29 Janeiro 2009 - 00h30
Amadora: Graduado de serviço e sentinela na esquadra escapam aos tiros
Atira para abater PSP
Assim que viu o caminho tapado por viaturas e agentes da PSP, o condutor não hesitou e atirou a matar. Sozinho, acabara de ir de propósito disparar contra a esquadra do Casal de São Brás, Amadora – e, ao ser encurralado na fuga por um grupo de polícias, baixou o vidro do pendura do Opel Corsa e disparou para abater logo um de três ou quatro agentes fardados que o tentavam parar. A bala rasou a cabeça de um polícia – não acertou por milagre.
Ainda não eram 22h30 de segunda-feira quando ocorreu o ataque à esquadra, pouco mais de uma semana depois de centenas de pessoas ali se terem manifestado, pedindo justiça pela morte de Elson Sanches (‘Kuku’), o jovem de 14 anos abatido à queima-roupa por um agente da PSP. Ao que o CM apurou, o caso dos disparos contra a esquadra e agentes da PSP está entregue à Polícia Judiciária – que investiga a hipótese de se tratar de uma retaliação pela morte de ‘Kuku’.
Na esquadra estavam o graduado de serviço e um agente de sentinela à porta. Lá fora estavam outros dois polícias. Os três ou quatro tiros de uma pistola não provocaram danos significativos na esquadra. De imediato foram pedidos reforços – e a carrinha do piquete de serviço à Divisão da Amadora acorreu ao local.
Localizaram o suspeito, homem com cerca de 30 anos, que carregou no acelerador do Opel Corsa comercial e fugiu. Os agentes dispuseram-se ao longo do percurso de fuga e, ao escaparem por pouco a uma tentativa de homicídio, responderam também com vários disparos ao agressor. Mas o suspeito acabou por fugir. Está a monte.
PORTA E JANELAS SÃO BLINDADAS
A esquadra da PSP do Casal de São Brás, Amadora, foi inaugurada pelo então secretário de Estado da Administração Interna, Rui Pereira, em 2001. Trata-se de um departamento da PSP que está instalado no bairro social do Casal da Boba, que serve de realojamento aos ex--moradores dos bairros de barracas das Fontainhas, Estrela de Áfricae 6 de Maio. Esta esquadra, que faz parte da Divisão da Amadora, é a única do País que está blindada contra ataques externos. Todas as janelas, bem como a porta deste departamento da PSP, estão cobertas com uma malha metálica fina, com o intuito de a proteger contra apedrejamentos. No ano passado, o efectivo da esquadra conseguiu travar uma tentativa de invasão das instalações, não vindo a efectuar quaisquer detenções.
PJ INVESTIGA LIGAÇÃO A 'KUKU'
A Polícia Judiciária foi chamada ao Casal de São Brás na segunda--feira à noite. Uma brigada da secção de homicídios da directoria de Lisboa recolheu os invólucros das várias munições disparadas contra a esquadra da PSP e contra um grupo de agentes. O CM apurou que a PJ investiga uma possível relação entre este atentado e a revolta popular nos bairros problemáticos do concelho da Amadora, que se seguiu à morte de Elson Sanches. Recorde-se que, tal como o CM avançou, o agente da PSP Diogo G. é suspeito de ter morto ‘Kuku’ à queima-roupa, com um tiro feito a menos de 15 centímetros da cabeça do jovem.
PORMENORES
ABATIDO À QUEIMA-ROUPA
‘Kuku’, o rapaz de 14 anos morto a tiro por um agente da PSP à entrada da Quinta da Lage, Amadora, era suspeito de furto de um automóvel. Tentava fugir a pé, com os amigos, quando o agente Diogo o apanhou.
TENTOU ATROPELAR
Os disparos contra a esquadra, e na direcção dos agentes, não foram os únicos ataques à PSP segunda-feira à noite. O condutor do Opel Corsa tentou ainda atropelar polícias, que escaparam.
ESQUADRA APEDREJADA
A esquadra da PSP do Casal de São Brás é alvo de frequentes ataques. Situadas no bairro social do Casal da Boba, as instalações são apedrejadas com frequência por gangs.
Thursday, January 29, 2009
Wednesday, January 28, 2009
UM EXEMPLO PARA OS INDÍGENAS
Sri Lanka soporta desde los años 80 una sangrienta guerra civil entre el Gobierno central, apoyado por tres cuartas partes de la población —de etnia cingalesa— y la minoría tamil, que constituye un 15% de los 20 millones de habitantes de la isla. En el siglo XIX, los colonos ingleses trajeron mano de obra tamil desde la india para trabajar en las plantaciones de té y desde entonces las fricciones entre ambas etnias no han parado de crecer.
A ESQUERDA TEM QUE EXPLICAR PORQUE É QUE NÃO PODIA HAVER BRANCOS EM ÁFRICA E PODEMOS E DEVEMOS TER AFRICANOS EM PORTUGAL
SEGUNDO OS MESMOS O DESENVOLVIMENTO DE PORTUGAL ERA TOLHIDO PELAS COLÓNIAS.AGORA COM AS COLÓNIAS CÁ DENTRO E AINDA POR CIMA POR NOSSA CONTA É O QUE SE VÊ...
QUAL O "PORTUGUESISMO" DOS AFRICANOS QUE CÁ TEMOS?BASTA VER O COMPORTAMENTO DO ANTÓNIO COSTA QUE "DEU" AS LEIS DA IMIGRAÇÃO E NACIONALIDADE VIGENTES PARA SE ENTENDER BEM ISSO...
PORTUGAL PAÍS EUROPEU PODE RECEBER IMIGRANTES MAS COM INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA.POBRES JÁ CÁ TEMOS MUITOS.PORQUE QUEM FICOU COM UMA COISA TEM QUE FICAR COM A OUTRA, ISTO É INDEPENDÊNCIA É INDEPENDÊNCIA.O CADA UM POR SI...
A ESQUERDA TEM QUE EXPLICAR PORQUE É QUE NÃO PODIA HAVER BRANCOS EM ÁFRICA E PODEMOS E DEVEMOS TER AFRICANOS EM PORTUGAL
SEGUNDO OS MESMOS O DESENVOLVIMENTO DE PORTUGAL ERA TOLHIDO PELAS COLÓNIAS.AGORA COM AS COLÓNIAS CÁ DENTRO E AINDA POR CIMA POR NOSSA CONTA É O QUE SE VÊ...
QUAL O "PORTUGUESISMO" DOS AFRICANOS QUE CÁ TEMOS?BASTA VER O COMPORTAMENTO DO ANTÓNIO COSTA QUE "DEU" AS LEIS DA IMIGRAÇÃO E NACIONALIDADE VIGENTES PARA SE ENTENDER BEM ISSO...
PORTUGAL PAÍS EUROPEU PODE RECEBER IMIGRANTES MAS COM INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA.POBRES JÁ CÁ TEMOS MUITOS.PORQUE QUEM FICOU COM UMA COISA TEM QUE FICAR COM A OUTRA, ISTO É INDEPENDÊNCIA É INDEPENDÊNCIA.O CADA UM POR SI...
Tuesday, January 27, 2009
É COMO CÁ...
The Independent revela que los laboristas han perdido 10 puntos frente a los conservadores en el último mes. El partido de David Cameron lidera ahora los sondeos con el 43% de los votos, muy por delante del 28% que obtendría el laborismo del primer ministro Brown
ISTO DE DIVIDIREM O BOLO E DE SEREM SÓCIOS NOS NEGÓCIOS ESCUROS TEM AS SUAS DESVANTAGENS...E DEIXA AS ELITES VOTANTES CONFUSAS E SAUDOSAS DE OUTROS TEMPOS ONDE HAVIA MUITO MAIS HONESTIDADE, DEFESA DO INTERESSE NACIONAL, DA NAÇÃO, PATRIOTISMO E EM QUE EMBORA POBRE PORTUGAL ERA TEMIDO E RESPEITADO.VEJAM AGORA...
ISTO DE DIVIDIREM O BOLO E DE SEREM SÓCIOS NOS NEGÓCIOS ESCUROS TEM AS SUAS DESVANTAGENS...E DEIXA AS ELITES VOTANTES CONFUSAS E SAUDOSAS DE OUTROS TEMPOS ONDE HAVIA MUITO MAIS HONESTIDADE, DEFESA DO INTERESSE NACIONAL, DA NAÇÃO, PATRIOTISMO E EM QUE EMBORA POBRE PORTUGAL ERA TEMIDO E RESPEITADO.VEJAM AGORA...
O ZIMBABWE DAS AMÉRICAS EM GESTAÇÃO
Bolívia: Chegou a vez dos povos indígenas
A maioria dos bolivianos disse "sim" no referendo para aprovar a nova Constituição. Evo Morales garante que a vitória marca "o fim do Estado colonial" mas a oposição entende que o país ficará dividido em duas classes distintas de cidadãos.
POR TODO O LADO A INDIGENAÇÃO AVANÇA MAS POR CÁ E NA EUROPA A MULATINIZAÇÃO E A INVASÃO DE INSUSPEITADOS CIDADÃOS DO MUNDO É UMA "OBRIGAÇÃO".ISTO VAI DAR MAU RESULTADO.
CÁ FOI O BRILHANTE SÓCRATES E O SEU VICE A COMETER O MAIOR CRIME DESDE 1143... CONTRA A NAÇÃO PORTUGUESA.DE QUE JÁ SE VÊM OS RESULTADOS POR TODO O LADO.UMA VERDADEIRA RIQUEZA.
A maioria dos bolivianos disse "sim" no referendo para aprovar a nova Constituição. Evo Morales garante que a vitória marca "o fim do Estado colonial" mas a oposição entende que o país ficará dividido em duas classes distintas de cidadãos.
POR TODO O LADO A INDIGENAÇÃO AVANÇA MAS POR CÁ E NA EUROPA A MULATINIZAÇÃO E A INVASÃO DE INSUSPEITADOS CIDADÃOS DO MUNDO É UMA "OBRIGAÇÃO".ISTO VAI DAR MAU RESULTADO.
CÁ FOI O BRILHANTE SÓCRATES E O SEU VICE A COMETER O MAIOR CRIME DESDE 1143... CONTRA A NAÇÃO PORTUGUESA.DE QUE JÁ SE VÊM OS RESULTADOS POR TODO O LADO.UMA VERDADEIRA RIQUEZA.
Monday, January 26, 2009
É SÓ ENRIQUECIMENTO.OBRIGADO HUMANISTAS
27 Janeiro 2009 - 00h30
Duas viaturas destruídas nas Paivas, Seixal
Vândalos incendeiam carros
"A única coisa que vimos foram três miúdos a correr rua abaixo e o fogo a crescer a cada minuto." O relato é de um morador da rua Almeida Garrett, nas Paivas, Seixal, que ontem, pelas 02h00, foi acordado pelo barulho de dois carros a arder.
Duas viaturas destruídas nas Paivas, Seixal
Vândalos incendeiam carros
"A única coisa que vimos foram três miúdos a correr rua abaixo e o fogo a crescer a cada minuto." O relato é de um morador da rua Almeida Garrett, nas Paivas, Seixal, que ontem, pelas 02h00, foi acordado pelo barulho de dois carros a arder.
Lembro agora que a subida ao poder de um deliquente como Pol Pot foi aclamada pela UDP, pelo PC, MES e muitos devotos do actual BE como uma conquista
COPIADO DO COMBUSTÕES:
24 Janeiro 2009
Os portugueses exterminados por Pol Pot / คนโปรตุเกสในประเทศกัมภูชา
Um antropólogo francês, muito versado nas coisas do Camboja, informou-me como quem debita uma estatística, já não haver portugueses no Camboja. Nas suas andanças pelo país indagou, falou com os mais idosos das vilas das cercanias da capital, foi a Sianoukville (outrora Kampong Som) - único grande porto de mar do Camboja, onde outrora vivera numerosa comunidade católica - entrevistou sacerdotes católicos e nada; não há vestígios da comunidade portuguesa cambojana, tragada pelo vórtice genocida do regime comunista de Pol Pot.
Quando o aventureiro e explorador alemão Adolf Bastian esteve no Camboja na década de 1860, a comunidade católica era constituída quase integralmente por "portugueses". "Muitos dos cristãos são de ascendência portuguesa. O actual rei do Camboja [Norodom I] atribui parte da sua educação ao bispo católico [Monsenhor Michè]. (...) Os cristãos constituem a guarda de honra do Rei, que gosta de os observar enquanto fazem exercícios de fogo com artilharia pesada"(1).
Bastian seguira as pisadas de Henry Mouhot, um anglo-francês que anos antes se internara no Camboja vindo do Sião e morrera com as febres endémicas que dominavam a inóspita geografia do país. O Camboja era então um vassalo de Banguecoque, mas mantinha adereços de autonomia. O Rei mantinha corte, administração e exército. No exército e administração pontificavam os "portugueses": "muito imitativos (...) sentem orgulho em vestir-se com trajos europeus, alguns fatos segundo a moda do século XVII, especialmente entre os descendentes dos portugueses, que são numerosos" (2).
Artilheiros, intérpretes, guardas reais e remadores das barcas do Rei, proximidade atestando a grande confiança que neles depositavam - no Sudeste-Asiático, os reis eram figuras semi-divinas que nem de soslaio podiam ser olhadas - a comunidade "portuguesa" prosperou durante séculos, deixando marcas profundas na vida da corte. A comunidade católica portuguesa não era, contudo, uma relíquia blindada na recordação de grandes dias, nem sobrevivera graças a matrimónios endogâmicos. Ainda no século XIX, portugueses continuavam a chegar à capital. O mais famoso destes recém-chegados foi Kol de Monteiro (1839-1908). Prosperou, ganhou os favores do Rei e foi conselheiro real. O seu filho, Pitou de Monteiro, foi conselheiro dos ministros da Justiça e da Educação e um neto seu, Kenthao de Monteiro, educado em França, foi vice-presidente da Assembleia Nacional, Ministro da Educação e diplomata de reconhecido mérito, tendo ocupado funções de embaixador do Camboja na Jugoslávia, Taiwan e Egipto e recebido as mais altas condecorações por serviços prestados, a mais relevante das quais a de Cavaleiro da Legião de Honra, atribuída por De Gaulle durante a visita oficial do presidente francês ao Camboja. Morreu nos EUA, em 2006.
Kenthao de Monteiro
Hoje, tal como na Tailândia, a doçaria mais requintada é ainda a portuguesa. Os Samanah Meas, servidos no fim de repastos, não mais são que os nossos fios de ovos, figuram nos tratados gastronómicos da cultura cortesã khmer e são tidos como "doce nacional". Nos anos de 1950, a princesa Rasami Suthanot, tia do Rei Sianouk, compendiou velhas receitas cambojanas e considerou os "fios de ovos" a quinta-essência do bom gosto gastronómico. Outra marca da influência dos "portugueses" é língua. A moeda nacional do Camboja, o Riel, não é outra senão o nosso velho e desaparecido Real.
Em finais da década de 1950, o Camboja conseguira libertar-se da tutela francesa e ensaiava os primeiros passos na turbulenta política regional, já marcada pela investida comunista no Vietname. Nesses anos, privados do corpo administrativo colonial francês, as autoridades de Phenom Phen tiveram de recorrer às minorias étnicas mais operativas: os chineses, admirados e invejdos pelos seus talentos e riqueza; os sino-cambojanos, produto da miscegenação khmer-chinesa; os vietnamitas, muito odiados pela população e os euro-asiáticos. "Os euroasiáticos eram descendentes dos portugueses chegados ao Camboja no século XVII (...). Perderam desde então todos os traços fisiognómicos europeus, mas retêm os apelidos (...) portugueses: Men de Dias, Col de Monteiro, Norodom Fernandes. Possuem ainda influência na administração cambojana" (3). O rei Norodom Sihanouk, pai do actual monarca, teve como mimistros alguns portugueses, entre eles destacando-se membros da família De Monteiro, cujos sobreviventes se fixaram na Austrália após a tomada do poder pelos Khmeres Vermelhos.
Em 1975 - que foi ano de desgraça para todas as lusotopias, de Angola à Guiné, de Moçambique a Timor e também no Camboja - Phenom Pehn caíu nas mãos de Pol Pot e do Angka, designação pública para o invisível e misterioso Partido Comunista do Camboja. Depois, foram quatro anos de massacres e limpeza étnica de todos os "elementos impuros" da sociedade. Dois milhões de mortos - uma em cada quatro pessoas - e a imposição da Utopia agrária: evacuação das cidades, proibição do dinheiro, abolição da escola e da medicina ocidentais, bem como dos "bacilos" do colonialismo. A Igreja católica e o Islão - os Cham malaios, cuja população era maioritariamente urbana, logo mais exposta aos verdugos comunistas - foram objecto de particular animosidade, deles restando hoje poucos vestígios. Os templos foram dinamitados, os arquivos queimados, os sacerdotes sumariamente executados e os crentes distribuídos pelos campos de morte. Dos sessenta e cinco mil católicos que viviam no Camboja em 1975, menos de mil sobreviveram à fúria assassina dos comunistas. Quando o antropólogo francês me referiu o fim destes nossos irmãos - os Dias, os Silvas, os Pereiras e Fernandes de Phenom Phen - fui acometido de uma sensação de perda. Eles eram também, à sua maneira, nossos compatriotas, dizimados, afogados ou mortos à fome por serem diferentes, por serem cristãos, ou seja, por serem portugueses. Lembro agora que a subida ao poder de um deliquente como Pol Pot foi aclamada pela UDP, pelo PC, MES e muitos devotos do actual BE como uma conquista histórica na luta pelo progresso, pelo socialismo e pela igualdade.
Inimigos do povo e do socialismo: executados
Alimento a derradeira esperança que alguns destes outrora milhares tenham sobrevivido. Talvez a Igreja portuguesa, o MNE e alguma fundação se pudessem associar e enviar uma missão de estudo ao Camboja, pedir a colaboração do governo desse país e proporcionar a esses nossos irmãos a ajuda necessária à restauração da dignidade social e cultural perdidas. Seria uma grande obra de restauração da presença indirecta de Portugal num país que renasce de uma das maiores tragédias do século XX. Lembrando Frei Gaspar da Cruz e Diogo do Couto, que à Europa deram em primeira mão notícia das grandezas da civilização khmer, aqui fica o recado para quem o quiser receber.
Sítio Internet da Igreja Católica do Camboja.
(1) BASTIAN, Adolf. A journey in Cambodia and Cochin-China (1864): Adolf Bastian's travels in South East Asia. Bangkok: White Lotus Press, 2005, vol. 3
(2) MOUHOT, Henry. Voyage dans les royaumes de Siam, de Cambodge, de Laos et autres parties centrales de l'Indochine. Londres: sn, 1863
(3) STEINBERG, David J. Camboja, its people, its society, its culture. New Haven: Hraf Press, 1959
Oh Phnom Penh
Publicada por Combustões em 24.1.09 1 comentários
Etiquetas: PORTUGUESES NO CAMBOJA
24 Janeiro 2009
Os portugueses exterminados por Pol Pot / คนโปรตุเกสในประเทศกัมภูชา
Um antropólogo francês, muito versado nas coisas do Camboja, informou-me como quem debita uma estatística, já não haver portugueses no Camboja. Nas suas andanças pelo país indagou, falou com os mais idosos das vilas das cercanias da capital, foi a Sianoukville (outrora Kampong Som) - único grande porto de mar do Camboja, onde outrora vivera numerosa comunidade católica - entrevistou sacerdotes católicos e nada; não há vestígios da comunidade portuguesa cambojana, tragada pelo vórtice genocida do regime comunista de Pol Pot.
Quando o aventureiro e explorador alemão Adolf Bastian esteve no Camboja na década de 1860, a comunidade católica era constituída quase integralmente por "portugueses". "Muitos dos cristãos são de ascendência portuguesa. O actual rei do Camboja [Norodom I] atribui parte da sua educação ao bispo católico [Monsenhor Michè]. (...) Os cristãos constituem a guarda de honra do Rei, que gosta de os observar enquanto fazem exercícios de fogo com artilharia pesada"(1).
Bastian seguira as pisadas de Henry Mouhot, um anglo-francês que anos antes se internara no Camboja vindo do Sião e morrera com as febres endémicas que dominavam a inóspita geografia do país. O Camboja era então um vassalo de Banguecoque, mas mantinha adereços de autonomia. O Rei mantinha corte, administração e exército. No exército e administração pontificavam os "portugueses": "muito imitativos (...) sentem orgulho em vestir-se com trajos europeus, alguns fatos segundo a moda do século XVII, especialmente entre os descendentes dos portugueses, que são numerosos" (2).
Artilheiros, intérpretes, guardas reais e remadores das barcas do Rei, proximidade atestando a grande confiança que neles depositavam - no Sudeste-Asiático, os reis eram figuras semi-divinas que nem de soslaio podiam ser olhadas - a comunidade "portuguesa" prosperou durante séculos, deixando marcas profundas na vida da corte. A comunidade católica portuguesa não era, contudo, uma relíquia blindada na recordação de grandes dias, nem sobrevivera graças a matrimónios endogâmicos. Ainda no século XIX, portugueses continuavam a chegar à capital. O mais famoso destes recém-chegados foi Kol de Monteiro (1839-1908). Prosperou, ganhou os favores do Rei e foi conselheiro real. O seu filho, Pitou de Monteiro, foi conselheiro dos ministros da Justiça e da Educação e um neto seu, Kenthao de Monteiro, educado em França, foi vice-presidente da Assembleia Nacional, Ministro da Educação e diplomata de reconhecido mérito, tendo ocupado funções de embaixador do Camboja na Jugoslávia, Taiwan e Egipto e recebido as mais altas condecorações por serviços prestados, a mais relevante das quais a de Cavaleiro da Legião de Honra, atribuída por De Gaulle durante a visita oficial do presidente francês ao Camboja. Morreu nos EUA, em 2006.
Kenthao de Monteiro
Hoje, tal como na Tailândia, a doçaria mais requintada é ainda a portuguesa. Os Samanah Meas, servidos no fim de repastos, não mais são que os nossos fios de ovos, figuram nos tratados gastronómicos da cultura cortesã khmer e são tidos como "doce nacional". Nos anos de 1950, a princesa Rasami Suthanot, tia do Rei Sianouk, compendiou velhas receitas cambojanas e considerou os "fios de ovos" a quinta-essência do bom gosto gastronómico. Outra marca da influência dos "portugueses" é língua. A moeda nacional do Camboja, o Riel, não é outra senão o nosso velho e desaparecido Real.
Em finais da década de 1950, o Camboja conseguira libertar-se da tutela francesa e ensaiava os primeiros passos na turbulenta política regional, já marcada pela investida comunista no Vietname. Nesses anos, privados do corpo administrativo colonial francês, as autoridades de Phenom Phen tiveram de recorrer às minorias étnicas mais operativas: os chineses, admirados e invejdos pelos seus talentos e riqueza; os sino-cambojanos, produto da miscegenação khmer-chinesa; os vietnamitas, muito odiados pela população e os euro-asiáticos. "Os euroasiáticos eram descendentes dos portugueses chegados ao Camboja no século XVII (...). Perderam desde então todos os traços fisiognómicos europeus, mas retêm os apelidos (...) portugueses: Men de Dias, Col de Monteiro, Norodom Fernandes. Possuem ainda influência na administração cambojana" (3). O rei Norodom Sihanouk, pai do actual monarca, teve como mimistros alguns portugueses, entre eles destacando-se membros da família De Monteiro, cujos sobreviventes se fixaram na Austrália após a tomada do poder pelos Khmeres Vermelhos.
Em 1975 - que foi ano de desgraça para todas as lusotopias, de Angola à Guiné, de Moçambique a Timor e também no Camboja - Phenom Pehn caíu nas mãos de Pol Pot e do Angka, designação pública para o invisível e misterioso Partido Comunista do Camboja. Depois, foram quatro anos de massacres e limpeza étnica de todos os "elementos impuros" da sociedade. Dois milhões de mortos - uma em cada quatro pessoas - e a imposição da Utopia agrária: evacuação das cidades, proibição do dinheiro, abolição da escola e da medicina ocidentais, bem como dos "bacilos" do colonialismo. A Igreja católica e o Islão - os Cham malaios, cuja população era maioritariamente urbana, logo mais exposta aos verdugos comunistas - foram objecto de particular animosidade, deles restando hoje poucos vestígios. Os templos foram dinamitados, os arquivos queimados, os sacerdotes sumariamente executados e os crentes distribuídos pelos campos de morte. Dos sessenta e cinco mil católicos que viviam no Camboja em 1975, menos de mil sobreviveram à fúria assassina dos comunistas. Quando o antropólogo francês me referiu o fim destes nossos irmãos - os Dias, os Silvas, os Pereiras e Fernandes de Phenom Phen - fui acometido de uma sensação de perda. Eles eram também, à sua maneira, nossos compatriotas, dizimados, afogados ou mortos à fome por serem diferentes, por serem cristãos, ou seja, por serem portugueses. Lembro agora que a subida ao poder de um deliquente como Pol Pot foi aclamada pela UDP, pelo PC, MES e muitos devotos do actual BE como uma conquista histórica na luta pelo progresso, pelo socialismo e pela igualdade.
Inimigos do povo e do socialismo: executados
Alimento a derradeira esperança que alguns destes outrora milhares tenham sobrevivido. Talvez a Igreja portuguesa, o MNE e alguma fundação se pudessem associar e enviar uma missão de estudo ao Camboja, pedir a colaboração do governo desse país e proporcionar a esses nossos irmãos a ajuda necessária à restauração da dignidade social e cultural perdidas. Seria uma grande obra de restauração da presença indirecta de Portugal num país que renasce de uma das maiores tragédias do século XX. Lembrando Frei Gaspar da Cruz e Diogo do Couto, que à Europa deram em primeira mão notícia das grandezas da civilização khmer, aqui fica o recado para quem o quiser receber.
Sítio Internet da Igreja Católica do Camboja.
(1) BASTIAN, Adolf. A journey in Cambodia and Cochin-China (1864): Adolf Bastian's travels in South East Asia. Bangkok: White Lotus Press, 2005, vol. 3
(2) MOUHOT, Henry. Voyage dans les royaumes de Siam, de Cambodge, de Laos et autres parties centrales de l'Indochine. Londres: sn, 1863
(3) STEINBERG, David J. Camboja, its people, its society, its culture. New Haven: Hraf Press, 1959
Oh Phnom Penh
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