Entre Deus e o Diabo. A história de André Ventura antes de ser líder do Chega
6 MARÇO 2021 19:28
Fundamentalista religioso, usou cilício e autoinfligiu-se castigos corporais. A história de André Ventura antes de ser líder do Chega é um manual de como subir na vida
os gabinetes dos políticos costuma haver fotos com líderes e figuras históricas, retratos assinados de Papas e Presidentes em molduras de prata, mas em cima desta secretária nem sequer há uma imagem da família. André Ventura só tem uma foto na mesa, junto ao ecrã do computador, onde aparece ao lado do seu confessor e diretor espiritual, o padre Mário Rui Pedras, pároco de São Nicolau, uma igreja na Baixa lisboeta conhecida pelo conservadorismo — é um dos raros templos onde ainda são celebradas missas em latim — e que no último 1º de Maio apelou a um “sobressalto católico”, numa homilia noticiada por o sacerdote ter dito que é “a ‘geringonça’ que manda neste país” (a propósito da manifestação da CGTP). Este pequeno sinal revela muito sobre o líder do Chega, o primeiro deputado de um partido da direita radical, populista, com retórica exacerbada, racista e xenófoba, que parte da esquerda quer ilegalizar. Em pouco mais de dois anos, colocou-se no centro da discussão, misturou o estilo ofensivo de Trump e Bolsonaro com a escola dos debates desportivos, contribuiu para a quase extinção do CDS e está a baralhar as contas do PSD para o dia em que for preciso formar um Governo. O homem que há quatro anos era conhecido apenas pelos comentários da bola deve à religião aquilo em que se tornou, ou não passaria de mais um indignado taxista da linha de Sintra, a dizer mal de ciganos, de pretos e dos resultados do Benfica.
6 MARÇO 2021 19:28