Compra de casa está sob suspeita
O negócio envolvendo a compra de uma casa, por 900 mil euros, na rua D. Manuel I, no Alto do Lagoal, em Caxias, e que tem como intervenientes Armando Vara, ex-administrador do BCP, e Maria Conceição Leal, administradora do BANIF, é visto como suspeito pelo Ministério Público de Aveiro.
O procurador decidiu extrair certidão por considerar que houve "pagamentos aparentemente contraditórios", tendo acrescentado ainda que é preciso esclarecer "as circunstâncias que explicam a ocupação das residências pelos respectivos vendedores".
A conclusão é que tais factos "são susceptíveis de integrar os crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais", tendo por isso o magistrado que tutelava o processo ‘Face Oculta’ determinado uma investigação autónoma.
Segundo os autos que o CM consultou, no cerne de toda a polémica está o facto do dinheiro entregue por Armando Vara para adquirir a casa no Alto do Lagoal ter ido parar a um paraíso fiscal. Maria da Conceição Leal garantiu que o mesmo representava um sinal de sensivelmente metade do valor do imóvel e que o contrato de promessa de compra e venda ainda se mantém activo. A administradora do BANIF acrescentou depois que usou aquele dinheiro para adquirir outra casa, em Paço de Arcos, e que a mesma foi comprada a uma empresa portuguesa.
A investigação apurou que a vendedora do imóvel era uma sociedade detida por outra com sede no Panamá, tendo ainda considerado suspeito que Vara – que acabou por vender a sua casa no Estoril para comprar a de Caxias – afinal ainda se mantenha na mesma.
VERA EXPLICOU CHEFES
Armando Vara e Conceição Leal deram explicações coincidentes para a movimentação do dinheiro. O ex-administrador do BCP garantiu que entregou quatro cheques à administradora do BANIF: o primeiro, de 50 mil, para sinalizar a intenção de compra; o segundo, de 300 mil, no acto do contrato de promessa de compra e venda; e os últimos, de 100 e 50 mil, para garantir que mantinha o interesse na casa.
Por seu turno, Conceição Leal passou um cheque de 50 mil euros a Vara que, segundo o seu depoimento, servia para lhe devolver o primeiro sinal. Conceição Leal explicou depois que o negócio chegou a envolver a permuta da casa do Estoril, mas como Vara arranjou comprador para a mesma o contrato de promessa foi alterado. Ainda segundo Conceição Leal, o negócio foi feito com vara por serem amigos.