Estátuas de Sena
Em artigo recente, o escritor Arnaldo Saraiva, amigo de Jorge de Sena (aliás, um dos seus mais perspicazes conhecedores), rebate acusações que sobre ele voltou a lançar a viúva do autor de "Sinais de Fogo".
Não foi, no entanto, uma questão literária que suscitou a sanha de Mécia - e de vários vultos da cultura, seus próximos; foi uma mera questão comportamental (privada) do poeta, emergida por inexplicável preconceito.
Esquecendo que as mulheres, as esposas, nem sempre sabem tudo sobre os maridos, Mécia indignou-se por Arnaldo Saraiva ter referido pulsões íntimas de Sena como causa da sua expulsão, quando adolescente, da Escola Naval. Ou seja, ela passou a considerar isso, à semelhança da Marinha (apesar de admitido pelo próprio) um terrível anátema - no que foi apoiada, em texto de desagravo, por alguns nomes cimeiros das nossas letras.
Sarcástica, Natália Correia logo se levantaria invectivando: "Como são progressistas esses intelectuais ao considerarem a homossexualidade uma monstruosidade!"
O curioso é que Jorge de Sena sempre defendeu "toda a manifestação de sexualidade", "desde que livremente consentida"; mais, sempre defendeu - vejam- -se os seus artigos no "Diário Popular" de 75 - "as relações independentemente do sexo, da idade, do número, do parentesco dos seus praticantes", reivindicando uma "prostituição assistencial" e uma "distribuição gratuita de pornografia aos pobres, aos velhos, aos feios, aos deficientes". Desses textos não interessa, porém, a republicação.
Com elites como as evidenciadas, estamos servidos de Putins indígenas e de fascismos em ovos liberalóides.
CLARO QUE ALGUNS RESISTIRAM BEM DISFARÇADOS.E CHEGARAM LONGE E ALTO...