Wednesday, July 31, 2013

OS NOSSOS COLONIZADORES AGORA RECORREM AOS MESMOS PRINCÍPIOS DESCOLONIZADORES...

O secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa quer ultrapassar "a relação economicista"entre Lisboa e os países da comunidade lusófona

Vítor Ramalho quer recuperar a memória da antiga Casa dos Estudantes do Império (CEI), um espaço criado no Estado Novo para acolher jovens universitários vindos das colónias para estudar em Portugal, mas que acabou por ter "um papel determinante, do ponto de vista político e cultural", no processo de descolonização, na década de 1970. Aproveitando os 43 anos sobre a saída clandestina do país de um grupo de 120 ex-alunos, Ramalho vai propor a reedição dos boletins publicados na CEI e "promover a criação de um centro de encontro e convívio", à imagem do espaço que existia em Lisboa, mas que seja "adaptado ao mundo de hoje e onde se possa fazer investigação".
O secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) quer assinalar a saída dos antigos alunos da CEI "no último trimestre do próximo ano", com uma visita às antigas instalações do centro e com uma cerimónia em Lisboa, para a qual pretende convidar alguns dos alunos que passaram pelo espaço e que tiveram mais tarde uma forte intervenção política e de dinamização cultural nos seus países de origem. Dos planos para essa homenagem faz ainda parte a reedição dos boletins publicados pela CEI - nomeadamente a revista "Mensagem".
Para a concretização desse encontro, Vítor Ramalho contou já com o "apadrinhamento" do vice-presidente da República de Angola, Manuel Vicente - com quem se encontrou na semana passada -, e com o apoio do comissário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Murade Murargy. Em Portugal, o responsável da UCCLA quer contar com o apoio das mais altas figuras do Estado, do governo e do poder local. Para o Presidente da República e para o presidente da Câmara de Lisboa seguiram já as primeiras cartas de Vítor Ramalho, sensibilizando os responsáveis políticos para o encontro que pretende dinamizar. Em preparação estão os contactos com o governo, e em desenvolvimento está, também, a formação de uma comissão responsável por estudar a implementação do novo centro de trabalho que venha "revitalizar a memória viva" do processo de descolonização e da relação dos seus protagonistas com o país.
"É tempo de homenagearmos esta gente" que passou por Portugal e de "criar um acontecimento diferente, em que se ultrapasse a relação economicista que existe hoje entre os povos", defende Vítor Ramalho, sublinhando a importância de se "revitalizar a memória comum" do país e das ex-colónias e que "nenhum outro país colonizador teve". Em Lisboa, no final do próximo ano, o secretário- -geral da UCCLA gostaria de poder contar com a presença de Manuel Pinto da Costa, actual presidente de São Tomé, e do escritor angolano Pepetela. Nomes que se cruzaram na capital portuguesa com Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Alda Lara ou Francisco Tenreiro.

Vítor Ramalho homenageia Casa dos Estudantes do Império






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