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Caso 'Saco Azul': Juiz e primo de Fátima Felgueiras depõe no julgamento
“São problemas sexuais e ciúmes”
O juiz conselheiro Almeida Lopes foi a tribunal dizer que o processo do ‘saco azul’ é um problema passional e sexual. Acusou os investigadores da Polícia Judiciária de Braga de terem "arrancado folhas dos autos para meterem outras não validadas".


Disse ainda ter recebido instruções do ex-vice-procurador-geral Agostinho Homem – que na altura decidiu arquivar um processo autónomo contra o magistrado, primo em sexto grau da arguida Fátima Felgueiras.

A Defesa da autarca, acusada de crimes de abuso de poder, corrupção passiva, prevaricação, peculato e participação económica em negócio, arrolou o juiz como testemunha para que aquele explicasse a origem do processo. Durante mais de duas horas Almeida Lopes invocou a qualidade de juiz jubilado para afirmar, várias vezes, que na origem dos autos estiveram sempre "ciúmes por parte de Joaquim Freitas e de Horácio Costa", ambos apaixonados por Fátima Felgueiras, que não seriam correspondidos.

Neste depoimento afirmou ainda que teve várias conversas com Joaquim Freitas e que este lhe contou que "tinha mentido à PJ sobre o ‘saco azul".

O envolvimento do ex-presidente do Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) do Porto no processo surgiu em sete escutas telefónicas com Fátima Felgueiras, quando enfrentava uma eventual perda de mandato por acusações de favorecimento na compra de terrenos. Numa das chamadas, o juiz disse a Fátima: "Logo que tenhas conhecimento da decisão do secretário de Estado diz-me imediatamente. Porque se ele decidir mandar pró Tribunal Administrativo, quero ir imediatamente falar com o Ministério Público", acrescentando que "vou procurar dar um golpe de rins a ver se ainda consigo evitar... como fiz da outra vez há dez anos, percebes?"

Almeida Lopes afirmou que a PJ "arrancou folhas dos autos de transcrição de escutas e meteu outras, foi tudo falsificado".

O procurador Pinto Bronze questionou-o sobre a afirmação e o juiz acabou a assumir que "deduziu", porque em 2000 ainda não era presidente do TAF como constava dos autos. Na altura a juíza de instrução, Marlene Rodrigues, alegou "erros de escrita da PJ".

OS DOIS AMORES DE FÁTIMA

"Joaquim Freitas estava profundamente apaixonado pela minha prima Fátima e o Horácio Costa disse numa roda de amigos que foi para a cama com ela", foram algumas das afirmações do juiz. Os dois denunciantes do processo – e também arguidos – responderam em audiência. "Nunca tive alguma relação amorosa com Fátima Felgueiras", disse Horácio Costa. "Sinto-me envergonhado por ver um juiz conselheiro a prestar-se a este papel", afirmou Joaquim Freitas. Fátima Felgueiras recusou comentar estas declarações do primo/ juiz, que provocaram em tribunal espanto e alguns risos.

Manuela Teixeira