Guadiana: Apreendidas 1,3 toneladas de haxixe
Brigada Fiscal alerta para desembarque
Lancha voadora foi interceptada na margem espanhola do Guadiana, mesmo por debaixo da ponte
Uma patrulha terrestre do Destacamento Fiscal da GNR de Vila Real de Santo António avistou, na madrugada de ontem, uma lancha voadora a subir o Rio Guadiana com um carregamento de haxixe.
Os militares portugueses aperceberam-se da operação de desembarque na margem espanhola, mesmo por debaixo da ponte internacional, e alertaram a Guardia Civil, que acabou por concretizar a apreensão de 42 fardos de haxixe e a detenção de seis traficantes. Um sétimo fugiu a nado para a margem portuguesa e continua desaparecido.
Duas horas e vinte da madrugada. Um semi-rígido de 12 metros, com três motores de 250 cavalos cada, sobe o Guadiana sem qualquer iluminação. Na margem portuguesa, a evolução do barco é acompanhada por três elementos de uma patrulha terrestre da Brigada Fiscal, com equipamento de visão nocturna. O comando da Guardia Civil em Huelva é alertado e sai para o rio um semi-rígido da BF.
Os traficantes estão a desembarcar os fardos de haxixe quando chega a Guardia Civil, com meios terrestres, duas lanchas rápidas e um helicóptero. Imobilizam os traficantes com disparos de armas de fogo, mas um consegue nadar para a margem portuguesa. Foi por duas vezes avistado pelas câmaras de visão térmica dos militares portugueses, mas conseguiu escapar e, até à hora do fecho desta edição, permanecia desaparecido.
PORMENORES
APREENSÃO
Foram apreendidos 42 fardos, com um total de 1,3 toneladas de haxixe, e uma lancha voadora. Mais dois fardos foram recolhidos da água pela Marinha. Foram detidos seis traficantes.
RAPIDEZ
A rapidez e a quantidade de meios que a Guardia Civil fez deslocar sugerem a possibilidade de já estar a acompanhar o desembarque. Mas a Brigada Fiscal fez dois avisos para Huelva.
FUGITIVO
Um traficante fugiu a nado para a margem portuguesa. Foi visto por duas vezes em terra e numa delas a GNR chegou a falar-lhe. Mas conseguiu fugir. Militares procuraram-no durante todo o dia de ontem.
Friday, October 19, 2007
NINGUÉM QUER ISTO.PORTANTO ACABEM COM AS INVASÕES.
La presse algérienne réclame la "reconnaissance" du massacre du 17 octobre 1961
rappelle que ce 17 octobre 1961, une manifestation pacifique visant à dénoncer le couvre-feu imposé à ceux que l'on appelait alors, souvent "dans une ambiance de haine", des "musulmans", se solda par 200 à 300 morts, passés à tabac, tués ou jetés dans la Seine, 3 000 blessés, 11 500 arrestations suivies le lendemain par celles de 1 000 femmes et 500 enfants.
NUMA GUERRA SUBVERSIVA NEM SEMPRE QUEM A DESENCADEIA FICA A GANHAR...
rappelle que ce 17 octobre 1961, une manifestation pacifique visant à dénoncer le couvre-feu imposé à ceux que l'on appelait alors, souvent "dans une ambiance de haine", des "musulmans", se solda par 200 à 300 morts, passés à tabac, tués ou jetés dans la Seine, 3 000 blessés, 11 500 arrestations suivies le lendemain par celles de 1 000 femmes et 500 enfants.
NUMA GUERRA SUBVERSIVA NEM SEMPRE QUEM A DESENCADEIA FICA A GANHAR...
NA SUIÇA A DIREITA ASSUMIDA E SEM VERGONHA GANHA
Selon les derniers sondages, le vote du 21 octobre ne devrait d'ailleurs pas modifier l'équilibre des forces : l'UDC arrivant en tête (27 %), suivie par le Parti socialiste (22 %), le Parti démocrate-chrétien (PDC, centriste) et le Parti radical-démocratique (PRD, libéral) - 15 % chacun -, seuls les Verts (10 %) progressant. Mais quels que soient les résultats, la campagne 2007 aura marqué un tournant, révélant la fragilité d'un système politique basé sur la concordance, dont la survivance est désormais mise en cause par ce que l'on appelle ici "le phénomène Blocher".
Thursday, October 18, 2007
AINDA O PROGRAMA PREC DA DRA FÁTIMA
PASSADOS ESTES DIAS DE NOJO TENHO A LAMENTAR QUE A TELEVISÃO PAGA PELOS IMPOSTOS DOS PORTUGUESES(NESTE PARTICULAR TODOS, ATÉ OS QUE DOBRAM OU TRIPLICAM MERCÊ DOS MOTORES DE REGA)CONVIDE PARA FAZER OPINIÃO AUTÊNTICOS ENERGÚMENOS, DO MAIS RASCA QUE OS VERDADEIROS PORTUGUESES PODEM VER E OUVIR.
JULGAVA QUE ESSES NEGROS TEMPOS ESTAVAM DEFINITIVAMENTE ENCERRADOS E QUE AGORA ERA TUDO DEVIDAMENTE "AVALIADO" E " MUITO EXCELENTE" PARA SERVIR DE EXEMPLO.PURO ENGANO.
UM TAL CORONEL GLÓRIA ALVES,GAGO, QUE SÓ SE SAFOU DA AVALIAÇÃO NEGATIVA DA SUA ARMA DE ORIGEM, A ARTILHARIA, POR TER IDO PARA OS COMANDOS, ONDE A EXEMPLO ALIÁS DE OUTROS SÓ PASSOU O TEMPO, SEM RESULTADOS,ARREGIMENTOU UNS PRETOS MOÇAMBICANOS PARA NOS FLAGELAREM COM A CONVERSA DO COSTUME.CONTINUA PORTANTO A SERVIR OUTROS QUE NÃO OS SEUS COMPATRIOTAS.MAS TEM CAPACIDADE DE SERVIR QUEM LHE MANDAR FAZER O QUE QUISER, QUE É DAQUELES TIPO CORTIÇA QUE NUNCA AFUNDA.OU TIPO ENGUIA QUE TODOS OS OBSTÁCULOS CONSEGUE VENCER.NÃO TEM É CARÁCTER NEM HONESTIDADE , NOMEADAMENTE INTELECTUAL.
POR ESTE CASO PODE AQUILATAR-SE O QUE VAI RESULTAR DO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS.COMO SEMPRE HOUVE NO EXÉRCITO E COM OS RESULTADOS QUE ESTE EXEMPLAR REPRESENTA.
SE O ANTERIOR NÃO PRECISOU DE "RECONSTITUIÇÃO DE CARREIRA" POIS ATÉ A MOÇAMBIQUE O MANDARAM,AO CLEMENTE BASTOU SER GENEROSAMENTE AVALIADO POR UM DOS GENERAIS PS/PREC QUE NÃO POR ACASO, TANTO SAÍA COMO ENTRAVA NA ORGANIZAÇÃO(PARA OS AMIGOS TUDO).
SE A FINALIDADE DO PROGRAMA ERA MOSTRAR A MISÉRIA INTELECTUAL E DE PENSAMENTO ESTRATÉGICO QUE ANIMAVA OS PARTICIPANTES CONSEGUIRAM-NO PLENAMENTE.COM ESTES QUALQUER ENVOLVIMENTO DO PAÍS QUE LHES FOSSE DETERMINADO ESTAVA CONDENADO AO FRACASSO.
E QUE ENVERGONHARAM MAIS UMA VEZ AQUELES QUE CUMPRIRAM AS SUAS MISSÕES SEM PADRINHOS , SEM PARTIDOS E SÓ GARANTINDO A SUA FIDELIDADE Á NAÇÃO E Á SUA CONSCIÊNCIA.
PS
COMO UM AZAR NUNCA VEM SÓ A TV MOSTROU ESTA SEMANA UM OUTRO, GENERAL, ANTIGO CAVALEIRO, QUE SE FOSSE ENVERGONHADO TINHA MANTIDO UM LOW PROFILE A GOZAR A SUA REFORMAZINHA, SEM NOS INCOMODAR COM A SUA IMAGEM E SE PRETENDESSE CONTINUAR A VISITAR CERTA CARREIRA DE TIRO AOS FINS DE SEMANA.
PS1
OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS PODEM FICAR TRANQUILOS QUE SERÃO OS MELHORES A CHEGAR AO TOPO, TAL COMO NAS FA´S... MAS AVISO JÁ QUE, COMO O BOLO É TÃO PEQUENO, NORMALMENTE SÃO SEMPRE OS MESMOS A LÁ CHEGAR, INDEPENDENTEMENTE DAS ASNEIRAS FEITAS OU TARAS QUE TENHAM.SE O CHEFE NÃO TIVER SEMPRE RAZÃO, ESTÃO FEITOS.
JULGAVA QUE ESSES NEGROS TEMPOS ESTAVAM DEFINITIVAMENTE ENCERRADOS E QUE AGORA ERA TUDO DEVIDAMENTE "AVALIADO" E " MUITO EXCELENTE" PARA SERVIR DE EXEMPLO.PURO ENGANO.
UM TAL CORONEL GLÓRIA ALVES,GAGO, QUE SÓ SE SAFOU DA AVALIAÇÃO NEGATIVA DA SUA ARMA DE ORIGEM, A ARTILHARIA, POR TER IDO PARA OS COMANDOS, ONDE A EXEMPLO ALIÁS DE OUTROS SÓ PASSOU O TEMPO, SEM RESULTADOS,ARREGIMENTOU UNS PRETOS MOÇAMBICANOS PARA NOS FLAGELAREM COM A CONVERSA DO COSTUME.CONTINUA PORTANTO A SERVIR OUTROS QUE NÃO OS SEUS COMPATRIOTAS.MAS TEM CAPACIDADE DE SERVIR QUEM LHE MANDAR FAZER O QUE QUISER, QUE É DAQUELES TIPO CORTIÇA QUE NUNCA AFUNDA.OU TIPO ENGUIA QUE TODOS OS OBSTÁCULOS CONSEGUE VENCER.NÃO TEM É CARÁCTER NEM HONESTIDADE , NOMEADAMENTE INTELECTUAL.
POR ESTE CASO PODE AQUILATAR-SE O QUE VAI RESULTAR DO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS.COMO SEMPRE HOUVE NO EXÉRCITO E COM OS RESULTADOS QUE ESTE EXEMPLAR REPRESENTA.
SE O ANTERIOR NÃO PRECISOU DE "RECONSTITUIÇÃO DE CARREIRA" POIS ATÉ A MOÇAMBIQUE O MANDARAM,AO CLEMENTE BASTOU SER GENEROSAMENTE AVALIADO POR UM DOS GENERAIS PS/PREC QUE NÃO POR ACASO, TANTO SAÍA COMO ENTRAVA NA ORGANIZAÇÃO(PARA OS AMIGOS TUDO).
SE A FINALIDADE DO PROGRAMA ERA MOSTRAR A MISÉRIA INTELECTUAL E DE PENSAMENTO ESTRATÉGICO QUE ANIMAVA OS PARTICIPANTES CONSEGUIRAM-NO PLENAMENTE.COM ESTES QUALQUER ENVOLVIMENTO DO PAÍS QUE LHES FOSSE DETERMINADO ESTAVA CONDENADO AO FRACASSO.
E QUE ENVERGONHARAM MAIS UMA VEZ AQUELES QUE CUMPRIRAM AS SUAS MISSÕES SEM PADRINHOS , SEM PARTIDOS E SÓ GARANTINDO A SUA FIDELIDADE Á NAÇÃO E Á SUA CONSCIÊNCIA.
PS
COMO UM AZAR NUNCA VEM SÓ A TV MOSTROU ESTA SEMANA UM OUTRO, GENERAL, ANTIGO CAVALEIRO, QUE SE FOSSE ENVERGONHADO TINHA MANTIDO UM LOW PROFILE A GOZAR A SUA REFORMAZINHA, SEM NOS INCOMODAR COM A SUA IMAGEM E SE PRETENDESSE CONTINUAR A VISITAR CERTA CARREIRA DE TIRO AOS FINS DE SEMANA.
PS1
OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS PODEM FICAR TRANQUILOS QUE SERÃO OS MELHORES A CHEGAR AO TOPO, TAL COMO NAS FA´S... MAS AVISO JÁ QUE, COMO O BOLO É TÃO PEQUENO, NORMALMENTE SÃO SEMPRE OS MESMOS A LÁ CHEGAR, INDEPENDENTEMENTE DAS ASNEIRAS FEITAS OU TARAS QUE TENHAM.SE O CHEFE NÃO TIVER SEMPRE RAZÃO, ESTÃO FEITOS.
DISTRIBUIÇÃO DE SIDA
Um cirurgião, seropositivo, poderá ter que mudar de especialidade médica se ficar provado que representa um risco para os doentes. O caso, noticiado pelo Jornal Público, foi detectado no âmbito de um teste HIV/Sida feito pelos serviços de medicina do trabalho num hospital público.
O próprio cirurgião em causa desconhecia que era seropositivo, mas tendo conhecimento dos resultados, o médico do trabalho comunicou-os à direcção clínica e à administração do hospital. Agora, se ficar provado que representa um risco de contágio para os doentes, o cirurgião pode ter de mudar de especialidade.
QUANDO FOREM AOS RESTAURANTES ESPREITEM PARA AS COZINHAS E PERGUNTEM SE AQUELE PESSOAL, MUITO DAQUELE QUE FAZ O QUE OS PORTUGUESE JÁ NÃO QUEREM, ALGUM DIA FEZ OS EXAMES DE SIDA.UMAS PINGUINHAS DE SANGUE QUANTAS PESSOAS PODE INFECTAR?
O próprio cirurgião em causa desconhecia que era seropositivo, mas tendo conhecimento dos resultados, o médico do trabalho comunicou-os à direcção clínica e à administração do hospital. Agora, se ficar provado que representa um risco de contágio para os doentes, o cirurgião pode ter de mudar de especialidade.
QUANDO FOREM AOS RESTAURANTES ESPREITEM PARA AS COZINHAS E PERGUNTEM SE AQUELE PESSOAL, MUITO DAQUELE QUE FAZ O QUE OS PORTUGUESE JÁ NÃO QUEREM, ALGUM DIA FEZ OS EXAMES DE SIDA.UMAS PINGUINHAS DE SANGUE QUANTAS PESSOAS PODE INFECTAR?
ROUBADO NA ORIGEM DAS ESPÉCIES
17 Outubro, 2007
||| 27 de Maio de 1977. Estação das Chuvas.
«Por estranho que pareça, as atrocidades cometidas no Chile de Pinochet, se comparadas com o que se passou, de 1977 a 1979, no país de Agostinho de Neto, assumem modestas proporções. E o mais chocante é que, no caso de Angola, nem sequer atingiram inimigos, mas sim membros da própria família política.»
«Na margem sul do Tejo, faleceu recentemente um angolano, antigo membro do MPLA, a quem por alturas do 27 de Maio foi atribuída a tarefa de coveiro. Há quem se lembre de o ouvir contar que fora obrigado a sepultar pessoas vivas. Milhares de famílias de angolanos nunca puderam enterrar os seus mortos.»
«[...] Eram presos e enviados, sem qualquer processo, para campos de concentração. Muitos dos que morreram nem sequer sabiam quem era Nito Alves. E eram muitos os que tinham menos de 18 anos. Entre os detidos encontravam-se, até, soldados que não estavam em Angola no dia 27 de Maio.»
«Houve pessoas que foram presas e até mortas, porque eram amigos ou parentes afastados. Pior, quando eram parentes próximos.»
«De modo que os soldados entravam nas casas perguntando onde estavam os intelectuais ou os estudantes. E acabaram por matar muitos.»
«A chamada Comissão das Lágrimas foi criada pelo Bureau Políticos do MPLA com o objectivo de seleccionar os depoimentos dos presos do 27 de Maio. No entanto, como veremos, alguns dos seus membros interrogaram ou provocaram os detidos. Dela fizeram parte: Iko Carreira, Henrique Santos (Onambwé), Ambrósio Lukoki, Costa Andrade (Ndunduma), Paulo Teixeira Jorge, Manuel Rui, Diógenes Boavida, Artur Carlos Pestana (Pepetela), José Mateus da Graça (Luandino Vieira), Mendes de Carvalho, Henrique Abranches, Eugenio Ferreira, Rui Mingas, Beto van Dunem, Cardoso de Matos, Paulo Pena e outros não identificados.»
«O inquiridor principal foi Artur Carlos Pestana (Pepetela). Num registo particularmente agressivo, queria saber quais eram as suas actividades, se e quando tivera reuniões, quem contactava, como funcionavam as ligações entre os sectores da educação, da saúde e da função pública. [...] Foi também interrogado por Manuel Rui. [...] Maria da Luz Veloso, na altura com 47 anos, também se lembra de ter comparecido nesta Comissão, onde foi interrogada por Pepetela e por Manuel Rui. [...] Como não fazia o que pretendiam, Manuel Rui não hesita em dizer: “A minha vontade era dar-lhe um par de bofetadas. Você não colabora. Vejo-me obrigado a entregá-la aos militares.” Os detidos passavam para os militares. E para as torturas.»
«Presos atirados pelas escadas e, no pátio, brutalmente espancados. Berravam e pediam clemência. Quase desfalecidos eram atirados para dentro de viaturas. Um mercenário norte-americano comentava: “Já vi muita coisa na minha vida. Mas nunca tinha visto tal coisa.”»
«João Jacob Caetano, o lendário Monstro Imortal, morreu com o garrote do nguelelo. Também consta que o tinham cegado. Foi interrogado por Pedro Tonha (Pedalé), o qual, possivelmente como prémio, subirá do 10º para 4º lugar na hierarquia do MPLA. No entanto, nem coragem tinha para lhe fazer as perguntas. Os algozes deixavam na sala um gravador, para depois reproduzirem o que dizia. E iam apertando o garrote. [...] Ao que parece, atiraram o corpo de um avião.»
«A indicação para o seu fuzilamento [Nito Alves] terá sido do presidente da República, embora na Fortaleza, onde estava, a ordem tenha sido dada por Iko Carreira, Henrique Santos (Onambwé) e Carlos Jorge. Nito não quis que lhe tapassem os olhos, pois queria ver os que o iam matar. O corpo foi varado por umas três dezenas de balas. E um dos chefes ainda lhe foi dar o tiro de misericórdia. O seu corpo foi atirado ao mar, com um peso.»
«Carlos Jorge, Pitoco e Eduardo Veloso chicoteia-no [a Costa Martins], batem-lhe com um pau com espigão de ferro, massacram-lhe as costas com correias de uma ventoinha de camião. Ao chicote chamavam Marx e, ao espigão, Lenine. Uma das vezes puseram-no numa sala, junto a uma máquina de choques eléctricos. Ainda cheirava a carne queimada.»
«Em meados de Junho [Sita Valles] é presa com o marido [José Van Dunem]. Entra no Ministério da Defesa de mão dada com José. [...] Terá ido para a Fortaleza de S. Miguel. Terá sido torturada e violada por elementos da DISA. [...] Várias fontes, entre as quais um responsável da DISA, declaram que se encontrava novamente grávida. Terão esperado que tivesse a criança para depois a fuzilar. O bebé nunca foi entregue à família. [...] Uma presa ouviu contar que, antes de a matarem, lhe deram um tiro em cada braço e em cada perna.» [Correcção aos autores, por mão amiga deste blog: o filho de Sita Valles foi entregue à família e foi criado por Francisca Van Dunem. Doutorou-se em economia em Inglaterra, trabalhou para o Banco Mundial em Maputo e está a fazer um pós-doutoramento na Dinamarca.]
«Os cálculos sobre o número de mortos variam. Um responsável da DISA, ouvido por nós, fala em 15 000. A Amnistia Internacional fez um levantamento e avançou com 20 000 a 40 000. Adolfo Maria, militante da Revolta Activa, e José Neves, um juiz militar, falam de 30 000 mortos. O jornal Folha 8 falou de 60 000. E a chamada Fundação 27 de Maio foi até aos 80 000. [...] Quedemo-nos pelos 30 000 mortos. Dez vezes mais mortos do que no Chile de Pinochet. Na própria família política. Sem qualquer julgamento. E em muitos casos sem qualquer relação com os acontecimentos.»
«Em Malanje foram fuziladas mais de mil pessoas. No Moxico, Huambo, Lobito, Benguela, Uíje e Ndatalando aconteceu o mesmo. No Bié mataram cerca de 300 pessoas. Em Luanda, os fuzilamentos prosseguiram durante meses e meses.»
«As cadeias eram sucessivamente cheias e sucessivamente esvaziadas, desaparecendo as pessoas. [...] Um grupo de militares foi morto na periferia de Luanda, junto a uma praia. Foram abatidos um a um, com tiros na cabeça. Os vivos que assistiam à cena pediam clemência. Os verdugos divertiam-se. E continuavam a matar, com um tiro na cabeça.»
«As forças de segurança prenderam muita gente jovem que, na manhã de 27 de Maio de 1977, andava nas ruas de Luanda. Centenas deles foram levados para um Centro de Instrução Revolucionária na Frente Leste e os dirigentes locais assassinaram-nos friamente.»
«Estudantes que estavam na União Soviética, na Bulgária, na Checoslováquia e noutros países do Leste, foram mandados regressar. No aeroporto de Luanda foram presos. E muitos foram decapitados, sem saberem a razão. [...] Nas Faculdades desapareceram cursos inteiros. No Lubango, dirigentes e quadros da juventude foram atados de pés e mãos e atirados do alto da Tundavala.»
«Onde param os fuzilados? Uns foram depositados em valas comuns. Outros lançados de avião ou de helicóptero para o mar ou para a mata. [...] Um ano depois do 27 de Maio, ainda se matava. Ademar Valles [irmão de Sita Valles] foi morto em Março de 1978.»
«O juiz José Neves conclui: “Foi um verdadeiro genocídio. Em Angola devem ter morrido umas 30 000 pessoas.”»
«A questão dos presos portugueses em Angola era tratada com a máxima moderação, ao contrário do que acontecia com na imprensa ocidental com casos de idêntica natureza. [...] A solidariedade com os presos políticos angolanos era, também, um tema de excepção na imprensa portuguesa, evitando-se qualquer crítica ao regime do MPLA. Apenas a poetisa Natália Correia, no Jornal Novo, se referira a um regime de sistemática repressão policial, falando mesmo no Gulag angolano.»
«Muitos dos “libertadores” sonhavam com a casa, o carro, os privilégios e as posições dos colonos. Conquistaram-nas e tornaram-se piores do que estes. Desculpar-se-ão com a guerra. Só que a guerra, que tantos matou e estropiou, alimentou um punhado de pessoas, que se tornaram insultuosamente ricas.»
Dalila Cabrita Manteus e Álvaro Mateus, Purga em Angola. Nito Alves, Sita Valles, Zé Van Dunem e o 27 de Maio de 1977. Edições Asa.
Alguns links úteis:
Sobreviventes dos acontecimentos de 27 de Maio de 77 ainda procuram explicações. || O silêncio que grita. ||O dia mais negro. || Recordações de um desastre, por Ferreira Fernandes. || Associação 27 de Maio. || Carta de Carlos Pacheco a Pepetela.
[FJV]
Etiquetas: Conspiração, Política, África
Link || 10/17/2007
||| 27 de Maio de 1977. Estação das Chuvas.
«Por estranho que pareça, as atrocidades cometidas no Chile de Pinochet, se comparadas com o que se passou, de 1977 a 1979, no país de Agostinho de Neto, assumem modestas proporções. E o mais chocante é que, no caso de Angola, nem sequer atingiram inimigos, mas sim membros da própria família política.»
«Na margem sul do Tejo, faleceu recentemente um angolano, antigo membro do MPLA, a quem por alturas do 27 de Maio foi atribuída a tarefa de coveiro. Há quem se lembre de o ouvir contar que fora obrigado a sepultar pessoas vivas. Milhares de famílias de angolanos nunca puderam enterrar os seus mortos.»
«[...] Eram presos e enviados, sem qualquer processo, para campos de concentração. Muitos dos que morreram nem sequer sabiam quem era Nito Alves. E eram muitos os que tinham menos de 18 anos. Entre os detidos encontravam-se, até, soldados que não estavam em Angola no dia 27 de Maio.»
«Houve pessoas que foram presas e até mortas, porque eram amigos ou parentes afastados. Pior, quando eram parentes próximos.»
«De modo que os soldados entravam nas casas perguntando onde estavam os intelectuais ou os estudantes. E acabaram por matar muitos.»
«A chamada Comissão das Lágrimas foi criada pelo Bureau Políticos do MPLA com o objectivo de seleccionar os depoimentos dos presos do 27 de Maio. No entanto, como veremos, alguns dos seus membros interrogaram ou provocaram os detidos. Dela fizeram parte: Iko Carreira, Henrique Santos (Onambwé), Ambrósio Lukoki, Costa Andrade (Ndunduma), Paulo Teixeira Jorge, Manuel Rui, Diógenes Boavida, Artur Carlos Pestana (Pepetela), José Mateus da Graça (Luandino Vieira), Mendes de Carvalho, Henrique Abranches, Eugenio Ferreira, Rui Mingas, Beto van Dunem, Cardoso de Matos, Paulo Pena e outros não identificados.»
«O inquiridor principal foi Artur Carlos Pestana (Pepetela). Num registo particularmente agressivo, queria saber quais eram as suas actividades, se e quando tivera reuniões, quem contactava, como funcionavam as ligações entre os sectores da educação, da saúde e da função pública. [...] Foi também interrogado por Manuel Rui. [...] Maria da Luz Veloso, na altura com 47 anos, também se lembra de ter comparecido nesta Comissão, onde foi interrogada por Pepetela e por Manuel Rui. [...] Como não fazia o que pretendiam, Manuel Rui não hesita em dizer: “A minha vontade era dar-lhe um par de bofetadas. Você não colabora. Vejo-me obrigado a entregá-la aos militares.” Os detidos passavam para os militares. E para as torturas.»
«Presos atirados pelas escadas e, no pátio, brutalmente espancados. Berravam e pediam clemência. Quase desfalecidos eram atirados para dentro de viaturas. Um mercenário norte-americano comentava: “Já vi muita coisa na minha vida. Mas nunca tinha visto tal coisa.”»
«João Jacob Caetano, o lendário Monstro Imortal, morreu com o garrote do nguelelo. Também consta que o tinham cegado. Foi interrogado por Pedro Tonha (Pedalé), o qual, possivelmente como prémio, subirá do 10º para 4º lugar na hierarquia do MPLA. No entanto, nem coragem tinha para lhe fazer as perguntas. Os algozes deixavam na sala um gravador, para depois reproduzirem o que dizia. E iam apertando o garrote. [...] Ao que parece, atiraram o corpo de um avião.»
«A indicação para o seu fuzilamento [Nito Alves] terá sido do presidente da República, embora na Fortaleza, onde estava, a ordem tenha sido dada por Iko Carreira, Henrique Santos (Onambwé) e Carlos Jorge. Nito não quis que lhe tapassem os olhos, pois queria ver os que o iam matar. O corpo foi varado por umas três dezenas de balas. E um dos chefes ainda lhe foi dar o tiro de misericórdia. O seu corpo foi atirado ao mar, com um peso.»
«Carlos Jorge, Pitoco e Eduardo Veloso chicoteia-no [a Costa Martins], batem-lhe com um pau com espigão de ferro, massacram-lhe as costas com correias de uma ventoinha de camião. Ao chicote chamavam Marx e, ao espigão, Lenine. Uma das vezes puseram-no numa sala, junto a uma máquina de choques eléctricos. Ainda cheirava a carne queimada.»
«Em meados de Junho [Sita Valles] é presa com o marido [José Van Dunem]. Entra no Ministério da Defesa de mão dada com José. [...] Terá ido para a Fortaleza de S. Miguel. Terá sido torturada e violada por elementos da DISA. [...] Várias fontes, entre as quais um responsável da DISA, declaram que se encontrava novamente grávida. Terão esperado que tivesse a criança para depois a fuzilar. O bebé nunca foi entregue à família. [...] Uma presa ouviu contar que, antes de a matarem, lhe deram um tiro em cada braço e em cada perna.» [Correcção aos autores, por mão amiga deste blog: o filho de Sita Valles foi entregue à família e foi criado por Francisca Van Dunem. Doutorou-se em economia em Inglaterra, trabalhou para o Banco Mundial em Maputo e está a fazer um pós-doutoramento na Dinamarca.]
«Os cálculos sobre o número de mortos variam. Um responsável da DISA, ouvido por nós, fala em 15 000. A Amnistia Internacional fez um levantamento e avançou com 20 000 a 40 000. Adolfo Maria, militante da Revolta Activa, e José Neves, um juiz militar, falam de 30 000 mortos. O jornal Folha 8 falou de 60 000. E a chamada Fundação 27 de Maio foi até aos 80 000. [...] Quedemo-nos pelos 30 000 mortos. Dez vezes mais mortos do que no Chile de Pinochet. Na própria família política. Sem qualquer julgamento. E em muitos casos sem qualquer relação com os acontecimentos.»
«Em Malanje foram fuziladas mais de mil pessoas. No Moxico, Huambo, Lobito, Benguela, Uíje e Ndatalando aconteceu o mesmo. No Bié mataram cerca de 300 pessoas. Em Luanda, os fuzilamentos prosseguiram durante meses e meses.»
«As cadeias eram sucessivamente cheias e sucessivamente esvaziadas, desaparecendo as pessoas. [...] Um grupo de militares foi morto na periferia de Luanda, junto a uma praia. Foram abatidos um a um, com tiros na cabeça. Os vivos que assistiam à cena pediam clemência. Os verdugos divertiam-se. E continuavam a matar, com um tiro na cabeça.»
«As forças de segurança prenderam muita gente jovem que, na manhã de 27 de Maio de 1977, andava nas ruas de Luanda. Centenas deles foram levados para um Centro de Instrução Revolucionária na Frente Leste e os dirigentes locais assassinaram-nos friamente.»
«Estudantes que estavam na União Soviética, na Bulgária, na Checoslováquia e noutros países do Leste, foram mandados regressar. No aeroporto de Luanda foram presos. E muitos foram decapitados, sem saberem a razão. [...] Nas Faculdades desapareceram cursos inteiros. No Lubango, dirigentes e quadros da juventude foram atados de pés e mãos e atirados do alto da Tundavala.»
«Onde param os fuzilados? Uns foram depositados em valas comuns. Outros lançados de avião ou de helicóptero para o mar ou para a mata. [...] Um ano depois do 27 de Maio, ainda se matava. Ademar Valles [irmão de Sita Valles] foi morto em Março de 1978.»
«O juiz José Neves conclui: “Foi um verdadeiro genocídio. Em Angola devem ter morrido umas 30 000 pessoas.”»
«A questão dos presos portugueses em Angola era tratada com a máxima moderação, ao contrário do que acontecia com na imprensa ocidental com casos de idêntica natureza. [...] A solidariedade com os presos políticos angolanos era, também, um tema de excepção na imprensa portuguesa, evitando-se qualquer crítica ao regime do MPLA. Apenas a poetisa Natália Correia, no Jornal Novo, se referira a um regime de sistemática repressão policial, falando mesmo no Gulag angolano.»
«Muitos dos “libertadores” sonhavam com a casa, o carro, os privilégios e as posições dos colonos. Conquistaram-nas e tornaram-se piores do que estes. Desculpar-se-ão com a guerra. Só que a guerra, que tantos matou e estropiou, alimentou um punhado de pessoas, que se tornaram insultuosamente ricas.»
Dalila Cabrita Manteus e Álvaro Mateus, Purga em Angola. Nito Alves, Sita Valles, Zé Van Dunem e o 27 de Maio de 1977. Edições Asa.
Alguns links úteis:
Sobreviventes dos acontecimentos de 27 de Maio de 77 ainda procuram explicações. || O silêncio que grita. ||O dia mais negro. || Recordações de um desastre, por Ferreira Fernandes. || Associação 27 de Maio. || Carta de Carlos Pacheco a Pepetela.
[FJV]
Etiquetas: Conspiração, Política, África
Link || 10/17/2007
Etiquetas:
A FELICIDADE PROVIDENCIADA AO POVO ANGOLANO
Subscribe to:
Posts (Atom)