VÁ LÁ CONTEM-NOS BEM A HISTÓRIA DESTE "PORTUGUÊS"

Emigrante português ainda arrisca prisão perpétua
por LICÍNIO LIMA Hoje

O julgamento do português Amilton Bento, que os tribunais ingleses condenaram a prisão perpétua pela morte da sua antiga namorada, vai ser repetido a 20 de Julho. O Ministério Público daquele país pretende manter a mesma penaViana do Castelo. Tripulantes de veleiro ficaram duas horas e meia numa balsa salva-vidas até chegar o socorro

O Ministério Público (MP) inglês quer manter a pena de prisão perpétua para o português Amilton Nicolas Bento (Nico), de 28 anos, sanção a que foi condenado a 25 de Julho de 2007 pelo tribunal de Luton, acusado da morte da sua antiga namorada. O julgamento, mandado repetir pelo Supremo Tribunal de Justiça, que ordenou a libertação do português, vai começar a 20 de Julho.

"Eles continuam a afirmar que ela levava a mala", disse ao DN Marinela Bento, uma das irmãs de Nico, referindo-se ao propósito de o MP inglês manter a mesma pena de cadeia para ao seu irmão. "Mas já foi feita a reconstituição das imagens e continua a ser claro que a mala não existia", acrescentou. A mala foi encontrada pela polícia em casa de Nico após o crime.

Na quinta-feira, Marinela parte para Petersborough, cidade a norte de Londres, onde Nico está a viver até ao início do novo julgamento. Neste momento, o emigrante português encontra-se detido em casa com pulseira electrónica, medida de coacção imposta pelo Supremo Tribunal quando decidiu libertá-lo da prisão. Os magistrados consideraram haver dúvidas quanto à prova que o condenou pela morte da antiga namorada, Kamila Garsztka, uma jovem de nacionalidade polaca. "Temos a certeza de que não existem mais provas e que o nosso irmão vai poder voltar de vez para Portugal", frisou Marinela Bento.

O corpo de Kamila foi encontrado a 24 de Janeiro de 2006 na Marina Priory, junto a Bedford, cidade a 90 quilómetros a norte de Londres, onde residia. O elemento de prova fundamental para a acusação foram as imagens captadas por uma câmara de videovigilância que mostram a polaca a caminhar até ao lago onde apareceria morta. Segundo a polícia, a vítima levava consigo uma carteira que foi encontrada em casa de Nico. Foi com base neste elemento de prova que o português foi condenado a prisão perpétua pelo tribunal de Luton.

Mas, dois anos depois, a defesa conseguiu o que procurava desde o início: a realização de uma reconstituição da imagem que, segundo o advogado do acusado, Peter Hughman, é esclarecedora: "Não há dúvidas de que a Kamila não levava consigo a carteira."

O sucesso do recurso deveu-se à apresentação de quatro testemunhos de especialistas britânicos e norte-americanos indicando que nas imagens de vídeo que tinham da vítima, Kamila Garsztka, não é possível ver nenhuma mala de mão, como defendeu o MP na acusação e no primeiro julgamento.

Este elemento era importante porque a mala estava na posse de Nico e foi por ele entregue às autoridades aquando da queixa sobre o desaparecimento da namorada, em Dezembro de 2005.

A 26 de Fevereiro deste ano, o Supremo Tribunal admitiu a dúvida da mala e anulou a sentença anterior. O MP, embora aceitando a opinião dos peritos, alegou que poderia apresentar mais provas que, no entender da defesa,"serão apenas circunstanciais". Os juízes decidiram mandar repetir o julgamento, mantendo Nico na prisão.

A 26 de Março, depois de ouvir o emigrante, o Supremo Tribunal mandou que o português aguardasse o julgamento fora da prisão sujeito à pulseira electrónica entre as 20.00 e as 06.00.

OU PELO MENOS DEVIAM TER JUNTA A FOTOGRAFIA...
PARA ALÉM DE RICOS FICAMOS DE REPENTE FAMOSOS...