Michael Rothwell, da Comunidade Judaica do Porto, assegura que o processo é “muito rigoroso”. Além de apelidos de família, idioma ou registos históricos, também avalia outros sinais de pertença, como rituais, idioma e práticas religiosas
Pessoas de mais de 60 países pediram a certificação para obter nacionalidade portuguesa ao abrigo da lei para os judeus sefarditas, adiantou Michael Rothwell, membro da administração da Comunidade Judaica do Porto (CJP).
Rothwell falava na sequência da controvérsia gerada pelo caso do multimilionário russo Roman Abramovich, que adquiriu a nacionalidade portuguesa em 2021, segundo revelou o jornal “Público”.
Críticas do opositor político russo Alexei Navalny e da Associação Frente Cívica levaram à abertura de dois inquéritos separados pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e pelo Instituto dos Registos e Notariado (IRN).
A CJP nega qualquer irregularidade ou proveito financeiro, garantindo que só recebeu “dois pagamentos de 250 euros: a taxa da conservatória e o emolumento cobrado pela comunidade certificadora”.
E adianta que, “para a defesa da comunidade judaica e para evitar novas conspirações anti-semitas, o processo de certificação de Abramovich também já está em posse de altas autoridades religiosas, culturais e políticas em Israel”.
O processo, adiantou Rothwell, inclui atestados por órgãos religiosos e culturais judaicos internacionais de alto nível e a Comunidade Israelita do Porto avalia apenas pedidos de judeus com antepassados membros de comunidades sefarditas tradicionais.
Além de apelidos de família, idioma ou registos históricos, também avalia outros sinais de pertença, como rituais, idioma e práticas religiosas.
Estão identificadas comunidades sefarditas em países como Turquia, Tunísia, Marrocos, Egito, Sérvia, Bulgária ou Macedónia, onde se estabeleceram depois da expulsão de Portugal e Espanha, mas podem estender-se à Jamaica, Curaçao ou Suriname.
Os países que fizeram mais pedidos à CJP foram Israel, Turquia, Estados Unidos e Brasil, de descendentes de sefarditas do Norte de África e do Império Otomano.
“Sabemos que [o requerente] é judeu de origem sefardita porque manteve a tradição de pertença a uma comunidade judaica de origem portuguesa ao longo dos séculos. Não há qualquer dúvida que essa pessoa é de origem portuguesa, mesmo que eu não possa, nem a lei exige que faça isso, traçar a sua árvore genealógica até Portugal”, vincou Rothwell.
Estes processos são mais simples e rápidos de analisar quando acompanhados por um atestado do rabinato ortodoxo de origem que seja aceite pelo Grão Rabinato de Israel, razão pela qual a CJP processou cerca de 90% dos pedidos de nacionalidade aprovados em Portugal.
E JÁ AGORA EXCLUEM OS SEFARDITAS QUE ANDARAM A MATAR PORTUGUESES COMO VINGANÇA E AO SERVIÇO DE OUTROS PAÍSES?