"Gangue de Alfama" com penas efetivas até oito anos e meio
Publicado ontem
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O tribunal condenou esta terça-feira a penas efetivas, entre três anos e nove meses e oito anos e meio, oito dos elementos do "gangue de Alfama", acusados de aterrorizar, roubar e agredir moradores, comerciantes e turistas naquele bairro de Lisboa.
O coletivo de juízes da 7.ª Vara Criminal de Lisboa aplicou ainda seis penas suspensas na sua execução, que vão desde um ano e quatro meses a quatro anos, tendo absolvido cinco outros arguidos de todos os crimes, um dos quais sujeito à continuação dos tratamentos médico psiquiátrico.
"Os crimes são muitos e graves, como roubos e sequestros com recurso à violência. Alfama já foi um bairro com alegria e a situação estava a ficar insustentável. Vocês roubavam as vítimas e batiam nas testemunhas. Os vossos pais e avós de certeza que não praticaram este tipo de crimes", frisou o presidente do coletivo de juízes, Pedro Cunha Lopes.
O juiz presidente justificou a decisão de não suspender as penas de prisão abaixo dos cinco anos com o facto de os arguidos optarem "pelo silêncio durante todo o julgamento", de "não terem confessado os crimes e não terem mostrado arrependimento", além de alguns dos suspeitos terem antecedentes criminais.
"Não quiseram falar e isso foi uma estratégia de grupo seguida durante o julgamento. Apenas dois dos arguidos falaram, um foi absolvido e o outro viu a sua pena efetiva atenuada [o que foi condenado a oito anos]. Ninguém confessou e quem semeia ventos colhe tempestades", afirmou o presidente do coletivo de juízes.
Antes da leitura do acórdão, seis dos 19 arguidos encontravam-se em prisão preventiva ao abrigo deste processo, quatro cumpriam penas de prisão ao abrigo de outros processos e dois suspeitos estavam com pulseira eletrónica.
A sala de audiência encheu com cerca de 40 pessoas, amigas e familiares dos arguidos, o que obrigou a um reforço policial com perto de 20 agentes da PSP.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), o grupo, constituído por jovens, terá cometido dezenas de assaltos e roubos "violentos" a residências, estabelecimentos comerciais, restaurantes e turistas, entre março de 2011 e fevereiro de 2012, causando "grande perturbação da ordem e segurança públicas".
Para o MP, os 19 arguidos "agiriam de forma concertada, levando a cabo diversos ilícitos contra o património de terceiros, mantendo sob terror a população local".
Grande parte dos arguidos residia no bairro de Alfama e, dado o número de elementos do grupo e a forma violenta da sua atuação, "criavam um ambiente de medo na zona", acrescenta a acusação.
O MP sustenta que os arguidos "utilizavam técnicas de imobilização suscetíveis de provocar lesões aos ofendidos", possuindo alguns deles "conhecimentos e técnicas de uma arte marcial".
Os suspeitos terão conseguido furtar mais de 11 mil euros em equipamentos eletrónicos (telemóveis e máquinas fotográficas), em tabaco, em bebidas alcoólicas e em dinheiro.
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Gangue de Alfama extorquia comerciantes
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20 de Junho, 2013por Felícia Cabrita
Um bando de 19 jovens, liderado por um ex-aluno da Casa Pia que, enquanto esteve na instituição, se fazia passar por filho ou afilhado de Carlos Silvino, aterrorizou há dois anos moradores e comerciantes de Alfama: assaltavam velhos e crianças, homens e mulheres, ‘limparam’ turistas e rapinaram lojas de indianos e paquistaneses. O grupo caprichava na violência e, à velha maneira dos gangues nova-iorquinos, prometia protecção aos comerciantes a troco de dinheiro.
A maioria, após uma longa investigação da PSP, acabou detida. Mas o julgamento, que começou há uma semana, noCampus de Justiça de Lisboa, reacendeu o medo das vítimas, alvo agora das ameaças dos seus familiares – o que já obrigou as autoridades a colocar algumas no programa de protecção de testemunhas.
Alfama engalanou-se esta semana para receber o Santo António. Mas nem todos vivem o fogo da festa com o ímpeto de outros tempos. Idalécio, meio acabado por um AVC, anda na fona dos últimos preparativos de olho húmido. O mais novo dos dez filhos, Fernando, está na prisão vai para dois anos. Ali completou a maioridade. À hora de almoço, já a prata das sardinhas estala nos fogareiros, ‘camones’ e outros passeantes gozam o 10 de Junho em grande algaraviada. O homem, que conhece o bairro como a palma da sua mão, procura privacidade fora da algazarra.
Ruelas acima, passa-se pelo minimercado da família Sing – que, com medo de represálias, passou a loja a outros e até do telefone desconfia. Faz quase dois anos que o gangue vazou o estabelecimento e o líder da família experimentou o bafo da morte. Num dia de Setembro, quase meia-noite, apareceu-lhe o grupo chefiado por Leandro – jovem que saíra da Casa Pia pouco antes de rebentar o escândalo. Entre as vítimas, era conhecido por ser filho ou afilhado de Carlos Silvino. Quando foi detido, este mandou-lhe uma carta, alertando que a Polícia iria fazer perguntas e pedindo que não dissesse que o levava com outros ao futebol.
Leandro nunca colaborou com a investigação e, em poucos anos, embrulhou-se no mundo do crime, colocando-se no topo da estrutura que partilhava com o ‘Holandês’ – conhecido na Polícia como temido traficante de Alfama, que instigava os mais novos ao gamanço, ficando depois com os documentos e cartões de crédito das vítimas a troco de droga. Quando, nessa noite, Gupreet Sing ouviu o tom metálico que se desprendia da voz do ex-casapiano que se fazia acompanhar por mais cinco mânfios, nunca imaginou o desfecho: «Empresta-me dinheiro!» Perante a recusa do homem, Leandro atira-se para a caixa-registadora: «Então vou roubar». O empresário faz-se a eles, mas o líder ‘come-o’ a murros e pontapés enquanto um compincha, pelas costas, lhe aplica um ‘mata-leão’. O rosto de Sing ganha a cor do papiro, a pressão na jugular impede a circulação do sangue no cérebro e o homem desmaia, enquanto os malandros abandonam o local com 500 euros nas ‘aljabras’ das calças.
Comerciantes mudam-se, com medo
Idalécio cumprimenta os novos donos do antigo estabelecimento de Sing e sobe a ruela. Colocaria o coração na chapa mais quente pelo filho: «Dizem que ele esteve com os outros no assalto, mas apenas foi lá para ajudar a reanimar o homem. Alguém é culpado, esses que se assumam no tribunal». A tristeza e as cicatrizes do AVC fazem-no andar com dificuldade. Com mais de meia vida a servir em tascos e restaurantes, vive agora de ‘deixas’, vulgo biscates: «Tenho uma empresa de import e export. Compro nos chineses por um euro e vendo no bairro por dois».
À medida que se afasta do largo da Igreja de S. Miguel, centro dos festejos, passa por mais um estabelecimento alvo dos assaltos do gangue, que se espalharam pelo bairro como nódoa de azeite. Na rua das Escolas Gerais, entrada para o Pátio dos Quintalinhos, onde vive Leandro e o primo ‘Marinho’ – que toca na mesma banda –, o pavor que o gangue semeou entre a vizinhança fez com que as vítimas mudassem de negócio. No número 20, onde em 2011 estava Naeem Maqsood, está agora uma doce jovem indiana. Depois do desfalque na caixa e da ‘limpeza’ no tabaco feita por Leandro e companhia, o paquistanês tinha duas opções: ou submetia-se ao grupo, que depois do roubo o pressionava a pagar uma quantia para não o incomodarem, ou resistia e apresentava queixa.
Optou pela segunda hipótese, mas a seguir vieram as ameaças da família, clã perigoso com passado criminal, e mudou de poiso.
Idalécio, esse, fica na corda-bamba entre as duas versões. Recorda um dos crimes de que o filho está acusado. O grupo, entre outros expedientes, punha o pé fora do bairro e, mal apanhava um solitário próximo de uma caixa multibanco, organizava-se. Era Leandro quem seleccionava as vítimas a ‘afanir’ e a estratégia. Seguia-as, mostrava-se afável, enquanto por sinalefa ou telemóvel passava as indicações aos outros. Podiam ser ‘camones’ ou um nacional que no momento errado ali estivesse.
Mal o alvo se afastava, sequestrava-o, sacudia-lhe os ossos e ameaçava ‘apagá-lo’ de vez até conseguir extorquir o cartão e respectivo código. Depois, Leandro punha os outros a fazer os levantamentos e livrava-se de ser apanhado pelos ‘mirantes’ do sistema de vigilância do banco – o que mais tarde, apesar dos vários testemunhos das vítimas, atrasou a sua entrada na choldra com o resto do grupo. Pior sorte calhou ao filho de Idalécio que, apesar de ter dito na PSP que mais uma vez estava no lugar errado à hora errada, acabou atrás das grades. Segundo a sua versão, saíra de um jogo de futebol e cruzara-se com os amigos que, utilizando mais uma vez a técnica da ‘gravata’ (ou ‘mata-leão’), deixaram a vítima desmaiada e ele, com a ajuda de uma vizinha e de gelo, «estancaram o sangue que lhe pulsava do nariz».
O COSTA DO SOBADO DE LISBOA QUER E RISCA PARA VOLTARMOS À ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS.MAS EM VEZ DE ESCRAVOS VAMOS TER SUBSIDIADOS...E PELOS VISTOS QUEM NÃO CONCORDAR VAI TER PROBLEMAS COM O NOVO SANTO OFÍCIO QUE GARANTE A NOSSA AFRICANIZAÇÃO.
SE ASSIM NÃO É A CULPA NÃO É MINHA PORQUE ENROLAM TANTO O JORNALISMO QUE NADA SE PERCEBE...
E MAIS SE O GANG ERA CONTRA A COLONIZAÇÃO DO SEU BAIRRO SÓ TERIAM O MEU APLAUSO...