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Saturday, June 14, 2014

OI JANITA SALOMÉ ACHO QUE ANDAS A PERDER TEMPO.VÊ LÁ AS TUAS ORIGENS EM ÁFRICA PÁ.NÃO HOUVE BALANTAS AÍ NO REDONDO?VÊ BEM...

Janita Salomé. "Era um pessimo funcionário público, não percebia nada"
    Em busca das origens sefarditas do músico alentejano com "Em Nome da Rosa", dirigido por Filipe Raposo
Ranúnculos, frésias, gardénias, malvas, azáleas. Umas mais sazonais que outras, todas à porta de casa, na aldeia da zona saloia onde vive. Da mãe herdou o gosto pelas flores, plantadas no jardim de raízes que é o mais recente álbum, "Em Nome da Rosa", onde germina a poesia de Hélia Correia, António Lobo Antunes ou José Jorge Letria. Do pai, o culto da música e do tiquetaque dos relógios, ruído imprescindível. Dos conjuntos de baile, onde adorava cantar Jacques Brel, às partituras compradas na capital e reproduzidas no Alentejo, sem esquecer a companhia de José Afonso e o caldeirão de culturas que continua a foguear na sua obra.
"Em Nome da Rosa" inclui várias referências à flor. Porquê esta escolha?
Começa com o meu gosto pelas flores, incutido desde miúdo pela minha mãe. O gosto pela música vem do meu pai. A rosa é um pretexto para falar de muita coisa na nossa existência, sendo ela própria uma flor muito especial, mística, que perpassa diversas culturas, com grande simbolismo.
Presente em lendas, até.
Sim, na nossa história, como o milagre das rosas. Não será uma metáfora da generosidade, que é o que também representa a rosa? Um ramo vermelho junto a um branco significa solidariedade. Tudo isso são pretextos. A rosa do nosso contentamento, ou descontentamento, por tudo o que se vive, a rosa da juventude, a rosa alquímica, a rosa da busca do ouro, da regeneração do homem, de que falava o padre António Vieira. Em trabalhos anteriores fiz a abordagem da importância da presença árabe na Península Ibérica, através da poesia arábica andaluz.
Com referência a Al-Mu'tamid.
Sim, que nasceu em Beja. Já havia alentejanos nessa altura [risos]. Ou o Ibn Ammar.
Que jogava xadrez e disputava territórios através do jogo.
Sim, há até aquela história do rei Afonso VI, que perdeu a partida e levantou o cerco a Sevilha. É famoso esse episódio. Se nesses discos fiz a abordagem desta presença, agora centro-me na presença dos judeus. Aqui vou ao encontro das minhas origens sefarditas. Sou Salomé de apelido, oriundo de Belmonte, de onde era o meu trisavô, num tempo em que muitos beirões iam para o Alentejo. No Alandroal surgiu o apelido Salomé. Fui buscar temas sefarditas para reforçar a importância de muitos vultos da nossa cultura e ciência, de origem judaica, perseguidos pela inquisição, como o Garcia de Orta, o Amato Lusitano, Pedro Nunes, ou Espinosa, que não nascendo em Portugal é de origem portuguesa. Quem ganhou com isto tudo foram os holandeses, que o receberam.
A curiosidade pelas suas raízes vem de longe?
De sempre, a par da música. Agora mais. Fui desencantar um livro que há uns anos um amigo alemão me deu, com recolhas de música sefardita feita nos Balcãs e na Turquia, para onde os judeus também fugiram. Há muitas melodias espantosas, e a nossa música tradicional está de certa forma cruzada com essa reminiscência.

COM ANIMADORES DESTES QUE NEM SEQUER SABEM QUEM SÃO AO LONGO DE ANOS VEJAM LÁ ONDE JÁ ANDAM...