Novas Oportunidades mudaram pouco a vida dos inscritos
18 de Maio, 2012por Margarida Davim
Um estudo feito pelo Instituto Superior Técnico revela que o reconhecimento e validação de competências através do programa Novas Oportunidades teve um impacto muito reduzido na empregabilidade e nos salários dos que obtiveram estes certificados.
No documento apresentado esta sexta-feira, explica-se que os resultados da análise coordenada pelo professor Francisco Lima «indicam que os processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) apenas melhoraram a empregabilidade dos participantes inscritos em RVCC profissionais (para os homens) ou quando os RVCC escolares foram complementados com Formações Modulares Certificadas».
Dito por outras palavras, obter um diploma das Novas Oportunidades com a equivalência ao 9.º ou ao 12.º ano, por si só, não altera muito as probabilidades de conseguir um emprego, a não ser quando estes processos são acompanhados de uma vertente de certificação e formação profissional.
Isto mesmo é válido quando se trata de pessoas que se inscreveram nestes processos de certificação, quando estavam desempregadas.
O estudo concluiu também que o impacto deste programa de reconhecimento de competências nas remunerações «é geralmente nulo».
O fraco impacto que as Novas Oportunidades tiveram na vida de quem aderiu ao programa pode ter explicação nas próprias características do programa, já que este processo «não se sustenta na aquisição das aprendizagens, mas antes no seu reconhecimento».
Entre Janeiro de 2006 e Dezembro de 2010 houve mais de um milhão de inscrições nestes programas, mas os Centros de Novas Oportunidades apenas atribuíram 410 mil certificações.
Em média, os participantes têm 38 anos e são na sua maioria trabalhadores por conta de outrem, «oriundos essencialmente de sectores da indústria de menor intensidade tecnológica e dos serviços de menor intensidade do conhecimento».
Cerca de 40% dos participantes nas Novas Oportunidades são desempregados. Um número que não tem parado de subir desde 2007, altura em que apenas 10% dos homens e 20% das mulheres inscritos estavam no desemprego.
Novas oportunidades custaram 1800 milhões
Apesar das conclusões pouco animadoras do estudo encomendado pelo Governo, o ministro da Educação e Ciência já afirmou que o investimento feito nas Novas Oportunidades é demasiado grande para não ser rentabilizado.
Nuno Crato sublinhou o facto de «só no eixo adultos» se terem gasto 1.800 milhões de euros.
«Nós queremos rentabilizar o investimento que é feito na formação de adultos e na formação de todos, como é evidente, com aquilo que, de facto, dá resultado e traz uma qualificação real», afirmou o ministro, esta sexta-feira, frisando a intenção do governo de «melhorar» o programa.
«Nós não queremos, pura e simplesmente, distribuir diplomas e melhorar estatísticas, queremos que os jovens e os adultos melhorem a sua qualificação, mas melhorem de forma significativa para poderem ter um melhor futuro», defendeu.
OS PASTORES E OS GAJOS DA COVA DO VAPOR NA TRAFARIA...PÁ SOMOS TODOS IGUAIS, TODOS DIFERENTES CERTO?