Sunday, April 26, 2009

O IMPÉRIO CÁ DENTRO E POR NOSSA CONTA

Pontapeado até à morte
00h00m
CARLOS VARELA
Primeiro deu-lhe com um copo de uísque na cabeça. Depois, com a vítima já no chão e inanimada, pontapeou-o na cabeça até o matar e ainda ameaçou, com uma navalha, quantos assistiram ao violento homicídio.

O crime ocorreu cerca das 23 horas de anteontem, em Setúbal, frente a um café, o Morabezza, na Avenida Bento de Jesus Caraça, em Setúbal. As razões exactas que levaram ao homicídio não são conhecidas, mas a violência poderá ter degenerado por consumo de álcool, e, também, porque o agressor, de 20 anos, cabo-verdiano, era conhecido por ser um indivíduo muito agressivo que facilmente puxava da navalha.

"Ainda na semana passada ele apontou a navalha a um brasileiro", contou, ao JN, um frequentador do café Morabeza, onde o conflito terá começado. O crime, na altura, só não teve desfecho porque o indivíduo foi agarrado. "Ele tinha a mania que era o rei da rua, que mandava em tudo".

A residir perto do café, num prédio nas traseiras da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, estivera até há pouco em Inglaterra, para onde a família o enviara para evitar mais problemas. Estava já com apresentações regulares nas autoridades, na sequência de um roubo. Não tinha qualquer ocupação.

A vítima, Sebastião Cabila, de 31 anos - fazia 32 em Maio -, angolano, solteiro, era bem diferente. Vivia num bairro de barracas nas imediações do quartel dos Sapadores e voltara a conseguir trabalho.

"Esteve desempregado, mas há quatro dias que fazia uns biscates numas obras", contou, ao JN, o primo, António Virgílio. E quem frequenta o Morabeza lembrava-se de ver por ali o Sebastião Cabila. "Bebia o seu copo, mas não fazia mal a ninguém", dizem.

Na noite de anteontem, um amigo foi buscá-lo a casa e deram umas voltas, mas, depois, Sebastião quis ficar no Morabeza. "Deixa-me aqui", disse ao amigo. Bebeu alguma coisa, mas a dado passo apareceu o cabo-verdiano. Ninguém viu qualquer motivo para uma discussão e a proprietária do café lembra-se de que o alegado agressor pediu um uísque e foi beber para o passeio em frente ao café.

Momentos depois, começou a discussão entre os dois. "Queres alguma coisa?", alguém ouviu e de imediato viram Sebastião Cabila a tentar tirar o casaco, mas nem acabou de o fazer. O casaco estava meio despido, mas a prender-lhe os movimentos dos braços e o cabo-verdiano desferiu-lhe várias pancadas na cabeça com o copo de uísque.

A vítima caiu inanimada no chão e agressor passou então aos pontapés, múltiplos de novo cabeça. Depois fugiu e soube de madrugada por um amigo que tinha assassinado o angolano.

Ontem de manhã, foi apresentar-se às autoridades, confessou o crime e ficou detido.

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