Livro revela que PIDE recebeu formação da Gestapo e da CIA
Por Agência Lusa, publicado em 9 Abr 2013 - 15:11 | Actualizado há 46 minutos 46 segundos
A PIDE recebeu formação da Alemanha e dos Estados Unidos sobre técnicas de tortura a aplicar aos presos políticos durante o Estado Novo, relata o livro "Os últimos presos do Estado Novo", da jornalista Joana Pereira Bastos.
No livro, a jornalista do Expresso descreve a passagem de vários oposicionistas às ditaduras salazarista e marcelista pelas prisões de Caxias e Peniche e os traumas provocados pela tortura que "perduram até aos dias de hoje".
Em declarações à agência Lusa, Joana Bastos diz que uma das principais razões para escrever "Os Últimos Presos do Estado Novo - Tortura e desespero em vésperas do 25 de Abril" foi a história de uma das suas tias, Maria de Fátima Ribeiro Pereira Bastos, que pertenceu à Liga de Unidade e Ação Revolucionária (LUAR), liderada por Palma Inácio, e esteve presa em Caxias.
"Acho que a história contemporânea relata esta época muito 'en passant', fala-se muito dos capitães, mas pouco da parte civil, porque houve muita gente anónima que lutou para derrubar a ditadura e eu sentia que muita da minha geração tinha um desconhecimento enorme em relação a isso", considera Joana Bastos.
A autora diz ter procurado "contrariar a tese de que a queda da ditadura se deveu unicamente a um grupo de capitães" e de que "a PIDE era relativamente branda" na sua ação.
Para Joana Pereira Bastos, ex-jornalista do Público e da agência Lusa, existe mesmo "um branqueamento da violência e do grau de sofisticação dos métodos da PIDE".
Ao longo de mais de 150 páginas, é descrita uma visita da PIDE à sede da CIA, em Langley, nos Estados Unidos, onde mais de dez agentes "aprenderam técnicas de vigilância de rua e métodos de abrir cartas sem deixar vestígios".
"Sob o nome de código 'Isolation', uma delegação da polícia política portuguesa composta por 12 elementos (...) rumou aos Estados Unidos no final de 1957 para participar num curso de formação de dois meses no estado da Virgínia", pode ler-se.
Já na década de 1930, "a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE, antecessora da PIDE) recorreu à Gestapo", havendo "contactos regulares, com troca de visitas entre agentes".
Além do caso da sua tia, Joana Bastos conta a história de personalidades como o arquiteto Nuno Teotónio Pereira, do advogado José Lamego ou do fiscalista Saldanha Sanches (este já falecido), que estiveram presos em Caxias.
"Eu quis falar com pessoas de todos os movimentos, do PCP às outras organizações de extrema-esquerda, de luta armada, com estudantes e sindicatos, porque quis retratar a variedade enorme de pessoas que estiveram na oposição ao regime, que ia do operariado às famílias próximas da ditadura", refere a autora.
Joana Bastos diz que um dos aspetos "mais impressionantes foi ver que 39 anos depois este continua a ser para os visados um tema tão duro" e a dificuldade em marcar conversas com alguns dos entrevistados.
No livro é relatado o caso do arquiteto Nuno Teotónio Pereira, que aos 91 anos de idade "ainda não sente paz" e "continua a lembrar-se com frequência dos gritos e uivos que durante a noite ouvia em Caxias", até porque "nunca se perdoou por ter falado nos interrogatórios e entregue à PIDE alguns dos seus melhores amigos".
"É a nódoa da minha vida", afirma o arquiteto no livro.
Outro dos casos relatados é o do historiador José Manuel Tengarrinha, que devido aos problemas físicos e psicológicos associados à tortura, perdeu todo o cabelo enquanto esteve preso em Caxias.
Segundo a autora, que cita um estudo do Grupo de Estudo da Tortura (criado após o 25 de Abril), os dois principais métodos utilizados pela PIDE eram a privação do sono e o isolamento, seguindo-se os espancamentos ou até os choques elétricos.
Joana Bastos lamenta que não exista em Portugal "um memorial" aos presos políticos ou que não se tenham criado associações para apoiar as pessoas com sequelas mais graves.
"O silêncio dos antigos presos políticos, por causa dos traumas graves com que ficaram, não ajudou, mas também acho que o país nunca mostrou grande interesse em lembrar isto e continua a não mostrar, o condomínio privado que se construiu na sede da PIDE [no Chiado] é paradigmático", declara.
O livro de Joana Pereira Bastos, editado pela Oficina do Livro, é apresentado no dia 23 de abril, na livraria Buchholz, em Lisboa, pelo antigo vice-presidente da Assembleia da República e fundador do PS Manuel Alegre.
MAS PRONTOS OS amantes da "ditadura do proletariado" COMO NÃO TÊM CONTRADITÓRIO PUDERAM E PODEM FAZER AS ASNEIRAS E TRAIÇÕES TODAS QUE QUISERAM.COMO SE PODE VER COM O RESULTADO DAS SUAS OPÇÕES INTERNACIONALISTAS-HUMANISTAS-MAÇÓNICAS NA NOSSA COLONIZAÇÃO DEPOIS DA ENTREGA DE TUDO O QUE TINHA PRETO E NÃO ERA NOSSO.
"MEMÓRIA" SÓ AS "VÍTIMAS" DELES QUE OS MILHÕES ENTERRADOS PELOS SEUS PATRÕES E COMPANHEIROS CALA-TE BOCA.NÃO SE ESQUEÇAM DE QUE SE ALGUÉM SE AVENTURAR VAI SER UM FESTIVAL.DE TIROS EVIDENTEMENTE.E É BOM A MALTA ESTAR AVISADA...