique Soares de Melo, resistiram. Nem podiam resistir. Foram nomeados unicamente para dar tempo a que os reais e desencontrados protagonistas de uma tragédia ocupassem os seus lugares.
O ROSA COUTINHO FOI UM.O VASCO GONÇALVES FOI OUTRO.MAS EXISTEM MUITOS MAIS.COMO O OTELO.O VASCO.
Além do COPCON, as centrais de emissão de mandatos de captura são a Comissão de Extinção da PIDE/DGS, com o comandante Conceição e Silva, e o próprio gabinete do Primeiro-Ministro (29 de Setembro).
FELIZMENTE QUE APESAR DE TEREM SIDO MANDADOS PARA CASA EM 1975 OU SE TEREM IDO EMBORA DE VONTADE PRÓPRIA AGORA PAGAM-LHES A PENSÃO COMO SE TIVESSEM ESTADO SEMPRE AO SERVIÇO.O CRIME COMPENSA OU NÃO?
E A "MEDIDA" FOI DO APLAUSO DA "DIREITA".CONFIEM NESTE PALHAÇOS TODOS CONFIEM QUE OS SEFARDITAS VÃO FAZER BOM DINHEORO AVENDÊ-LOS PARA ÁFRICA...