Thursday, October 18, 2007

ROUBADO NA ORIGEM DAS ESPÉCIES

17 Outubro, 2007
||| 27 de Maio de 1977. Estação das Chuvas.




«Por estranho que pareça, as atrocidades cometidas no Chile de Pinochet, se comparadas com o que se passou, de 1977 a 1979, no país de Agostinho de Neto, assumem modestas proporções. E o mais chocante é que, no caso de Angola, nem sequer atingiram inimigos, mas sim membros da própria família política.»



«Na margem sul do Tejo, faleceu recentemente um angolano, antigo membro do MPLA, a quem por alturas do 27 de Maio foi atribuída a tarefa de coveiro. Há quem se lembre de o ouvir contar que fora obrigado a sepultar pessoas vivas. Milhares de famílias de angolanos nunca puderam enterrar os seus mortos.»

«[...] Eram presos e enviados, sem qualquer processo, para campos de concentração. Muitos dos que morreram nem sequer sabiam quem era Nito Alves. E eram muitos os que tinham menos de 18 anos. Entre os detidos encontravam-se, até, soldados que não estavam em Angola no dia 27 de Maio.»

«Houve pessoas que foram presas e até mortas, porque eram amigos ou parentes afastados. Pior, quando eram parentes próximos.»

«De modo que os soldados entravam nas casas perguntando onde estavam os intelectuais ou os estudantes. E acabaram por matar muitos.»

«A chamada Comissão das Lágrimas foi criada pelo Bureau Políticos do MPLA com o objectivo de seleccionar os depoimentos dos presos do 27 de Maio. No entanto, como veremos, alguns dos seus membros interrogaram ou provocaram os detidos. Dela fizeram parte: Iko Carreira, Henrique Santos (Onambwé), Ambrósio Lukoki, Costa Andrade (Ndunduma), Paulo Teixeira Jorge, Manuel Rui, Diógenes Boavida, Artur Carlos Pestana (Pepetela), José Mateus da Graça (Luandino Vieira), Mendes de Carvalho, Henrique Abranches, Eugenio Ferreira, Rui Mingas, Beto van Dunem, Cardoso de Matos, Paulo Pena e outros não identificados.»

«O inquiridor principal foi Artur Carlos Pestana (Pepetela). Num registo particularmente agressivo, queria saber quais eram as suas actividades, se e quando tivera reuniões, quem contactava, como funcionavam as ligações entre os sectores da educação, da saúde e da função pública. [...] Foi também interrogado por Manuel Rui. [...] Maria da Luz Veloso, na altura com 47 anos, também se lembra de ter comparecido nesta Comissão, onde foi interrogada por Pepetela e por Manuel Rui. [...] Como não fazia o que pretendiam, Manuel Rui não hesita em dizer: “A minha vontade era dar-lhe um par de bofetadas. Você não colabora. Vejo-me obrigado a entregá-la aos militares.” Os detidos passavam para os militares. E para as torturas.»

«Presos atirados pelas escadas e, no pátio, brutalmente espancados. Berravam e pediam clemência. Quase desfalecidos eram atirados para dentro de viaturas. Um mercenário norte-americano comentava: “Já vi muita coisa na minha vida. Mas nunca tinha visto tal coisa.”»






«João Jacob Caetano, o lendário Monstro Imortal, morreu com o garrote do nguelelo. Também consta que o tinham cegado. Foi interrogado por Pedro Tonha (Pedalé), o qual, possivelmente como prémio, subirá do 10º para 4º lugar na hierarquia do MPLA. No entanto, nem coragem tinha para lhe fazer as perguntas. Os algozes deixavam na sala um gravador, para depois reproduzirem o que dizia. E iam apertando o garrote. [...] Ao que parece, atiraram o corpo de um avião.»



«A indicação para o seu fuzilamento [Nito Alves] terá sido do presidente da República, embora na Fortaleza, onde estava, a ordem tenha sido dada por Iko Carreira, Henrique Santos (Onambwé) e Carlos Jorge. Nito não quis que lhe tapassem os olhos, pois queria ver os que o iam matar. O corpo foi varado por umas três dezenas de balas. E um dos chefes ainda lhe foi dar o tiro de misericórdia. O seu corpo foi atirado ao mar, com um peso.»

«Carlos Jorge, Pitoco e Eduardo Veloso chicoteia-no [a Costa Martins], batem-lhe com um pau com espigão de ferro, massacram-lhe as costas com correias de uma ventoinha de camião. Ao chicote chamavam Marx e, ao espigão, Lenine. Uma das vezes puseram-no numa sala, junto a uma máquina de choques eléctricos. Ainda cheirava a carne queimada.»



«Em meados de Junho [Sita Valles] é presa com o marido [José Van Dunem]. Entra no Ministério da Defesa de mão dada com José. [...] Terá ido para a Fortaleza de S. Miguel. Terá sido torturada e violada por elementos da DISA. [...] Várias fontes, entre as quais um responsável da DISA, declaram que se encontrava novamente grávida. Terão esperado que tivesse a criança para depois a fuzilar. O bebé nunca foi entregue à família. [...] Uma presa ouviu contar que, antes de a matarem, lhe deram um tiro em cada braço e em cada perna.» [Correcção aos autores, por mão amiga deste blog: o filho de Sita Valles foi entregue à família e foi criado por Francisca Van Dunem. Doutorou-se em economia em Inglaterra, trabalhou para o Banco Mundial em Maputo e está a fazer um pós-doutoramento na Dinamarca.]

«Os cálculos sobre o número de mortos variam. Um responsável da DISA, ouvido por nós, fala em 15 000. A Amnistia Internacional fez um levantamento e avançou com 20 000 a 40 000. Adolfo Maria, militante da Revolta Activa, e José Neves, um juiz militar, falam de 30 000 mortos. O jornal Folha 8 falou de 60 000. E a chamada Fundação 27 de Maio foi até aos 80 000. [...] Quedemo-nos pelos 30 000 mortos. Dez vezes mais mortos do que no Chile de Pinochet. Na própria família política. Sem qualquer julgamento. E em muitos casos sem qualquer relação com os acontecimentos.»

«Em Malanje foram fuziladas mais de mil pessoas. No Moxico, Huambo, Lobito, Benguela, Uíje e Ndatalando aconteceu o mesmo. No Bié mataram cerca de 300 pessoas. Em Luanda, os fuzilamentos prosseguiram durante meses e meses.»

«As cadeias eram sucessivamente cheias e sucessivamente esvaziadas, desaparecendo as pessoas. [...] Um grupo de militares foi morto na periferia de Luanda, junto a uma praia. Foram abatidos um a um, com tiros na cabeça. Os vivos que assistiam à cena pediam clemência. Os verdugos divertiam-se. E continuavam a matar, com um tiro na cabeça.»

«As forças de segurança prenderam muita gente jovem que, na manhã de 27 de Maio de 1977, andava nas ruas de Luanda. Centenas deles foram levados para um Centro de Instrução Revolucionária na Frente Leste e os dirigentes locais assassinaram-nos friamente.»

«Estudantes que estavam na União Soviética, na Bulgária, na Checoslováquia e noutros países do Leste, foram mandados regressar. No aeroporto de Luanda foram presos. E muitos foram decapitados, sem saberem a razão. [...] Nas Faculdades desapareceram cursos inteiros. No Lubango, dirigentes e quadros da juventude foram atados de pés e mãos e atirados do alto da Tundavala.»





«Onde param os fuzilados? Uns foram depositados em valas comuns. Outros lançados de avião ou de helicóptero para o mar ou para a mata. [...] Um ano depois do 27 de Maio, ainda se matava. Ademar Valles [irmão de Sita Valles] foi morto em Março de 1978.»

«O juiz José Neves conclui: “Foi um verdadeiro genocídio. Em Angola devem ter morrido umas 30 000 pessoas.”»

«A questão dos presos portugueses em Angola era tratada com a máxima moderação, ao contrário do que acontecia com na imprensa ocidental com casos de idêntica natureza. [...] A solidariedade com os presos políticos angolanos era, também, um tema de excepção na imprensa portuguesa, evitando-se qualquer crítica ao regime do MPLA. Apenas a poetisa Natália Correia, no Jornal Novo, se referira a um regime de sistemática repressão policial, falando mesmo no Gulag angolano.»

«Muitos dos “libertadores” sonhavam com a casa, o carro, os privilégios e as posições dos colonos. Conquistaram-nas e tornaram-se piores do que estes. Desculpar-se-ão com a guerra. Só que a guerra, que tantos matou e estropiou, alimentou um punhado de pessoas, que se tornaram insultuosamente ricas.»

Dalila Cabrita Manteus e Álvaro Mateus, Purga em Angola. Nito Alves, Sita Valles, Zé Van Dunem e o 27 de Maio de 1977. Edições Asa.

Alguns links úteis:
Sobreviventes dos acontecimentos de 27 de Maio de 77 ainda procuram explicações. || O silêncio que grita. ||O dia mais negro. || Recordações de um desastre, por Ferreira Fernandes. || Associação 27 de Maio. || Carta de Carlos Pacheco a Pepetela.

[FJV]

Etiquetas: Conspiração, Política, África


Link || 10/17/2007

VAI HAVER MAIS...

O vice-primeiro-ministro checo, Alexandre Vondra, afirmou esta quarta-feira que Praga poderá baixar o nível de participação na Cimeira UE-África, caso o presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, compareça.

O "NOVO" PSD CONTINUA VELHO...

O líder do PSD, Luís Filipe Menezes, deixou ontem implícito, em Bruxelas, o seu apoio à ratificação parlamentar do futuro Tratado Europeu, que será acordado amanhã e sexta-feira pelos líderes dos 27, em Lisboa.



“Em Portugal, as consultas referendárias não têm tido grande sucesso em termos participativos e o debate acaba por ter que ver com situações internas”, afirmou Luís Filipe Menezes,

A "CAMBADA DE IGNORANTES" NÃO PERCEBE NADA DA COISA, NÓS , OS ILUMINADOS, RESOLVEMOS OS ASSUNTOS COM "LIMPEZA", PRINCIPALMENTE, QUANDO SE TATAR DE NOS GOVERNARMOS...

Wednesday, October 17, 2007

A (IN)SEGURANÇA DE PORTUGAL NO CAPITULO DAS INFORMAÇÕES

Em Portugal devem vaguear para além dos imigrantes legalizados, cerca de 450000 e talvez outros tantos ilegais.
Sabe-se que a esquerda abomina informações e serviços secretos e tudo tem feito para inviabilizar uns serviços de facto eficientes e principalmente operacionais.
A todo o momento se sabem coisas de arrepiar o mais corajoso dos Portugueses e que demonstra a irresponsabilidade reinante no que concerne á defesa do nosso "santuário".
Que pelos vistos é usado por outros sem problemas.
Que dizer da consecutiva vinda de ex-Portugueses que se colocaram ao serviço de outros países, traindo os seus concidadãos originais?E que vivem na maior por aí como nada se tivesse passado...
Que dizer da vinda por convite de elementos terroristas que entram e saem como se isto fosse deles?Falo das FARC, da ETA e muito provavelmente de terroristas muçulmanos adormecidos...
Que dizer do acolhimento de assassinos , mesmo que "coveiros" de vivos, de que não se sabe o que fez antes a nacionais?
Mas afinal quem garante a bondade de quem anda por aí?É que gato escaldado de água fria deve ter medo...
Que dizer dos "agentes" que se deixam roubar?Quem os escolhe, donde vêm, que confiança nos transmitem?
Que dizer a uns deputados que passam as listas dos "agentes" secretos para a imprensa e todo o mundo"goza"?
Ora se a esquerda considera O Mário Machado um perigoso nazi eu tenho o direito de exigir igual tratamento ás acções extremistas de esquerda, quer se trate das FP-25, magnanimamente perdoadas(perdão condenaram o informador...),quer das famosas centenas de armas G-3 roubadas do cais e cuja maioria ao que sei nunca apareceu.Se elas ainda estão em uso no exército...
O SEF tem que passar a acumular a vertente "segurança internacional" que anteriormente foi desempenhada pela PIDE/DGS.E sem brincadeiras.
É que de certeza andam por aí a vaguear muitos indivíduos que tendo agido criminosamente contra Portugueses e seus interesses andam a gozar-nos no nosso "santuário", rindo-se ainda da parolice destes políticos de meia tigela, o que a mim nada diria se não me considerasse ofendido com isso.

TURKEY AND KURDISTAN

If kurds continues to infiltrate and atack Turkey one good solution is join all kurds under Turkey flag.First Turkey acquire oil fields.Second kurds can join both separated parts.

POBREZA

Nas efemérides aparecem os do costume a carpir e a clamar por milagres.Não fosse o que todos os dias chega da Europa em euros(10 milhões) e este regime tinha estoirado há muito.Mas acabará por acontecer.Isso é seguro.
De tal forma que os altos patrocinadores desta democracia estão a rapar tudo o que podem como fazem aqueles democratas africanos com que se dão tão bem.De forma mais científica é certo mas a cleptocracia e nepotismo não é inferior.E como é mais generalizado( daí a democracia) produz efeitos ainda piores.
A maior riqueza que Portugal tinha ( e já não tem) era a sua coesão social e religiosa que permitia gerir a quinta com certa lassidão.Com as ameaças do "para o Campo pequeno", FP-25, socialismos de rosto humano, imigração descontrolada e o poder exercido por antigos traidores agora reciclados de democratas tudo mudou.
Deixou de haver coesão social.Eu por exemplo nada tenho a ver com aquele português de turbante ou duma proveniência que do antecedente escorraçou outros Portugueses.Não sou do tipo de dar a outra face.Acredito na justiça dos homens.Cá se fazem cá se pagam!
Importar portanto pobreza( que é riqueza de outros) é mau, desnecessário, desaconselhável e fonte de futuros traumas que vão acontecer, como já aconteceram no passado.A paciência tem limites e a estupidez será vencida um dia e estes arquitectos do homem novo arredados do poleiro e remetidos para a sua insignificância no sentimento genérico dos Portugueses esclarecidos e pagantes pois que infelizmente a maioria é doutrinada por estes senhores com lavagens cerebrais contínuas como fazem os muçulmanos e faziam os comunistas tipo Coreia do Norte..
As multidões que vivem de acabar com a pobreza custam certamente mais do que eliminar a própria pobreza.Que não deve ser muita a avaliar pela torrente que todos os dias quer chegar-se aos restos do bolo...

O PODER COMPRA-SE

O “rigor” de António Costa
17 de Outubro de 2007 às 1:30 am por André Azevedo Alves
O PS NO SEU MELHOR. Por Eduardo Saraiva.

O PS que tanto criticou o anterior executivo sobre a anterior situação dos assessores vem agora, de uma forma escondida, tornar a prestação de serviço em verdadeiros contratos.
Para além da habilidade administrativa, graças ao PS, cada assessor passará a receber, sensivelmente, mais 1400 Euros/mês do que no tempo de Carmona Rodrigues. Na prática, na actual gestão do PS na CML, cada assessor tem um valor mensal (mínimo) próximo dos 4 000 Euros.

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ROUBADO NO INSURGENTE