Por que vou votar no André Ventura (IV)
(Continuação daqui)
IV. Um país esganado
Nunca fui um eleitor muito assíduo. Só votei duas vezes em eleições legislativas. Votei duas ou três vezes em eleições autárquicas, raramente votei em eleições presidenciais. Mas vou votar amanhã no André Ventura.
Já expliquei as razões. A primeira, e também a principal, é que ele põe como prioridade a Justiça (cf. aqui). A segunda é por ele defender a iniciativa privada na economia (cf. aqui). A terceira é pelo empenho que põe nas posições que defende (cf. aqui).
Em termos económicos, Portugal cresceu uns míseros 0,5% ao ano, ao longo dos últimos vinte anos. Em termos políticos, a única inovação é o próprio André Ventura e o Chega, e a Iniciativa Liberal, porque, o resto, é tudo igual ao que era há vinte anos atrás, mesmo se o mundo mudou muito neste período.
O tema dominante da vida pública portuguesa nas duas últimas décadas é o crime. Abre-se uma televisão, fala-se de crime, olha-se para a capa de um jornal e o tema é o crime. No último ano, a pandemia do covid 19 conseguiu ser uma lufada de ar fúnebre numa sociedade que vive obcecada pelo crime. Do crime, passou a falar-se da morte.
Nesta sociedade que vive a sua vida pública em função do crime, o sistema de justiça é arcaico e corrupto, e o Ministério Público, que é uma burocracia não-eleita, tem poderes de polícias política, permitindo-se devassar a vida de toda a gente, incluindo o primeiro-ministro - um atrevimento que a PIDE nunca teria em relação a Salazar.
A ironia é que este país é governado por pessoas licenciadas em leis, o Primeiro-Ministro, a Ministra da Justiça, a Procuradora-Geral da República são todos licenciados em Direito, e o Presidente da República é mesmo professor de Direito. Estas figuras são, para mim, o símbolo da decrepitude do regime. Curiosamente, vêm todas da mesma instituição - a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
O Estado, em lugar de ser o árbitro imparcial entre os diferentes interesses em jogo da democracia, tornou-se o maior batoteiro. "É preciso acabar com este sistema para salvar a democracia", é uma frase atribuída ao André Ventura, e que eu subscrevo.
O André Ventura mostrou ser o único disposto a fazê-lo e capaz de o fazer.