Arona Diakhate, en la cama del hospital. CARLOS MORENO
“Estaba en Lavapiés solo y un policía me empujó y me golpeó”
E IAM UMAS ESQUADRAS DE FORÇAS REPRESSIVAS EM MADRID TODAS À VIDA...
PS
SÓ ESTA IMAGEM DIFUNDIDA EM ÁFRICA VAI MOTIVAR MUITA GENTE A METER-SE A CAMINHO PARA CÁ APANHAR PORRADA...
Sunday, March 18, 2018
E O OCIDENTE TRAIU OS SEUS HERÓIS CURDOS...
INTERNACIONAL
Síria: Erdogan saúda controlo "total" da cidade de Afrine por forças turcas
E A NATO TEM OS TURCOS CERTAMENTE A SERVIR DE OLHOS E OUVIDOS AO PUTIN...
Síria: Erdogan saúda controlo "total" da cidade de Afrine por forças turcas
E A NATO TEM OS TURCOS CERTAMENTE A SERVIR DE OLHOS E OUVIDOS AO PUTIN...
Saturday, March 17, 2018
O BARREIRINHAS DUARTE AFINAL JÁ NOS CONSIDERAVA A TODOS PRETINHOS...
Mora em Lisboa mas recebeu como se vivesse a 83 km
Barreiras Duarte tinha casa em Lisboa, mas recebeu subsídio do Parlamento como se vivesse no Bombarral. Ele diz que ficou a perder 10 euros. E que deu morada fiscal. Parecer da PGR não lhe dá razão.
AINDA VAI EMIGRAR PARA ÁFRICA ONDE DE CERTEZA O ENTENDEM MUITO MELHOR...
Barreiras Duarte tinha casa em Lisboa, mas recebeu subsídio do Parlamento como se vivesse no Bombarral. Ele diz que ficou a perder 10 euros. E que deu morada fiscal. Parecer da PGR não lhe dá razão.
AINDA VAI EMIGRAR PARA ÁFRICA ONDE DE CERTEZA O ENTENDEM MUITO MELHOR...
OS JUDEUS E OS ISLÂMICOS FORAM CONTEMPORÂNEOS NA INVASÃO DA PENÍNSULA IBÉRICA, QUER-SE DIZER ANTES DE 711 HAVIA MUITO POUQUINHOS...
OS SEFARDITAS ERAM UMA TRIBO DO NORTE DE ÁFRICA QUE SE CONVERTERAM AO JUDAÍSMO POUCO TEMPO ANTES DE 711 DC.NÃO SE TENDO AFIRMADO COMO REGIÃO INDEPENDENTE FORAM APROVEITADOS PELOS ISLÂMICOS BERBERES PARA VIR FAZER TURISMO À PENÍNSULA SEGUNDO UNS ESTUDIOSOS QUE POR AÍ HÁ PORQUE OS PENINSULARES ESTAVAM AFLITINHOS POR PAGAREM AOS ISLÂMICOS PARA PROFESSAREM A SUA RELIGIÃO...
SEFARDITAS E BERBERES PORTANTO É TUDO O MESMO SANGUE, ASPECTO E ORIGEM E A QUEM NÃO DEVEMOS NADA, MESMO NADA...NEM DESCULPAS E MUITO MENOS REPARAÇÕES.SE VOS ANDAM A CONVENCER DO CONTRÁRIO UI UI UI TÊM UNS CHEFES DO CARAÇAS E PODEM ENCOMENDAR A ALMA AO CRIADOR...PORQUE COMO NOS ENSINOU O CAMÕES CHEFES FRACOS FAZEM FRACAS AS FORTES GENTES...
TRAIDORES SÃO AOS MONTES...
SEFARDITAS E BERBERES PORTANTO É TUDO O MESMO SANGUE, ASPECTO E ORIGEM E A QUEM NÃO DEVEMOS NADA, MESMO NADA...NEM DESCULPAS E MUITO MENOS REPARAÇÕES.SE VOS ANDAM A CONVENCER DO CONTRÁRIO UI UI UI TÊM UNS CHEFES DO CARAÇAS E PODEM ENCOMENDAR A ALMA AO CRIADOR...PORQUE COMO NOS ENSINOU O CAMÕES CHEFES FRACOS FAZEM FRACAS AS FORTES GENTES...
TRAIDORES SÃO AOS MONTES...
NA EUROPA OS ESQUERDISTAS PAGOS PELO SOROS TAMBÉM SE INDIGNAM.MAS O SENEGALÊS SÓ MORREU DE ATAQUE CARDÍACO...
Muere un mantero de una parada cardiaca en Lavapiés
Un mantero de 35 años y origen subsahariano ha fallecido esta tarde de una parada cardiorrespiratoria en el corazón del madrileño barrio de Lavapiés en circunstancias que todavía se investigan debido a las diferentes versiones sobre los hechos transmitidas.
Leer mas: http://www.europapress.es/madrid/noticia-muere-mantero-parada-cardiaca-lavapies-20180315192917.html
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Un bulo difundido por concejales de Ahora Madrid y cargos de Podemos incitó los disturbios de Lavapiés
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Un grupo de inmigrantes pasea rompiendo vehículos en el barrio de Lavapiés, Madrid
ELMUNDO.ES La Policía Nacional ha confirmado que al menos 20 coches han sufrido a lo largo de la madrugada del viernes roturas en las lunas y en los espejos retrovisores.
O MAMADOU BA TEM QUE REGRESSAR A ESPANHA COM SU MULHERZITA ESPANHOLA...QUE AQUILO ANDA A DESCAMBAR...
E OS ESPANHÓIS ESTÃO LIXADOS COM O BOM DO GUTERRES...
Un mantero de 35 años y origen subsahariano ha fallecido esta tarde de una parada cardiorrespiratoria en el corazón del madrileño barrio de Lavapiés en circunstancias que todavía se investigan debido a las diferentes versiones sobre los hechos transmitidas.
Leer mas: http://www.europapress.es/madrid/noticia-muere-mantero-parada-cardiaca-lavapies-20180315192917.html
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Un bulo difundido por concejales de Ahora Madrid y cargos de Podemos incitó los disturbios de Lavapiés
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Un grupo de inmigrantes pasea rompiendo vehículos en el barrio de Lavapiés, Madrid
ELMUNDO.ES La Policía Nacional ha confirmado que al menos 20 coches han sufrido a lo largo de la madrugada del viernes roturas en las lunas y en los espejos retrovisores.
O MAMADOU BA TEM QUE REGRESSAR A ESPANHA COM SU MULHERZITA ESPANHOLA...QUE AQUILO ANDA A DESCAMBAR...
E OS ESPANHÓIS ESTÃO LIXADOS COM O BOM DO GUTERRES...
ESTA SE VIVESSE EM PORTUGAL ANDAVA PELA COVA DA MOURA...
Vereadora brasileira brutalmente assassinada
Era feminista, negra e denunciava regularmente os abusos de poder da Polícia Militar (PM). Marielle Franco foi executada com, pelo menos, quatro tiros na cabeça esta quarta-feira. O Brasil revolta-se.
~~~~~~~~~~~~
“Filha da Maré”, assim se definia Marielle. Filha da favela Maré, uma das maiores e mais problemáticas da zona norte do Rio
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Marielle: mulher, preta, lésbica, humanista, popular. Inconveniente.
O BRASIL É GRANDE E A MALTA REVOLTA-SE MAIS COM OS GUERRILHEIROS TRAFICANTES DE DROGA QUE TUDO LEVAM À FRENTE.SE ELES NÃO TÊM RESPEITO PELA VIDA DOS OUTROS NEM SE PODEM ADMIRAR POR RECIPROCIDADES...
PS
O BRASIL ESTEVE QUASE QUASE A SER COMIDO PELA TÉCNICA DO SALAME.OS ANTIGOS GUERRILHEIROS NÃO VENCERAM.CASO ÚNICO DA AMÉRICA LATINA...PARABÉNS AO BRASIL!
PS1
O SOROS DEVE TER CHORADO...
Era feminista, negra e denunciava regularmente os abusos de poder da Polícia Militar (PM). Marielle Franco foi executada com, pelo menos, quatro tiros na cabeça esta quarta-feira. O Brasil revolta-se.
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“Filha da Maré”, assim se definia Marielle. Filha da favela Maré, uma das maiores e mais problemáticas da zona norte do Rio
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Marielle: mulher, preta, lésbica, humanista, popular. Inconveniente.
O BRASIL É GRANDE E A MALTA REVOLTA-SE MAIS COM OS GUERRILHEIROS TRAFICANTES DE DROGA QUE TUDO LEVAM À FRENTE.SE ELES NÃO TÊM RESPEITO PELA VIDA DOS OUTROS NEM SE PODEM ADMIRAR POR RECIPROCIDADES...
PS
O BRASIL ESTEVE QUASE QUASE A SER COMIDO PELA TÉCNICA DO SALAME.OS ANTIGOS GUERRILHEIROS NÃO VENCERAM.CASO ÚNICO DA AMÉRICA LATINA...PARABÉNS AO BRASIL!
PS1
O SOROS DEVE TER CHORADO...
ESTAMOS NA MÃO DE VENDEDORES DE BANHA DA COBRA ARMADOS EM "DOUTORES"...
CRÓNICA
O templo do saber: subsídios para uma visão menos apalermada da universidade em contexto nacional contemporâneo
Alberto Gonçalves
17/3/2018, 0:07520
O problema maior é a crença generalizada de que a universidade – a exacta universidade que aceita sumidades como o dr. Vale de Almeida – é um abrigo de inquestionável erudição. E de “prestígio”.
Tenho tantas saudades da universidade quanto da varicela, com a agravante de que, ao contrário do que sucedeu com a segunda, ainda não esqueci a primeira. Lembro-me dos professores, na maioria semi-alfabetizados. Lembro-me das aulas, repetições de cartilhas caducas e puras alucinações. Lembro-me das “referências teóricas”, quase sempre maluquitos franceses, argentinos e até portugueses. Lembro-me das ocasiões em que me perguntei o que fazia ali. E lembro-me de desistir de fazer: a partir de certa altura, decidi dedicar-me a conversas com um punhado de colegas, nas horas livres e nas restantes.
Passei os últimos três anos do curso no café vizinho, a trocar impressões, livros e cassetes. Ao longe, no interior de um barracão lindíssimo, decorriam prelecções fascinantes em redor de trabalhos com as palavras “subsídios” ou “contributos” no subtítulo. À aproximação dos exames, eu folheava anotações alheias e fotocópias de maoistas parisienses, despejava o entulho nos testes e, menos devido à inteligência própria do que à boçalidade daquilo, obtinha uma nota distinta. Um magnífico dia, o suplício acabou. O vetusto barracão emitiu um diploma em pergaminho a declarar-me licenciado. Por mim, nunca levantei o diploma e jurei, embora não fosse preciso, que a experiência académica terminaria ali.
É verdade que a minha “formação” (digamos) aconteceu em sociologia, matéria propensa ao burlesco. Nos anos seguintes, porém, aprendi (a aprendizagem é um processo) que, por incrível que pareça (e parece), há pior. Não desejo a ninguém o contacto directo com a realidade: um passeio pelos sites dos “estabelecimentos” disponíveis, com consulta dos cursos disponíveis, dos programas disponíveis e dos docentes disponíveis, é suficiente para esclarecer os incautos. Se os incautos insistirem, eles que se inscrevam em certas coisas que há por aí.
Não valeria a pena dar exemplos. Mas dou um. Nas últimas semanas, causou escândalo a notícia de que Pedro Passos Coelho iria providenciar lições num tal Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP). As patrulhas ideológicas, sob a forma dos professores que subscreveram um protesto alusivo, correram logo a chamar a atenção para a falta de credenciações do ex-primeiro-ministro. Conseguiram chamar a atenção para a falta de juízo de quem confunde educação com o evangelismo das “causas”. Na tentativa de denunciar uma hipotética fraude, recordaram a fraude real a que, com as excepções da praxe (sem trocadilho), se chama “ensino superior”.
Dos indignados, o mais “público” é talvez o deputado, ou antigo deputado, socialista Miguel Vale de Almeida. Dos estudos que publicou, destaco “Ser mas não ser, eis a questão. O problema persistente do essencialismo estratégico”; “A teoria queer e a contestação da categoria ‘género’” e “O esperma sagrado: algumas ambiguidades da homoparentalidade em contextos euro-americanos contemporâneos”. Cito um resumo do último, escarrapachado na página “Ciência-IUL – A excelência da investigação e ciência no ISCTE”: “Igualmete (sic), quanto menos provisâo (sic) legal exista, menos parece haver una cultura de como fazer e proceder em situaçoes (sic) de disputa de paternidade entre gays e lésbicas, assistindo-se ao recurso ou à normativade (sic) legal, ou à normatividade moral (e necessariamente heteronormativa (sic), androcêntrica e patrilinear) a ela associada.” Concedo uma pausa para o aplauso da forma e do conteúdo. E depois um minuto de silêncio para evocarmos o abaixo-assinado e reflectirmos na “dignidade dos profissionais da ciência e do ensino”.
O problema não é o dr. Vale de Almeida achar que Pedro Passos Coelho não serve para leccionar na universidade. O problema é o dr. Vale de Almeida achar que o dr. Vale de Almeida serve. Outro problema é a universidade concordar. E o problema maior é a crença generalizada de que a universidade – a exacta universidade que aceita sumidades como o dr. Vale de Almeida – é um abrigo de inquestionável erudição. E de “prestígio”. Pela parte que me toca, só não escondo que frequentei semelhante antro na medida em que seria ridículo, e provavelmente escusado. Mesmo assim, inúmeros compatriotas ostentam as habilitações com orgulho. E uma razoável quantidade finge habilitações com empenho.
Já é rotina. De vez em quando, destapa-se um político que, a bem do gabarito, falsificou o currículo. Esta semana, o destapado foi um Feliciano Barreiras Duarte, pelos vistos o novíssimo secretário-geral do PSD. Evito os detalhes, entretanto divulgados com abundância, e noto apenas que, em lugar de inventar uma licenciatura, o prof. dr. Feliciano optou por inventar um emprego numa universidade californiana, a de Berkeley. Ah, Berkeley… Também andei por lá – durante dez minutos, perdido após escolher a saída errada para o aeroporto de São Francisco. Ao que consta, o prof. dr. arq. Feliciano nem isso: as suas conexões à instituição especializada em censurar oradores pró-Trump são meramente platónicas, o bastante para definir um carácter e, em Portugal, uma carreira.
Repleta de maluquices (“…tem 21 livros publicados, prefaciou vários trabalhos de investigação, foi conferencista e moderador em 164 conferencias, seminários e afins, publicou cerca de 750 artigos e cronicas em jornais e revistas, e tem variadas intervenções no plano profissional, extraprofissional, publica, política e de outras tipologias”), dadaísmo (“…a elaboração deste relatório, com os fins e objectivos anteriormente referidos, pretende-se que seja consabido, o relacionamento entre a primeira e a segunda parte do mesmo, com a evidência principal, que de entre a multiplicidade do currículo do seu autor, poderá sobressair e outrossim destacar, o fio condutor de que…”) e desafios à língua (ver acima), a “Conclusão” da tese de mestrado do prof. dr. arq. juiz Feliciano, avaliada com 18 valores pela ex-ministra dos incêndios, é um regalo.
A moral da história é que, com frequência, um percurso académico simulado não produz resultados muito diferentes dos percursos académicos autênticos. Sobretudo no vago universo das “humanidades”, onde a distância da trafulhice à pertinência é subtil, não há escassez de vultos incapazes de amanhar uma redacção da “primária”. Curiosamente, essas limitações não suscitam engulhos até ao momento em que o vulto saltita para a política, por acaso das raras áreas do saber que não carece de saber nenhum. Quem a sabe toda é o bastonário da Ordem dos Médicos, que há tempos, por vergonha, pediu alternativas ao tratamento por “dr.”. O homem tem a mania e tem razão.
O templo do saber: subsídios para uma visão menos apalermada da universidade em contexto nacional contemporâneo
Alberto Gonçalves
17/3/2018, 0:07520
O problema maior é a crença generalizada de que a universidade – a exacta universidade que aceita sumidades como o dr. Vale de Almeida – é um abrigo de inquestionável erudição. E de “prestígio”.
Tenho tantas saudades da universidade quanto da varicela, com a agravante de que, ao contrário do que sucedeu com a segunda, ainda não esqueci a primeira. Lembro-me dos professores, na maioria semi-alfabetizados. Lembro-me das aulas, repetições de cartilhas caducas e puras alucinações. Lembro-me das “referências teóricas”, quase sempre maluquitos franceses, argentinos e até portugueses. Lembro-me das ocasiões em que me perguntei o que fazia ali. E lembro-me de desistir de fazer: a partir de certa altura, decidi dedicar-me a conversas com um punhado de colegas, nas horas livres e nas restantes.
Passei os últimos três anos do curso no café vizinho, a trocar impressões, livros e cassetes. Ao longe, no interior de um barracão lindíssimo, decorriam prelecções fascinantes em redor de trabalhos com as palavras “subsídios” ou “contributos” no subtítulo. À aproximação dos exames, eu folheava anotações alheias e fotocópias de maoistas parisienses, despejava o entulho nos testes e, menos devido à inteligência própria do que à boçalidade daquilo, obtinha uma nota distinta. Um magnífico dia, o suplício acabou. O vetusto barracão emitiu um diploma em pergaminho a declarar-me licenciado. Por mim, nunca levantei o diploma e jurei, embora não fosse preciso, que a experiência académica terminaria ali.
É verdade que a minha “formação” (digamos) aconteceu em sociologia, matéria propensa ao burlesco. Nos anos seguintes, porém, aprendi (a aprendizagem é um processo) que, por incrível que pareça (e parece), há pior. Não desejo a ninguém o contacto directo com a realidade: um passeio pelos sites dos “estabelecimentos” disponíveis, com consulta dos cursos disponíveis, dos programas disponíveis e dos docentes disponíveis, é suficiente para esclarecer os incautos. Se os incautos insistirem, eles que se inscrevam em certas coisas que há por aí.
Não valeria a pena dar exemplos. Mas dou um. Nas últimas semanas, causou escândalo a notícia de que Pedro Passos Coelho iria providenciar lições num tal Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP). As patrulhas ideológicas, sob a forma dos professores que subscreveram um protesto alusivo, correram logo a chamar a atenção para a falta de credenciações do ex-primeiro-ministro. Conseguiram chamar a atenção para a falta de juízo de quem confunde educação com o evangelismo das “causas”. Na tentativa de denunciar uma hipotética fraude, recordaram a fraude real a que, com as excepções da praxe (sem trocadilho), se chama “ensino superior”.
Dos indignados, o mais “público” é talvez o deputado, ou antigo deputado, socialista Miguel Vale de Almeida. Dos estudos que publicou, destaco “Ser mas não ser, eis a questão. O problema persistente do essencialismo estratégico”; “A teoria queer e a contestação da categoria ‘género’” e “O esperma sagrado: algumas ambiguidades da homoparentalidade em contextos euro-americanos contemporâneos”. Cito um resumo do último, escarrapachado na página “Ciência-IUL – A excelência da investigação e ciência no ISCTE”: “Igualmete (sic), quanto menos provisâo (sic) legal exista, menos parece haver una cultura de como fazer e proceder em situaçoes (sic) de disputa de paternidade entre gays e lésbicas, assistindo-se ao recurso ou à normativade (sic) legal, ou à normatividade moral (e necessariamente heteronormativa (sic), androcêntrica e patrilinear) a ela associada.” Concedo uma pausa para o aplauso da forma e do conteúdo. E depois um minuto de silêncio para evocarmos o abaixo-assinado e reflectirmos na “dignidade dos profissionais da ciência e do ensino”.
O problema não é o dr. Vale de Almeida achar que Pedro Passos Coelho não serve para leccionar na universidade. O problema é o dr. Vale de Almeida achar que o dr. Vale de Almeida serve. Outro problema é a universidade concordar. E o problema maior é a crença generalizada de que a universidade – a exacta universidade que aceita sumidades como o dr. Vale de Almeida – é um abrigo de inquestionável erudição. E de “prestígio”. Pela parte que me toca, só não escondo que frequentei semelhante antro na medida em que seria ridículo, e provavelmente escusado. Mesmo assim, inúmeros compatriotas ostentam as habilitações com orgulho. E uma razoável quantidade finge habilitações com empenho.
Já é rotina. De vez em quando, destapa-se um político que, a bem do gabarito, falsificou o currículo. Esta semana, o destapado foi um Feliciano Barreiras Duarte, pelos vistos o novíssimo secretário-geral do PSD. Evito os detalhes, entretanto divulgados com abundância, e noto apenas que, em lugar de inventar uma licenciatura, o prof. dr. Feliciano optou por inventar um emprego numa universidade californiana, a de Berkeley. Ah, Berkeley… Também andei por lá – durante dez minutos, perdido após escolher a saída errada para o aeroporto de São Francisco. Ao que consta, o prof. dr. arq. Feliciano nem isso: as suas conexões à instituição especializada em censurar oradores pró-Trump são meramente platónicas, o bastante para definir um carácter e, em Portugal, uma carreira.
Repleta de maluquices (“…tem 21 livros publicados, prefaciou vários trabalhos de investigação, foi conferencista e moderador em 164 conferencias, seminários e afins, publicou cerca de 750 artigos e cronicas em jornais e revistas, e tem variadas intervenções no plano profissional, extraprofissional, publica, política e de outras tipologias”), dadaísmo (“…a elaboração deste relatório, com os fins e objectivos anteriormente referidos, pretende-se que seja consabido, o relacionamento entre a primeira e a segunda parte do mesmo, com a evidência principal, que de entre a multiplicidade do currículo do seu autor, poderá sobressair e outrossim destacar, o fio condutor de que…”) e desafios à língua (ver acima), a “Conclusão” da tese de mestrado do prof. dr. arq. juiz Feliciano, avaliada com 18 valores pela ex-ministra dos incêndios, é um regalo.
A moral da história é que, com frequência, um percurso académico simulado não produz resultados muito diferentes dos percursos académicos autênticos. Sobretudo no vago universo das “humanidades”, onde a distância da trafulhice à pertinência é subtil, não há escassez de vultos incapazes de amanhar uma redacção da “primária”. Curiosamente, essas limitações não suscitam engulhos até ao momento em que o vulto saltita para a política, por acaso das raras áreas do saber que não carece de saber nenhum. Quem a sabe toda é o bastonário da Ordem dos Médicos, que há tempos, por vergonha, pediu alternativas ao tratamento por “dr.”. O homem tem a mania e tem razão.
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