Beijos apaixonados para acabar com as discriminações
Festival Política regressa ao Cinema S. Jorge, em Lisboa, entre 19 e 22 de Abril. Para discutir as discriminações, os direitos humanos e os refugiados – com poucos políticos e muita sociedade civil. O vídeo promocional é lançado hoje e promete alguma polémica.
MARIA LOPES 9 de Abril de 2018,
Um empregado de cozinha de um restaurante chinês sai pela porta das traseiras para despejar o lixo. Uma jovem de blusão preto e auscultadores ao pescoço aproxima-se, atira-se para os seus braços e beija-o longa e sensualmente. “Inês, avança para ele… agarra-o com força contra ti… Isso…”, “Deixa-te ir, ela é que controla”, ouve-se, a espaços no silêncio do set. “Continua… ” Dois minutos depois, já ambos estão sem fôlego quando se ouve “Corta!” e os dois suspiram ruidosamente de alívio, quase engasgados, e refilam. “É a chamada política em apneia”, comenta alguém, entre risos, na zona do estúdio na penumbra.
Por alguns minutos os dois jovens actores descontraem no alto de uma estrutura de andaimes, com plásticos e luzes, um cenário minimalista que servirá, horas depois, para gravar mais beijos apaixonados mas com outros protagonistas. Depois do cozinheiro chinês e da refugiada, no corredor de uma empresa, uma cigana cruzar-se-á com um executivo mulato que se dirige à máquina do café; dois atletas, ele brasileiro, ela muçulmana, cruzam-se na pista de atletismo onde treinam; e uma mulher negra, de 60 anos, será abordada pela patroa (uma “tia” da sua idade, bem conservada) quando limpa um espelho.
Todas as cenas terminam com um beijo envolvente, de desejo. Confuso? Se olharmos em volta, encontramos estas pessoas quase todos os dias na rua, nos transportes públicos, num café, no centro comercial. Porque Portugal é uma sociedade inclusiva, embora aqui e ali ainda subsistam, enraizados, alguns (muitos) preconceitos.
ELA DESFAZ QUALQUER PRECONCEITO.APANHA EM TODOS OS BURAQUINHOS...